“Ensinar aos surdos-mudos tão bem como aos que ouvem e falam”: o Instituto Imperial de Surdos-Mudos em questão

Autores

  • Eloiza Bastos Universidade da Região de Joinville
  • Roberta Barros Meira Universidade da Região de Joinville https://orcid.org/0000-0001-7739-216X
  • Mariluci Neis Carelli Universidade da Região de Joinville

DOI:

https://doi.org/10.36661/2238-9717.2025n46.14958

Palavras-chave:

Instituto Imperial de Surdos-Mudos, História da educação, Libras

Resumo

Este artigo tem como objetivo abordar a História do Instituto Imperial de Surdos-Mudos, e seu funcionamento no período do Segundo Império. Pretende-se discutir a visão que se tinha a respeito dos surdos, diretamente influenciada pelos conceitos europeus que se criaram e se perpetuaram ao longo da história do Brasil. Pretende demonstrar que a circulação de ideias entre a Europa e o Brasil propiciou a criação de um espaço educacional pioneiro, que buscou adaptar modelos de ensino estrangeiros para atender a realidade brasileira. Um exemplo disso é o foco em atender ao mercado de trabalho ligado aos espaços rurais, principal base econômica do país à época. Além disso, o artigo levanta a hipótese de que o oralismo não foi uma posição unânime entre os membros do Instituto, criando uma trajetória específica para o ensino dos surdos no Brasil. O acervo documental do Instituto foi o principal objeto de investigação da pesquisa.

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Biografia do Autor

  • Eloiza Bastos, Universidade da Região de Joinville

    Licenciada em história pela Universidade da Região de Joinville. Mestranda do Programa em Patrimônio Cultural e Sociedade da Univille. Intérprete de Libras na Câmara dos vereadores de Joinville  e no Colégio Bom Jesus. 

  • Roberta Barros Meira, Universidade da Região de Joinville

    Bacharel e licenciada em Historia pela Universidade Federal Fluminense, mestrado e doutorado em História Econômica pela Universidade de São Paulo. Possui pós-doutorado pela Universidade da Região de Joinville (2016) e pela Universidad Nacional de Tucumán-Argentina (2022) Professora Adjunta do curso de História e do Programa em Patrimônio Cultural e Sociedade da Universidade da Região de Joinville - Univille. Coordena o grupo de pesquisa Estudos sobre circulação de saberes, natureza e agricultura (CANA). Coordenadora do NEAB- Univille (2021-2022). Vice-coordenadora do GT Patrimônio Cultural da ANPUH-SC (2020). Editora da Revista História e Economia e Coeditora da Revista Confluências Culturais. Integra o grupo de pesquisa Dimensões do Regime Vargas e seus desdobramentos, coordenado pelo professor Orlando de Barros (UERJ) e Thiago Mourelle (Arquivo Nacional) e o Grupo de pesquisa Cultura e Sustentabilidade (CULTS), coordenado pela professora Mariluci Neis Carelli. Integrante da Comissão Institucional do Programa de Bolsas de Iniciação Científica do CNPq (PIBIC CNPQ da Univille), da comissão de Acervo do Laboratório de História Oral (LHO), da Comissão de Estágio e do Núcleo Docente Estruturante (NDE) do Curso de História e da Comissão de bolsas do Programa de Pós-Graduação em Patrimônio Cultural e Sociedade da Univille. Bolsista de Produtividade em Pesquisa 2 CNPq. Tem experiência na área de História do Brasil e da Argentina, com estudos no campo da história ambiental, história agrária, patrimônio ambiental, paisagem cultural e literatura.

  • Mariluci Neis Carelli, Universidade da Região de Joinville

    Professora titular da Universidade da Região de Joinville UNIVILLE e docente permanente no Programa de Pós-Graduação em Patrimônio Cultural e Sociedade PPGPCS, na Linha de Pesquisa Patrimônio, Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (desde 2007). Atua na graduação como docente de Sociologia e Gestão Ambiental (desde 1989). É doutora em Engenharia da Produção (2004), mestre em Sociologia (1992) e bacharel em Serviço Social (1985), todos pela Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC/Brasil. No contexto da gestão universitária, na UNIVILLE foi coordenadora de Extensão (1990-1993) e de Pesquisa (1993-1997), Pró-Reitora de Pesquisa e Pós-Graduação (1997-2001) e Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Patrimônio Cultural e Sociedade (2017-2020). Atualmente coordena o grupo de pesquisa Cultura e Sustentabilidade, tem publicado temas sobre patrimônio ambiental, paisagem cultural, patrimônio industrial e sustentabilidade na contemporaneidade. Tem experiência acadêmica e publicações que abrangem pesquisas sobre o patrimônio ambiental e a paisagem cultural. Entre suas publicações se destacam artigos e capítulos de livros e coletâneas sobre paisagem e natureza como patrimônio cultural. Coordena o projeto de pesquisa que se denomina "A Paisagem Cultural: Viver o Patrimônio".

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Publicado

23-09-2025

Como Citar

BASTOS, Eloiza; BARROS MEIRA, Roberta; NEIS CARELLI, Mariluci. “Ensinar aos surdos-mudos tão bem como aos que ouvem e falam”: o Instituto Imperial de Surdos-Mudos em questão. Fronteiras: Revista Catarinense de História, Brasil, n. 46, p. 08–28, 2025. DOI: 10.36661/2238-9717.2025n46.14958. Disponível em: https://periodicos.uffs.edu.br/index.php/FRCH/article/view/14958. Acesso em: 5 dez. 2025.