Os cruzos de uma história afro-brasileira

a Festa de Nossa Senhora do Rosário e a construção da identidade da população negra de Itajaí (SC)

Palavras-chave: Festa de Nossa Senhora do Rosário, História afro-brasileira, Identidade

Resumo

Este artigo propõe-se a discutir a Festa de Nossa Senhora do Rosário de Itajaí (SC), com base na construção da identidade da população negra. Com o objetivo de contextualizar os diferentes momentos históricos vividos pela festa, discutimos o porquê da mudança da organização da festa da irmandade de Nossa Senhora do Rosário para o movimento negro. A festa, que teve suas origens no século XIX, segue atualmente como uma atividade central no processo de resistência negra em Santa Catarina. O artigo vale-se da metodologia da história oral, assim como de dados levantados nas fontes primárias salvaguardadas no Arquivo Público de Itajaí.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Moacir da Costa, Universidade da Região de Joinville

É Mestrando em Patrimônio Cultural e Sociedade pela - UNIVILLE - possui Licenciatura Plena e Bacharelado em HISTÓRIA pela Universidade do Vale do Itajaí (2001).. É Professor de História da Secretaria de Educação do Estado de Santa Catarina e Professor da Secretaria Municipal de Educação de Itajaí. Na Secretaria Municipal de Educação de Itajaí atuou como Coordenador de Ensino Fundamental e Coordenador do Programa Municipal de Diversidade Étnica na Educação, Assessor Parlamentar na Câmara de Vereadores de Itajaí. É Militante Antirracista, com forte atuação na elaboração de Legislação de Promoção da Igualdade Racial, e na formação de Professores e da Militância do Movimento Negro. Foi o coordenador da criação do Programa Municipal para a Diversidade étnica cultural no Município de Itajaí, cujo o objetivo foi o de implementar e aplicar a Lei Federal 10.639/2003, bem como as demais leis municipais de promoção da Igualdade Racial.

Roberta Barros Meira, Universidade da Região de Joinville

Bacharel e licenciada em Historia pela Universidade Federal Fluminense, mestrado e doutorado em História Econômica pela Universidade de São Paulo. Docente do curso de História e do Programa em Patrimônio Cultural e Sociedade e do Departamento de História da Universidade da Região de Joinville - Univille. Coordena o grupo de pesquisa Estudos sobre circulação de saberes, natureza e agricultura (CANA) e o Núcleo de Estudos Afrobrasileiros da Univille (NEAB). Vice-coordenadora do GT Patrimônio Cultural da ANPUH-SC. Vice-editora da Revista História e Economia e Coeditora da Revista Confluências Culturais. Integra o grupo de pesquisa Dimensões do Regime Vargas e seus desdobramentos, coordenado pelo professor Orlando de Barros (UERJ) e Thiago Mourelle (Arquivo Nacional). Tem experiência na área de História do Brasil, com estudos no campo do patrimônio ambiental e políticas agrícolas.

Mariluci Neis Carelli, Universidade da Região de Joinville

Professora titular da Universidade da Região de Joinville ? UNIVILLE e docente permanente no Programa de Pós-Graduação em Patrimônio Cultural e Sociedade ? PPGPCS, na Linha de Pesquisa Patrimônio, Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (desde 2007). Atua na graduação como docente de Sociologia e Gestão Ambiental nos Cursos de Psicologia e Administração (desde 1989). É doutora em Engenharia da Produção (2004), mestre em Sociologia (1992) e bacharel em Serviço Social (1985), todos pela Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC/Brasil. No contexto da gestão universitária, na UNIVILLE foi coordenadora de Extensão (1990-1993) e de Pesquisa (1993-1997), Pró-Reitora de Pesquisa e Pós-Graduação (1997-2001) e Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Patrimônio Cultural e Sociedade (2017-2020). Atualmente coordena o grupo de pesquisa Cultura e Sustentabilidade, tem publicado temas sobre patrimônio cultural e ambiental, paisagem cultural, patrimônio industrial, patrimônio cemiterial e sustentabilidade na contemporaneidade. Tem experiência acadêmica e publicações que abrangem pesquisas sobre o patrimônio ambiental e a paisagem cultural. Entre suas publicações se destacam artigos e capítulos de livros e coletâneas sobre paisagem e natureza como patrimônio cultural. Coordena o projeto de pesquisa que trata da paisagem como herança e a chancela como uma nova visão do patrimônio.

José Bento Rosa da Silva, Universidade Federal de Pernambuco

Possui graduação em História pela Fundação do Pólo Regional do Vale do Itajaí (1985), mestrado em História pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1994) e doutorado em História pela Universidade Federal de Pernambuco (2001). Atualmente é professor associado da Universidade Federal de Pernambuco do quadro permanente do programa de pós graduação em História. Tem experiência na área de História, com ênfase em História da África, atuando principalmente nos seguintes temas: áfrica - história - diáspora, abolição - trabalho, cidade - memória - porto, escravidão . Vinculado ao Centro De Estudos Africanos da Universidade do Porto(Portugal- 2002/2016) como investigador doutorado.Estágio pós-doutoral na Université Jean Jures - Mirail I [Toulouse- 2014-2015]. Foi vice-coord. do Instituto de Estudos da Africa na Universidade Federal de Pernambuco[2016-2017]Membro do Núcleo de Estudos de Identidades e Relações Interétnicas da Universidade Federal de Santa Catarina.Membro fundador do NEAB-UFPE[ Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da Universidade Federal de Pernambuco. Membro fundador do Núcleo Afro Manoel Martins dos Passos da Foz do Rio Itajaí [SC].

Referências

ALTO-COMISSARIADO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA REFUGIADOS (ACNUR). Década afro. ACNUR. Disponível em: https://www.acnur.org/portugues/campanhas-e-advocacy/decada-afro/. Acesso em: 12 outubro. 2022.

ALVES, Jucélia Maria. Catumbi: um aspecto da cultura negra em Santa Catarina. Florianópolis: Editora da UFSC; Secretaria da Cultura e do Esporte de Santa Catarina, 1990.

BELIZÁRIO, Tamara Cardoso. Clube de Preto: cinquenta anos de história do Clube Sebastião Lucas. 2011. Livro-reportagem (Trabalho de Conclusão de Curso) – Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo, Universidade do Vale do Itajaí, Itajaí, 2011.

CANCLINI, Néstor García. Culturas híbridas: estratégias para entrar e sair da modernidade. Tradução de Ana Regina Lessa e Heloísa Pezza Cintrão. São Paulo: Edusp, 1997.

CHAHON, Sérgio. Irmandades. In: VAINFAS, Ronaldo (org.). Dicionário do Brasil colonial (1500-1808). Rio de Janeiro: Objetiva, 2000. p. 316-317.

COSTA, Moacir da (org.). Negros em Itajaí, mais de 150 anos de história: da invisibilidade à visibilidade. Itajaí: Casa Aberta, 2010.

COSTA, Moacir da. (org). Negros em Itajaí, mais de 150 anos de História, da invisibilidade à visibilidade. Itajaí: ed. Casa Aberta, 2010.

FAQUETI, Maristela Vieira. Esquecimento ou apagamento da memória: Festa de Nossa Senhora da Conceição em Camboriú. Monografia (Trabalho de Conclusão do Curso de História) – Universidade do Vale do Itajaí, Itajaí, 2003.

GIACOMOSSI, Wanessa. Do Cacumbi ao Divino: a inserção do afro na Festa do Divino em Tijucas nos anos de 1994 e 1997. Monografia (Trabalho de Conclusão do Curso de História) – Universidade do Vale do Itajaí, Itajaí, 2006.

IRMANDADE DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO. Ata de refundação da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário da década de 1930, na Penha. Arquivo do Centro de Documentação e Memória de Itajaí.

LEITE, Ilka Boaventura. Classificações étnicas e as terras de negros no Sul do Brasil. In: O'DWYER, Eliane C. (org.). Terra de Quilombo. Rio de Janeiro: ABAIUFRJ, 1995, p. 111-120.

LUPI, João. Moçambique, moçambiques: itinerário de um povo afro-brasileiro. Santa Maria: Editora da UFSM, 1988.

MALAVOTA Claudia Mortari; CARDOSO, Paulino de Jesus Francisco (org.). Pretos/as do Rosário: a irmandade de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito dos Homens Pretos (século XIX). Itajaí: Casa Aberta, 2008.

MOURA, Clovis. Sociologia do negro brasileiro. São Paulo: Ática, 1988.

MOVIMENTO NEGRO TIO MARCO. (A) Programação e (B) cartaz da 2.ª Festa de Nossa Senhora do Rosário. Arquivo do Núcleo de Estudos Afronegro: Itajaí, 1993.

MOVIMENTO NEGRO TIO MARCO. Título de utilidade pública da associação Movimento Negro Tio Marco. Arquivo do Núcleo de Estudos Afronegro: Itajaí, 1993.

PEDRO, Joana Maria (org.). Negro em terra de branco: escravidão e preconceito em Santa Catariana no século XIX. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1988.

PIAZZA, Walter. O escravo em uma economia mini fundiária. Florianópolis: Udesc, 1975.

PNUD: Desenvolvimento Humano para além das médias. Brasília: PNUD/IPEA/FJP, 2017.

PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO (PNUD). Relatório de Desenvolvimento Humano: Brasil 2005: racismo, pobreza e violência. PNUD, 2005.

QUINTÃO, Antônia Aparecida. Lá vem meu parente: as irmandades de pretos e de pardos no Rio de Janeiro e em Pernambuco (século XVIII). São Paulo: Editora Fapesp, 2002.

REIS, João José; SILVA, Eduardo. Negociações e conflito: a resistência negra no Brasil escravista. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.

ROSA, Odair Silva da. Entrevista [1991]. Entrevistador: José Bento Rosa da Silva. Itajaí, 1991.

SANTOS, Salete Aparecida dos. Salete Aparecida dos Santos: entrevista [12 jul. 2022]. Entrevistador: Moacir da Costa. Itajaí, 2022.

SEBASTIÃO, Rafael Sizino. O rosto afro da Penha: revelações de uma alma histórica. Grande Reportagem (Trabalho de Conclusão de Curso) – Universidade do Vale do Itajaí, Itajaí, 2000.

SEVERINO, José Roberto. Itajaí: uma maquiagem possível. Itajaí: Editora Univali, 1998.

SILVA, José Bento Rosa da. Estiva Papa Siri: mãos e pés do Porto de Itajaí. Itajaí: editora do autor, 2004.

SILVA, José Bento Rosa da. Negras memórias. Itajaí: Prefeitura de Itajaí, 1996.

SILVA, Marília Luiza da. Marília Luiza da Silva: entrevista [17 jul. 2022]. Entrevistador: Moacir da Costa. Itajaí. 2022.

SIMAS, Luiz Antônio. Almanaque de brasilidades: um inventário do Brasil popular. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2018.

THOMPSON, Paul Richard. Voz do passado: história oral. São Paulo: Editora Paz e Terra, 1998.

TINHORÃO, José Ramos. As festas no Brasil colonial. São Paulo: 34, 2000.

WAISELFISZ, Júlio Jacobo. Mapa da violência 2016: homicídio por armas de fogo. Rio de Janeiro: FLACSO, 2016. Disponível em: https://flacso.org.br/files/2016/08/Mapa2016_armas_web-1.pdf. Acesso em: 5 jul. 2022.

Publicado
15-08-2023
Como Citar
DA COSTA, M.; MEIRA, R.; CARELLI, M.; DA SILVA, J. B. Os cruzos de uma história afro-brasileira. Fronteiras: Revista Catarinense de História, n. 42, p. 169-191, 15 ago. 2023.