OS TERRITÓRIOS PERIFÉRICOS DA METRÓPOLE DE SÃO PAULO: DO "DESENVOLVIMENTO DESIGUAL E COMBINADO" À "DESCONSTRUÇÃO REALMENTE EXISTENTE"

Résumé

Tomando como ponto de partida nossas pesquisas sobre o Jardim Ibirapuera, loteamento periférico da Zona Sul do município de São Paulo (BR), defendemos a tese de que o poder heurístico da teoria do desenvolvimento desigual e combinado para se pensar a relação que os territórios periféricos em formação estabeleceram com a centralidade da acumulação do capital se tornou inadequado diante dos desdobramentos contraditórios da própria modernização e metropolização de São Paulo ao longo do século XX. Nossa tese é que a modernização de São Paulo ao lograr seu intento levou à crise do trabalho e o colapso da modernização, modificando radicalmente a relação que as famílias moradoras dos territórios periféricos estabelecem doravante com a reprodução do capital. O colapso, no entanto, não produziu uma desclassificação generalizada, mas desencadeou a emergência de novas disparidades sociais, econômicas e espaciais resultantes das diferentes temporalidades inscritas na formação e reprodução das periferias, dando testemunho de um processo de desconstrução realmente existente que não se coaduna facilmente com o antagonismo de classes legado pelo marxismo tradicional, demandando uma transformação de sua interpretação e crítica.