Ganeses da Copa

indícios da formação de um fluxo migratório no tempo presente

Palavras-chave: Migrações ganesas, Copa do Mundo, Torcidas organizadas, Brasil, Gana

Resumo

O presente artigo pretende analisar os recentes fluxos migratórios de ganeses que se deslocaram da República de Gana, na África Ocidental, para o Brasil, a partir de 2014. A hipótese apresentada sugere que o evento da Copa do Mundo Fifa, realizada no Brasil, foi o principal vetor de entrada de migrantes ganeses no país, que, até então, não figurava como destino migratório no histórico dos deslocamentos ganeses. O artigo está dividido em duas seções que discutem, respectivamente, a relação do governo de Gana com o financiamento de torcedores e torcidas organizadas, a partir dos relatos orais de três migrantes ganeses, e as estratégias de permanência dos migrantes após a expiração do “visto da Copa”, segundo os dados administrativos do CONARE, do SINCRE e SISMIGRA.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Michelle Maria Stakonski Cechinel, Universidade do Estado de Santa Catarina

Doutora em História pela Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC. Professora colaboradora do Departamento de História da Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC. Coordenadora do GT História da África – ANPUH/SC. Pesquisadora do Observatório das Migrações de Santa Catarina – OBMIGRA-SC e do Laboratório de Estudos de Gênero e Família – LABGEF-UDESC. E-mail: miimss@gmail.com

Gláucia de Oliveira Assis, Universidade do Estado de Santa Catarina

Doutora em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP. Professora no Programa de Planejamento Territorial e Desenvolvimento Sócio-ambiental da Universidade do Estado de Santa Catarina – PPGPLAN-UDESC, no Programa de Pós-Graduação em Gestão integrada do Território da Universidade do Vale do Rio Doce - GIT-UNIVALE. Coordenadora do Observatório das Migrações de Santa Catarina – OBMIGRA-SC.

Referências

ABO. Entrevista concedida à Michelle Maria Stakonski Cechinel. Criciúma, 09 de fevereiro de 2018

ACNUR. Global Trends: forced displacement in 2018. Genebra: Acnur, 2019. Disponível em: https://www.unhcr.org/statistics/unhcrstats/5d08d7ee7/unhcr-global-trends-2018. html. Acesso em: 17 dez. 2019.

AGIER, Michel. Commerce et Socieabilité: le négociants soudanais du quartier zongo de Lomé (Togo). Paris: O.R.S.T.O.M., 1983.

AGYEMAN, Edmond Akwasi; SETRANA, Mary Boatemaa. Mobilidade Humana em Gana. In: BAGIO, Fabio (Org.). Africanos em movimento: Mobilidade humana em Gana, Nigéria, Angola e África do sul. Cidade do Cabo: Scalabrini Institute for Human Mobility in Africa (SIHMA), 2014.

ALBER, Erdmute; UNGRUHE, Christian. Fans and states at work: a Ghanaian fan trip to the FIFA World Cup 2010 in South Africa. Soccer & Society, 2016.

ASSIS, Gláucia de Oliveira. Estar aqui, estar lá: gênero, família e afetos na experiência de emigrantes brasileiros em Portugal. In: Anais do III Seminário Internacional de História do Tempo Presente da UDESC. Florianópolis, 2017. Disponível em: http://eventos.udesc.br/ocs/index.php/STPII/IIISIHTP/paper/view/744/468

AWUNBILA, Mariama; MANUH, Takyiwaa; QUARTEY, Peter; TAGOE, Cynthia Addoquaye; BOSIAKOH, Thomas. Migration Country Paper: Ghana. Centre for Migration Studies - University of Ghana, 2008.

BAENINGER, Rosana Baeninger; DEMÉTRIO, Natália Belmonte; DOMENICONI, Jóice de Oliveira Santos. Espaços das migrações transnacionais: perfil sociodemográfico de imigrantes da África para o Brasil no século XXI. REMHU, Rev. Interdiscip. Mobil. Hum., Brasília, v. 27, n. 56, ago. 2019, p. 35-60.

BRASIL. Lei no 9474/1997, de 27 de julho de 2017a. Define mecanismos para a implementação do Estatuto dos Refugiados de 1951, e determina outras providencias. Disponível em: https://legis.senado.leg.br/norma/551350. Acesso em: 13 jan. 2019.

CASSENTINI, Giulia. Migration networks and narratives in Ghana: a case study from the Zongo. Africa, v. 3, n. 88, 2018, p. 452–68

CAVALHEIRO, Affonso. Ganeses no Brasil: uma análise do pedido de Refúgio. Monografia (bacharelado - Direito) Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2014.

CORNEVIN, Robert. The standardization of the spelling of African names: toponyms and ethnonyms. In: UNESCO. African ethnonyms and toponyms. Paris: Imprimerie des Presses Universitaires de France, Vendôme, 1984.

EL HAJJI, Mohammed; ÁVILA, Otávio Cezarini. A autobiografia dos que não narram e a solidariedade aos migrantes em tempos de Copa do Mundo. Metaxi Revista brasileira de cultura e política em Direitos Humanos, Rio de Janeiro, v. 2, n.1, 2019, p. 12-30.

FREITAS, Guilherme Silva Pires. A importância dos imigrantes e descendentes na seleção francesa ao longo das Copas do Mundo. FuLiA/UFMG, 2019b. p. 51–71.

FREITAS, Guilherme Silva Pires. Futebol e imigração: os imigrantes e seus descendentes representados nas seleções nacionais europeias. Travessia Rev. do Migrante, n.85 jan.-abr., 2019a. p. 101-114.

GEORG-UBEL, Roberto Rodolfo. Perfil da imigração africana no Brasil durante o governo Dilma Rousseff (2011-2016): o caso dos senegaleses e oeste-africanos. FORUM. Revista Departamento Ciencia Política, 18, 2020, p. 91-123.

GHANA, White Paper on the Report of the Comission of Inquiry into Matter Relating to the Participation of The Black Stars Team in the World Cup Tournament in Brazil 2014. 2015

GHANA. Ghana Statistical Service. Population & Housing Census Report: Migration in Ghana 2010, 2013. Disponível em: https://statsghana.gov.gh/gssmain/fileUpload/ pressrelease/2010_PHC_National_Analytical_Report.pdf. Acesso em: 20 fev. 2020.

GUEDADO. Entrevista concedida à Michelle Maria Stakonski Cechinel. Criciúma, 20 de março de 2018.

IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Gráfico de distribuição da população africana por país de origem, segundo as grandes regiões. Brasil, 2000.

JACOB, Felipe Ezequiel. Fluxos migratórios no futebol: uma análise geográfica da copa do mundo da FIFA 2018. Monografia (bacharelado - Geografia). Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho, Campus Experimental de Ourinhos, 2019. Disponível em: <http://hdl.handle.net/11449/203081>.

LEÃO, Renato Zerbini Ribeiro. O reconhecimento dos Refugiados pelo Brasil: decisões comentadas do CONARE. Brasília: Ministério da Justiça/ACNUR Brasil, 2007.

LOPES, Nei; MACEDO, José Rivair. Dicionário de História da África: Séculos VII a XVI. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2017.

MELO, Lucas Martins Santos. As disputas coloniais e neocoloniais em torno do futebol: Portugal e França, dois casos significativos. Politica & Trabalho: Rev. De Ciências Sociais, n. 48, jan.-jun de 2018, p. 162-182.

MELO, Lucas Martins Santos. O futebol africano na Europa: os casos de Portugal e França como destino migratório de jogadores das suas ex-colônias. Rev. Cadernos de Campo, n. 23, jul./dez. de 2017, p. 141-167.

MINISTÉRIO DA JUSTIÇA (Brasil). Comitê Nacional para os Refugiados (Conare). Sistema de refúgio no Brasil. Brasília: CONARE, 2016a. Disponível em: http://www. acnur.org/t3/fileadmin/Documentos/portugues/Estatisticas/Sistema_de_Refugio_ brasileiro_-_Refugio_em_numeros_-_05_05_2016.pdf. Acesso em: 17 dez. 2019.

MINISTÉRIO DA JUSTIÇA (Brasil). Comitê Nacional para os Refugiados (Conare). Refúgio em números. Brasília: Conare, 2016b. Disponível em: https://www.justica.gov. br/seus-direitos/refugio/anexos/1o-edicao-sistema_de_refugio_brasileiro_-_refugio_ em_numeros_-_05_05_2016.pdf. Acesso em: 17 dez. 2019.

MINISTÉRIO DA JUSTIÇA (Brasil). Comitê Nacional para os Refugiados (Conare). Refúgio em números. 2a ed. Brasília: Conare, 2017b. Disponível em: https://www. justica.gov.br/seus-direitos/refugio/anexos/2deg-edicao-refugio-em-numeros-2010- 2016-v-5-0-final.pdf. Acesso em: 17 dez. 2019.

MINISTÉRIO DA JUSTIÇA (Brasil). Comitê Nacional para os Refugiados (Conare). Refúgio em números. 3a. ed. Brasília: Conare, 2018. Disponível em: https://www. justica.gov.br/seus-direitos/refugio/anexos/refasgio-em-nasmeros_1104.pdf. Acesso em: 17 dez. 2019.

MINISTÉRIO DA JUSTIÇA (Brasil). Comitê Nacional para os Refugiados (Conare). Refúgio em números. 4a. ed. Brasília: Conare, 2019. Disponível em: https://www. acnur.org/portugues/wp-content/uploads/2019/07/Refugio-em-números_versão-23- de-julho-002.pdf. Acesso em: 1 fev. 2020.

OKONFO. Entrevista concedida à Michelle Maria Stakonski Cechinel. Criciúma, 22 de março de 2018.

POLÍCIA FEDERAL (Brasil). Sistema de Registro Nacional Migratório (Sismigra): 2018-2020. Brasília: 2020. Disponível em: https://portaldeimigracao.mj.gov.br/pt/ dados/microdados/1733-obmigra/dados/microdados/401205-sismigra. Acesso em: 20 fev. 2020.

SAYAD, Abdelmalek. A Imigração: ou os paradoxos da alteridade. São Paulo: EDUSP, 1998.

SCHILDKROUT, Enid. People of the Zongo: The Transformation of Ethnic Identities in Ghana. Cambridge: Cambridge University Press, 2007.

UBEL, Roberto Rodolfo George. Perfil da imigração africana no Brasil durante o governo Dilma Rousseff (2011-2016): o caso dos senegaleses e oeste-africanos. FORUM. Revista Departamento Ciencia Política, 18, 2020, p. 91-123.

WILLIAMSON, E. A. Understanding the zongo processes of socio-spatial marginalization in Ghana (Portfólio). Master of Science in Architecture Studies – Department of Architecture, Massachusetts Institute of Technology, Boston, 2014.

Publicado
29-08-2024
Como Citar
CECHINEL, M. M.; ASSIS, G. Ganeses da Copa. Fronteiras: Revista Catarinense de História, n. 44, p. 186-212, 29 ago. 2024.