O pensamento transatlântico de Carmelita Afonseca Silva
Um diálogo Sul - Sul
Resumo
Este artigo propõe documentar experiências vivenciadas pela Dra. Carmelita Afonseca Silva em sua estadia no Brasil, durante a realização de seu doutorado. As reflexões abordam aspectos relacionados à identidade caboverdiana e o intenso processo de mestiçagem ocorrido nos dois países, Cabo Verde e Brasil. Além disso, conversamos sobre o movimento de mulheres em Cabo Verde. Adotamos uma metodologia de coautoria com a entrevistada, conectando suas falas com outras e outros intelectuais negras e negros, buscando enegrecer a produção de saberes. Como resultado dessa partilha, destacamos o convite feito por Carmelita, para que nós, sujeitos subalternizados que falam a partir do sul global, possamos dedicar mais tempo e atenção para conhecer a heterogeneidade territorial e cultural de África, estabelecendo redes que possam nos fortalecer ante a hegemonia do norte global.
Downloads
Referências
ANJOS, José Carlos Gomes. Elites Intelectuais e a Conformação da Identidade Nacional em Cabo Verde. Estudos Afro-Asiáticos, Ano 25, n. 3. 2003. p. 579-596.
BAWA, Sylvia; ADENIYI-OGUNYANKIN, Grace. “Africa will inevitably rise like those many heads of the hydra, but first it needs a decolonial break from the tether that ties its economies to the global capitalist market”- An interview with Sylvia Tamale. 2023. Disponível em: https://antipodeonline.org/2023/02/28/africa-will-inevitably-rise-an-interview-with-sylvia-tamale/. Acesso em: 29 fev. 2024.
BENTO, Maria Aparecida Silva. Branqueamento e branquitude no Brasil. In: CARONE, Iray; BENTO, Maria Aparecida Silva. Psicologia social do racismo: Estudos sobre branquitude e branqueamento no Brasil. 6 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2021.
BERNARDINO-COSTA, Joaze; MALDONADO-TORRES, Nelson; GROSFOGUEL, Ramon. Introdução. In BERNARDINO-COSTA, Joaze; MALDONADO-TORRES, Nelson; GROSFOGUEL, Ramon (Org.). Decolonialidade e pensamento afrodiaspórico. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2023. p 9-26.
BRASIL. Lei 10.639, de 9 de janeiro de 2003. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira", e dá outras providências. Brasília, DF. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.639.htm. Acesso em: 24 mar. 2024.
BRASIL. Lei 11.645, de 10 de março de 2008. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, modificada pela Lei no 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”. Brasília, DF. Disponível em https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11645.htm. Acesso em: 24 mar. 2024.
BUENO, Winnie. Imagens de controle: um conceito do pensamento de Patrícia Hill Collins. Porto Alegre: Zouk, 2020. 176 p.
CABO VERDE. Instituto Nacional de Estatística. Sistema Estatístico Nacional - Sen. IV recenseamento geral da população e de habitação: Censo 2010. 2010. Disponível em: https://view.officeapps.live.com/op/view.aspx?src=https%3A%2F%2Fine.cv%2Fwp-content%2Fuploads%2F2016%2F11%2Fresumo-indicadores.xls&wdOrigin=BROWSELINK. Acesso em: 8 jun. 2024.
CARNEIRO, Sueli. Dispositivo de racialidade: a construção do outro como não ser como fundamento do ser. Rio de Janeiro: Zahar, 2023. 431p.
CARNEIRO, Sueli. Mulheres em movimento: contribuições do feminismo negro. In: HOLLANDA, Heloísa Buarque de (Org.). Pensamento feminista brasileiro: formação e contexto. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2019. p. 271-289.
CASIMIRO, Isabel Maria; ANDRADE, Ximena. A identidade do feminismo crítico em Moçambique: situando a nossa experiência como mulheres, académicas e activistas. Centro de Estudos Africanos, Universidade Eduardo Mondlane. 2007. Disponível em: https://nigs.ufsc.br/files/2017/07/A-IDENTIDADE-DO-FEMINISMO-CR%C3%8DTICO-MO%C3%87-2003B.pdf. Acesso em 9 jun. 2024.
CIAMPA, Antônio da Costa. Apresentação. In: REIS, Eneida de Almeida dos. Mulato: negro-não-negro e/ou branco-não-branco. São Paulo: Editora Altana, 2002. p. 13-17.
CIGEF. Centro de Investigação e formação em gênero e família. Disponível em: https://cigefunicv.blogspot.com/p/colaboradores.html. Acesso em: 1 abr. 2024.
COLLINS, Patrícia Hill. Pensamento Feminista Negro. São Paulo: Boitempo, 2019. 493 p.
COSTA, Joaze Bernardino; GROSFOGUEL, Ramon. Decolonialidade e perspectiva negra. Revista Sociedade e Estado, v. 31, n. 1. 2016. p. 15-24.
CUNHA, Teresa; CASIMIRO, Isabel. Moçambique chora e as mulheres já não dormem: os mega-projectos extractivistas e a vida das mulheres. Género, Cidadania e Desenvolvimento em Moçambique. Escolar Editora: Maputo. 2022. p. 63-103.
DIANGELO, Robin; BENTO, Cida; AMPARO, Thiago. O branco na luta antirracista: limites e possibilidades. In: IBIRAPITANGA; SCHUCMAN, Lia Vainer (Org.). Branquitude: diálogos sobre racismo e antirracismo. São Paulo: Fósforo, 2023. p. 13-41.
FANON, Franz. Os condenados da terra. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira, 1968. 141p.
FANON, Franz. Pele negra, máscaras brancas. São Paulo: UBU Editora, 2020. 320p.
GOMES, Nilma Lino. O movimento negro e a intelectualidade negra descolonizando os currículos. In: BERNARDINO-COSTA, Joaze; MALDONADO-TORRES, Nelson; GROSFOGUEL, Ramon (Org.). Decolonialidade e pensamento afrodiaspórico. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2023. p. 223-246.
GONZALES, Lélia. Mulher negra. In: RIOS, Flávia; LIMA, Marcia (Org.). Por um feminismo Afrolatinoamericano. Rio de Janeiro: Zahar, 2020. p. 94-111.
GROSFOGUEL, Ramon. Para uma visão decolonial da crise civilizatória e dos paradigmas da esquerda ocidentalizada. In: BERNARDINO-COSTA, Joaze; MALDONADO-TORRES, Nelson; GROSFOGUEL, Ramon (Org.). Decolonialidade e pensamento afrodiaspórico. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2023. p. 55-78.
HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Tradução de Tomaz Tadeu da Silva, Guaracira Lopes Louro. 11a ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2006.
HALL, Stuart. Da diáspora: identidades e mediações culturais. 3. ed. Belo Horizonte: UFMG, 2023. 399 p.
HARTMAN, Saidiya. Vidas rebeldes, belos experimentos: histórias íntimas de meninas negras desordeiras, mulheres encrenqueiras e queers radicais. São Paulo:Fósforo, 2022.
HIRSCH, Olívia Nogueira. “Hoje eu me sinto africana”: processos de (re)construção de identidades em um grupo de estudantes cabo-verdianos no Rio de Janeiro. 2007. 230f. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais) – Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais, Pontifícia Universidade Católica. Rio de Janeiro, 2007. Disponível em: https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=11708@2. Acesso em: 15 de jun. 2024.
HORTA, José da Silva. “Nações”, marcadores identitários e complexidades da representação étnica nas escritas portuguesas de viagem: Guiné do Cabo Verde (séculos XVI e XVII). Varia Historia, Belo Horizonte, vol. 29, n. 51, p. 649-675, set/dez 2013. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0104-87752013000300002. Acesso em: 28 fev. 2024.
KILOMBA, Grada. Memórias da plantação: episódios de racismo cotidiano. Rio de Janeiro: Cobogó, 2019.
LOBO, Andréa; FURTADO, Cláudio. As pequenas ilhas e o país continental. Fluxos entre Cabo Verde e Brasil. REMHU, Rev. Interdiscip. Mobil. Hum., Brasília, v. 31, n. 67, abr. 2023, p. 55-57.
MELO, Victor Andrade; FORTES, Rafael. Identidade em transição: Cabo Verde e a taça Amilcar Cabral. Afro-Ásia, 50, 2014, p. 11-44. Disponível em: https://doi.org/10.1590/0002-05912014v50vic11. Acesso em: 28 fev. 2024.
MOURÃO, Daniele Ellery. Guiné-Bissau e Cabo Verde: identidades e nacionalidades em construção. Pro-Posições, Campinas, v. 20, n. 1 (58), p. 83-101, jan./abr. 2009. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/proposic/article/view/8643425. Acesso em: 15 jun. 2024.
MULLER, Tânia Mara Pedroso; CARDOSO, Lourenço. Apresentação. In: Branquitude: estudos sobre a identidade branca no Brasil. 1a ed. Curitiba: Appris, 2017. 335p.
MUNANGA, Kabengele. Identidades, cidadania e democracia: algumas reflexões sobre os discursos antirracistas no Brasil. In: SPINK, Mary Jane Paris. A cidade em construção: uma reflexão transdisciplinar. São Paulo: Cortez, 1994. p. 17-24. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/resgate/article/view/8645505/12810. Acesso em: 8 jun. 2024.
MUNANGA, Kabengele. Rediscutindo a mestiçagem: identidade nacional versus identidade negra. 5a ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2020. 158 p.
NOGUEIRA, Oracy. Preconceito racial de marca e preconceito racial de origem: sugestão de um quadro de referência para a interpretação do material sobre relações raciais no Brasil. Tempo Social: Revista de Sociologia da USP, [s.l.], v. 19, n. 1, p. 287-308, jun. 2007. FapUNIFESP. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/s0103-20702007000100015. Acesso em: 15 jun. 2024.
OSÓRIO, Rafael Guerreiro. O sistema classificatório de "cor ou raça" do IBGE. Brasília: Ipea, 2003. 53 p. (Textos para discussão IPEA). Disponível em: https://portalantigo.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=4212. Acesso em: 09 jan. 2024.
PEREIRA, Antonio José Alves. Mar Cruzado e Terra Bilíngue: uma breve abordagem sociolinguística das línguas de Cabo Verde. 2015. 152 f. Dissertação (Mestrado em Estudos Regionais e Locais) – Centro de Competências de Artes e Humanidades, Universidade da Madeira, Funchal, 2015. Disponível em: https://digituma.uma.pt/handle/10400.13/862. Acesso em: 11 jun. 2024.
ROCHA, Eufêmia Vicente. O imigrante oeste-africano como o indesejável? Acerca do processo de racialização em cabo verde. Mediações, Londrina, v. 22, n. 1, p. 105-129, 21 jun. 2017. Disponível em: https://pdfs.semanticscholar.org/1487/15c4f3f28ea8de8cc57e31f35da25a14c9a2.pdf. Acesso em: 10 jun. 2024.
SILVA, Carmelita Afonseca. Entrevista concedida às autoras. 2023.
SILVA, Karine de Souza; NIKEL, Isabella. Migrações internacionais e os atravessamos de raça e gênero na literatura de Chimamanda Adichie. In: VIEIRA, Rebeca de Souza; MUNIZ, Veyzon Campos (Org.). Direito, arte e negritude. Porto Alegre: F1, 2021. Cap. 11. p. 157-175. Disponível em: https://www.editorafi.org/ebook/108negritude?fbclid=IwAR3h2nkn-VhMOEMD-i83FmmUxW_8FfTiu12dndX1-9eQx03nqzUc7hVe4BE. Acesso em: 10 jun. 2024.
SILVA, Karine de Souza; SÁ, Miguel Borba de. Do Haitianismo à nova Lei de Migração: Direito, Raça e Política Migratória brasileira em perspectiva histórica. Nuestramérica, [s. l.], v. 9, n. 17, p. 1-23, jun. 2021. Disponível em: https://www.redalyc.org/journal/5519/551968077004/html/. Acesso em: 10 jun. 2024.
THIONG`O, Ngũgĩ Wa. Descolonização mental: a política da linguagem na literatura africana. São Paulo: Filhos da África, 2021.
TRAJANO FILHO, Wilson. Uma experiência singular de crioulização. Série Antropologia, Brasília, 2003. Disponível em: https://www.academia.edu/38192576/Uma_experi%C3%AAncia_singular_de_criouliza%C3%A7%C3%A3o. Acesso em: 28 fev. 2024.
UFSC. Resolução n. 175, de 29 de novembro de 2022. Dispõe sobre a Política de Enfrentamento ao Racismo Institucional em suas diferentes formas de manifestação no âmbito da Universidade Federal de Santa Catarina. Resolução Normativa Nº 175/2022/Cun, de 29 de novembro de 2022. Florianópolis, Santa Catarina, 20 dez. 2022. Disponível em: https://pedagogia.paginas.ufsc.br/files/2023/03/RN_1752022CUn_Poli%CC%81tica-de-enfrentamento-ao-racismo.pdf. Acesso em: 9 jun. 2024.
Copyright (c) 2024 Fronteiras: Revista Catarinense de História
This work is licensed under a Creative Commons Attribution 4.0 International License.