A matrilinearidade é solar

potências afrorreferenciadas em Beyoncé

Palavras-chave: Matrilinearidade, Beyoncé, Afrocentricidade

Resumo

Em situações e percepções afrocentradas, a matrilinearidade se apresenta como locus por excelência dessa dinâmica que entende a mãe como personagem central na constituição de identidades e afrorreferências, enquanto um fenômeno de gestação e nutrição de potências solares. Este artigo, oriundo da monografia “ENTRE COLMEIAS & QUILOMBOS: quando intelectualidade negra e arte se encontram”, atenta-se para as manifestações sobre a maternidade e matrilinearidade presentes nas músicas da multiartista Beyoncé. Elencamos como foco de discussão as obras LEMONADE (2016), e THE GIFT/BLACK IS KING (2019; 2020), de modo a compreender como assumem a matrilinearidade vigor da concepção de alternativas sistêmicas para pessoas negras que, com essas produções musicais, alcançam mais um fôlego de resistência na cisão frente às lógicas de definições de ser e estar eurocêntricas e ocidentais. Assim, o artigo entrelaça discussões da Afrocentricidade junto da Antropologia, à medida que se vale metodologicamente da análise de conteúdo para acepção das dimensões matripotenciais nas músicas.

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Biografia do Autor

Marcos Vinícius Francisco de Oliveira, Universidade de São Paulo

Mestrando em Antropologia Social no Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade de São Paulo (PPGAS/USP) (atual) e Cientista Social pela Universidade Federal de Viçosa (UFV). Tem experiência de pesquisa e prática dentro dos estudos de Afrocentricidade, Filosofia Africana, Antropologia e Arte e áreas correlatas, além de experiência com Educação. Seus estudos se concentram nas expressões artísticas afrorreferenciadas e afrocêntricas, acerca principalmente da música e da performance, enquanto práticas e fôlegos de reumanização e retomada ancestral. (Retirado do Lattes).

Maria Simone Euclides, Universidade Federal de Viçosa

Doutora em Educação pela Universidade Federal do Ceará- (UFC). Mestra em Extensão Rural e Pedagoga pela Universidade Federal de Viçosa (UFV). Pesquisadora filiada a Associação Brasileira de Pesquisadores/as Negros/as (ABPN) e da Latin American Studies Association (LASA). É vinculada ao Núcleo Brasileiro, Latino Americano e Caribenho de Estudos em Relações Raciais, Gênero e Movimentos Sociais (N´Blac), certificado pelo CNPQ e o Grupo de Pesquisa Educação Gênero e Raça (EDUCAGERA), da UFV. Professora Adjunta II no Curso de Licenciatura em Pedagogia do Departamento de Educação da UFV e Professora Orientadora no Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação da mesma instituição. Tem experiência na área de Educação e Diversidade, atuando principalmente nos seguintes temas: gênero, raça, racismo, desigualdades educacionais, trajetórias educacionais e educação do campo. (Retirado do Lattes)

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Publicado
29-08-2024
Como Citar
OLIVEIRA, M. V.; EUCLIDES, M. A matrilinearidade é solar. Fronteiras: Revista Catarinense de História, n. 44, p. 296-318, 29 ago. 2024.