As historiadoras e a luta por visibilidade acadêmica
DOI:
https://doi.org/10.36661/2238-9717.2025n46.14728Palavras-chave:
História das Mulheres, Historiografia, Invisibilidade acadêmicaResumo
Nos livros e coletâneas de textos que abordam o perfil biográfico e a contribuição historiográfica dos grandes expoentes da escrita da história, a presença de historiadoras é muito tímida. Percebendo essa invisibilidade, ora velada, ora explícita, as historiadoras que dedicam-se à pesquisa e à escrita da história das mulheres e das relações de gênero constituíram espaços de visibilidade acadêmica em Programas de Pós-Graduação, em Grupos de Estudos e Pesquisas e até mesmo organizando coletâneas de textos no formato de livro, apresentando a trajetória acadêmica de dezenas de historiadoras brasileiras. O texto é, também, um levantamento da produção historiográfica sobre a temática da História das Mulheres, evidenciando o pioneirismo de multas historiadoras no surgimento e fortalecimento da área de pesquisa no Brasil, cujo volume de estudos produzidos e publicados não é pequeno, tendo como aporte teórico e metodológico os escritos de outras historiadoras e cientistas sociais, como Joan Scott, Louise Tilly, Michelle Perrot e Judith Butler. A escrita da história das mulheres, dentro e fora do Brasil, a partir de meados do século XX, não se fez sem romper tradições dentro e fora da academia, não se fez sem lutar contra preconceitos e o machismo dentro dos Programas de Pós-Graduação.
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