O Regime Escópico da Colonialidade
apontamentos teóricos para o estudo das imagens no campo historiográfico decolonial
Resumo
No presente artigo apresento a categoria de regime escópico da colonialidade afim de ressaltar sua potencial contribuição para os estudos historiográficos que versam sobre imagens numa perspectiva decolonial. Inicialmente, introduzo a categoria de análise de regime de historicidade, contextualizando na sequência a consolidação do regime moderno de historicidade e sua relação dialética com o chamado “Novo Mundo”. Descrevo as maneiras pelas quais, no interior de um regime escópico da colonialidade, encobre-se os outros tidos como “selvagens” e “não civilizados” por um olhar pautado num sistema de alteridade de constituição do sujeito moderno. Tal constituição conta com um aparato que ora subexpõe e ora sobreexpõe de sujeitos, tornando-os (in)visíveis, e apagando as diferentes experiências estéticas e escópicas desses sujeitos postos à margem da sociedade no projeto de dominação imposto pela Matriz Colonial de Poder.
Downloads
Referências
BAEZA, Pepe. Por una función crítica de la fotografía de prensa. Barcelona: Editorial Gustavo Gili, 2007.
BARRIENDOS, Joaquín. A colonialidade do ver: rumo a um novo diálogo visual interepistêmico. Revista Epistemologias do Sul, v. 3, n. 1, p. 38-56, 2019.
BAUDRILLARD, Jean. A sociedade de consumo. Lisboa: Edições 70, 2008.
BHABHA, Homi. A outra questão: o estereótipo, a discriminação e o discurso do colonialismo. In: O local da cultura, 1998, p. 105-128.
BOXER, Charles. O Império Marítimo Português (1415-1825). São Paulo: Companhia das Letras, 2002.
CASTRO-GÓMEZ, Santiago. (Post)Coloniality for Dummies: Latin American Perspectives on Modernity, Coloniality, and the Geopolitics of Knowledge. In: MORAÑA, Mabel; DUSSEL, Enrique; JÁUREGUI, Carlos. A. (Org.). Coloniality at Large: Latin America and the Postcolonial Debate. Durham/London: Duke University Press, 2008, p. 335-349.
CHEMAMA, Roland. Dicionário de psicanálise. trad. Francisco Franke Settineri. — Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1995.
CORONIL, Fernando. Más allá del occidentalismo: Hacia categorías geohistóricas no-imperialistas. In: CASTRO-GÓMEZ, S.; MANDIETA, E. (Org.). Teorías sin disciplina. Latinoamericanismo, poscolo-nialidad y globalización en debate. Mexico: Miguel Ángel Porrúa Ed, 1998, p. 121-146.
CRARY, Jonathan. Suspensões da percepção: atenção, espetáculo e cultura moderna. São Paulo: Cosac Naify, 2013.
DELEUZE Gilles. Le cerveau, c’est l’écran. Cahiers du Cinéma, n. 380, Février, 1986, p. 24-32.
DIDI-HUBERMAN, Georges. O que vemos, o que nos olha. São Paulo: Editora 34, 1998.
DIDI-HUBERMAN, Georges. El punto de vista anacrónico. Tradução Crispin Salvatierra. Revista de Occidente, Madrid, n. 213, marzo 1999.
DIDI-HUBERMAN, Georges. Imagens Apesar de Tudo. KKYM. Lisboa, 2012.
DIDI-HUBERMAN, Georges. Pueblos expuestos, pueblos figurantes. Traducido por Horacio Pons. Ciudad Autónoma de Buenos Aires: Manantial, 2014.
DUSSEL, Enrique. 1492: o encobrimento do outro: a origem do mito da modernidade. Petrópolis: Vozes, 1993.
FREUD, Sigmund. As pulsões e seus destinos – Edição bilíngue. São Paulo: Autêntica, 2016.
GROSFOGUEL, Ramon. “La opción decolonial: desprendimiento y apertura. Un manifiesto y un caso”. Tabula Rasa, n. 8, p. 243-282, 2008.
HARTOG, François. Crer em História. Belo Horizonte: Autêntica, 2017a.
HARTOG, François. Evidência da história: o que os historiadores veem. Belo Horizonte: Autêntica, 2017b.
HARTOG, François. Regimes de historicidade: presentismo e experiências do tempo. Belo Horizonte: Autêntica, 2015.
HEGEL, Georg Wilhelm Friedrich. Lecciones sobre la filosofia de la historia universal. Madrid: Revista de Occidente, 1974.
HEIDEGGER, Martin. Ciência e pensamento do sentido. In: HEIDEGGER, Martin. Ensaios e conferências. trad. Emmanuel Carneiro Leão. Petrópolis: Vozes, 2002.
HORENSTEIN, Mariano. Georges Didi-Huberman: “Ninguém pode olhar pelos outros”. 2017. Entrevista com Georges Didi-Huberman realizada por Mariano Horenstein. Disponível em: https://marianohorenstein.com/pt/georges-didi-huberman-2/. Acesso em: 08 abr. 2023.
JAY, Martin. Scopic regimes of Modernity. In: FOSTER, Hal. Vision and Visuality. Seattle: Bay Press, 1988.
KOSELLECK, Reinhart. Estratos do tempo: estudos sobre história. Tradução de Markus Hediger. Rio de Janeiro: Contraponto; Editora PUC-Rio, 2014.
KOSELLECK, Reinhart. Futuro passado: contribuição à semântica dos tempos históricos. Tradução Wilma Patrícia Maas, Carlos Almeida Pereira. Rio de Janeiro: Contraponto: Ed. PUC – RIO, 2006.
LACAN, Jacques. O seminário, livro 11. [1963/1964]: os quatro conceitos fundamentais da psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1988.
LATOUR, Bruno. Jamais fomos modernos: ensaio de antropologia simétrica. Rio de Janeiro: Editora 34, 1994.
MIGNOLO, Walter. Aiesthesis decolonial. Calle 14, v. 14, n. 4, p. 10-25, 2010.
MIGNOLO, Walter. Colonialidade: o lado mais escuro da modernidade. Revista Brasileira de Ciências Sociais. São Paulo, v. 32, n. 94, e329402, 2017. Disponível em: <https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-69092017000200507&lng=en&nrm=iso> . Acesso em: 09 de ago. 2023.
PLATÃO. A República. Trad. Carlos Alberto Nunes – 3. Ed. – Belém: EDUFPA, 2000.
PLATÃO. Timeu-Crítias. Trad. Rodolfo Lopes. Coimbra: Centro de Estudos Clássicos e Humanísticos, 2011.
PLON, Michel; ROUDINESCO, Elisabeth. Dicionário de psicanálise. Tradução Vera Ribeiro, Lucy Magalhães. — Rio de Janeiro: Zahar, 1998.
PROVINCIATTO, Lius Gabriel. A apropriação do conceito “visão de mundo” pela filosofia de Martin Heidegger. Prometheus - Journal of Philosophy, Vol. 11 No. 29, 2019.
QUINET, Antonio. Um olhar a mais: ver e ser visto na psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2002.
RANCIÈRE, Jacques. A partilha do sensível: estética e política. Editora 34, 2ª ed., 2009a.
RANCIÈRE, Jacques. O inconsciente estético. São Paulo: editora 34, 2009b.
RANCIÈRE, Jacques. El teatro de imágenes. In: Alfredo Jaar. La política de las imágenes. Santiago de Chile: editorial Metales pesados, 2008, p.69-89.
RICOEUR, Paul. A memória, a história, o esquecimento. Unicamp, 2007.
SONTAG, Susan. Diante da dor dos outros. Tradução: Rubens Figueiredo. São Paulo: Editora Companhia das Letras, 2003.
VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. “Os pronomes cosmológicos e o perspectivismo ameríndio”. In: ALLIEZ,Éric (org.). Gilles Deleuze: Uma Vida Filosófica. São Paulo: Ed. 34, 2000.
Copyright (c) 2024 Fronteiras: Revista Catarinense de História
This work is licensed under a Creative Commons Attribution 4.0 International License.