Gênero, Sexualidade e Ensino de História sob ataques
a falácia da "ideologia de gênero" em espaços democráticos
Resumo
De forma objetiva, a entrevista se conectou a proposta de pesquisa do discente, que pretende ter como problema a “ideologia de gênero”, que se pauta nas narrativas e discursos religiosos, conservadores e reacionários, travando embates com os estudos de gênero, o ensino e a História. Nas últimas décadas temos acompanhado um avanço no campo acadêmico dos estudos das “questões de gênero”, assim como uma mobilização crescente de diferentes movimentos sociais em torno do tema. Infelizmente, evidenciamos discursos desqualificadores que desvirtuam a categoria de análise, nomeando-a de “ideologia de gênero”. Especialmente nos últimos anos, vemos um aumento de posicionamentos contra a chamada “ideologia de gênero”, desprovidos de análise, mas contaminados de preconceitos, que simplesmente atribuem aos estudos de gênero um “tom doutrinário”, como se estes estudos fossem destrutivos à sociedade. A lista conservadora dos projetos de lei vinculados ao “Escola sem Partido” almeja inviabilizar e mesmo criminalizar todas as propostas pedagógicas conduzidas por professoras e professores que abordem temas como desigualdades de gênero, diversidade sexual, o combate ao preconceito, ao sexismo e à LGBTfobia. Seus/uas apoiadores/as vêm afirmando que esse tipo de material e discussão “doutrinam” estudantes, forçando-os a aceitar a “ideologia de gênero”. A quem interessa retirar gênero e sexualidade do currículo? Embora pesquisas historiográficas e documentos legais da educação brasileira mostrem a importância do trabalho em sala de aula sobre questões de gênero e sexualidade, o embate com a censura, a perseguição e o assédio tornam-se relevante considerar que tais estudos têm limitações. Pesquisar como a “ideologia de gênero” penetra na educação básica, e afeta os conceitos científicos dos estudos de gênero no ensino de História, e como estas artimanhas narrativas ganham poder na esfera social, entre ataques, ameaças, perseguições, intimidações e destruição de saberes e vidas, permite acessar não somente os interesses de grupos conservadores e fundamentalistas religiosos, mas a partir de uma metodologia da história oral, mas compreender professores e professoras da educação básica que já se depararam com a presença do discurso da “ideologia de gênero” em suas práticas, e tiveram que se submeter ao silenciamento e medo.
Downloads
Copyright (c) 2022 Fronteiras: Revista Catarinense de História
This work is licensed under a Creative Commons Attribution 4.0 International License.