“Pensa numa dor dolorosa”

colonialidade, infâncias e maternidades Guarani e Kaiowá

Palavras-chave: Infâncias indígenas, Retirada compulsória de crianças indígenas, Colonialidade

Resumo

Infâncias e maternidades se conectam quando refletimos sobre as vulnerabilidades e a ausência de direitos das crianças indígenas no Brasil. Neste artigo pretendo abordar de que modo um olhar colonial sobre as maternidades e infâncias indígenas importam em preconceitos e levam a desconsiderar as formas de cuidado e as possibilidades que as crianças indígenas têm de experienciar a infância junto de suas famílias e comunidades. Ao problematizar a existência de um olhar colonial sob o cuidado, o qual impõe uma forma correta a ser seguida em detrimento de outras formas tradicionais de cuidar e ser criança, busco perceber como este olhar fundamenta o direito da interferência estatal em relação as mães indígenas, as quais são impedidas de exercer o direito de guarda sobre seus filhos, os quais crescem longe da cultura e do modo de viver Guarani e Kaiowá.

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Publicado
29-12-2021
Como Citar
NICHNIG, C. “Pensa numa dor dolorosa”. Fronteiras: Revista Catarinense de História, n. 38, p. 155-174, 29 dez. 2021.