Horizontes do ensino de história na América Latina

  • Felipe Ziotti Narita UNESP
Palavras-chave: Ensino de história, Humanidades digitais, Crise, Públicos

Resumo

O artigo desenvolve perspectivas teóricas e temáticas para o ensino de história na América Latina a partir de três eixos: (1) as novas construções identitárias e cidadãs pressupostas no giro decolonial, (2) as humanidades digitais e (3) as relações entre o saber histórico e seus públicos à luz dos espaços (físicos e imateriais) de educação. A proliferação de conteúdos da sociedade em rede desloca o saber histórico dos lugares privilegiados da modernidade (sistema escolar), tornando-o mais suscetível à circulação de conteúdos, antagonismos e revisionismos. Além disso, o corrente processo de digitalização de dinâmicas de ensino e pesquisa sinaliza novos modos de existência e contradições de um ensino cada vez mais dependente de uma infraestrutura imaterial. Em uma conjuntura impactada por mudanças socioculturais e econômicas bruscas, refletir sobre os horizontes do ensino de história implica também considerar o quadro mais amplo de diagnósticos de crise das humanidades.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ABUD, Katia; SILVA, André Melo; ALVES, Ronaldo. Ensino de história. São Paulo: Cengage Learning, 2010.

AGAMBEN, Giorgio. Requiem per gli studenti. Instituto Italiano per gli Studi Filosofici, Roma, 22 maio 2020.

ANDINA, Tiziana. Truth, lies, and post-truth. In: CONDELLO, Angela. Post-truth, philosophy and law. Londres: Routledge, 2019.

ANHORN, Carmen Gabriel. Teoria da história, didática da história e narrativa: diálogos com Paul Ricoeur. Revista Brasileira de História, São Paulo, v. 32, 2012.

ARANTES, Paulo Eduardo. Formação e desconstrução: uma visita ao museu da ideologia francesa. São Paulo: Editora 34, 2021.

BALDACCI, Cristina. Archivi impossibili. Turim: Johan & Levi, 2016.

BENKLER, Yochai. The wealth of networks: how social production transforms markets and freedom. New Haven: Yale University Press, 2006.

BETTIG, Roland. Copyrighting culture: the political economy of intellectual property. Boulder: Westview Press, 1996.

BEYLIS, Guillermo; JAEF, Roberto; MORRIS, Michael; SEBASTIAN, Ashwini; SINHA, Rishabh. Efecto viral: covid-19 y la transformación acelerada del empleo en América Latina y el Caribe. Washington: Banco Mundial, 2020.

BITTENCOURT, Circe. Reflexões sobre o ensino de História. Estudos Avançados, São Paulo, v. 32, 2018.

BUFACCHI, Vittorio. Truth, lies and tweets: a consensus theory of post-truth. Philosophy & Social Criticism, Londres, v. 47, n. 3, 2020.

CAMERON, Duncan. The museum, a temple or the forum. Curator, v. 14, 1971.

CANAVESE, Mariana. Los usos de Foucault en Argentina. Buenos Aires: Siglo XXI, 2015.

CARDOSO, Oldimar. Para uma definição de didática da história. Revista Brasileira de História, São Paulo, v. 28, n. 55, 2008.

CASTRO-GÓMEZ; Santiago; GROSFOGUEL, Ramón. El giro decolonial: reflexiones para una diversidad epistémica más allá del capitalismo global. Bogotá: Siglo del Hombre Editores, 2007.

CARRETERO, Mario; MONTANERO, Manuel. Enseñanza y aprendizaje de la historia: aspectos cognitivos y culturales. Cultura y Educación, v. 20, 2008.

CAUVIN, Thomas. Public history. Londres: Routledge, 2016.

CEPAL. Estado de la banda ancha en América Latina y el Caribe. Santiago: ONU, 2018.

CRYMBLE, Adam. Technology and the historian: transformations in the digital age. Champaign: University of Illinois Press, 2021.

CURY, Marilia Xavier. Lições indígenas para a descolonização dos museus. Cadernos CIMEAC, Uberaba, v. 7, n. 1, 2017.

DILTHEY, Wilhelm. Einleitung in die Geisteswissenschaften: Versuch einer Grundlegung für das Studium der Gesellscahft und der Geschichte. Leipzig: Teubner, 1922. (Gesammelte Schriften I)

FAGUNDES, Gustavo Godoy. Livro didático, ensino de história e formação identitária nos anos iniciais do ensino fundamental. 102 f. Dissertação (Mestrado em Planejamento e Análise de Políticas Públicas) – Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Franca, 2020.

FANON, Frantz. Peau noire, masques blancs. Paris: Seuil, 1952.

FARIA, Rafael Emilio. Reprodução de paradigmas: o conceito de colonialidade para análise dos livros didáticos de história. Dissertação (Mestrado em Planejamento e Análise de Políticas Públicas) – Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Franca, 2021. (em preparação).

FLORESCANO, Enrique. El patrimonio nacional de México. Mexico, DF: Fondo de Cultura, 1997. (2 vols.)

FLORESCANO, Enrique. La historia debe formar al ciudadano y desarrollar sus habilidades para su aportación social. Actas, v. 3, 2006.

FONSECA, Sérgio César; NARITA, Felipe Ziotti. Conflito e cultura histórica. In: MARTINO, Vânia. Ensino de história I. Curitiba: CRV, 2018.

FONTAL MERILLAS, Olaia. Educación patrimonial: retospectiva y prospectivas para la próxima década. Estudios Pedagógicos, v. 42, 2016.

FONTANA, Josep. Qué historia enseñar?. Clio & Asociados, v. 7, 2004.

FOUCAULT, Michel. Qu’est-ce que la critique? Critique et Aufklärung (1978). Paris: Vrin, 2015.

GARCÍA VALECILLO, Zaida. Estrategias educativas para la valoración del patrimonio cultural en la educación básica en Venezuela. Educere, Bogotá, v. 11, 2007.

GIDDENS, Anthony. A vida em uma sociedade pós-tradicional. In: GIDDENS, Anthony; LASH, Scott; BECK, Ulrich. Modernização reflexiva. São Paulo: Editora Unesp, 2012.

GARCIA CANCLINI, Nestor. Ciudadanos reemplazados por algoritmos. Guadalajara: Universidad de Guadalajara, 2020.

GIORDANO, Verónica; RODRÍGUEZ, Gina Paola. Memorial struggles and power strategies of the rights in Latin America today. Universitas, Quito, v. 31, 2019.

GÓMEZ CARRASCO, Cosme; RODRÍGUEZ PÉREZ, Raimundo. La historia como materia formativa: reflexiones epistemologicas e historiográficas. Revista de Historiografía, v. 27, 2017.

GRANJA MATIAS, Simon. No volverá la cátedra de historia a los colegios. El Tiempo, Bogotá, 17 jan. 2018.

GRECO, Gian; FLORIDI, Luciano. The tragedy of the digital commons. Ethics and Information Technology, v. 6, n. 2, 2004.

HABERMAS, Jürgen. Strukturwandel der Öffentlichkeit. Frankfurt am Main: Suhrkamp, 1990.

HALL, Stuart. The question of cultural identity. In: HALL, Stuart; HALL, David; MCGREW, Tony. Modernity and its futures. Londres: Polity, 1992.

HEIDEGGER, Martin. Ontologie: Hermeneutik der Faktizität. Frankfurt am Main: Vittorio Klostermann, 1988. (Gesamtausgabe 63)

JAY, Paul. The humanities crisis and the future of literary studies. Nova York: Palgrave Macmillan, 2014.

KUDLÁCOVÁ, Blanka. History of education and historical-educational research in Slovakia through the lens of European context. Espacio, Tiempo y Educación, v. 3, 2016.

LE GOFF, Jacques. L’histoire nouvelle. In: LE GOFF, Jacques. La nouvelle histoire. Paris: Éditions Complexe, 2006.

LEGÊNE, Susan; AKKER, Chiel. Museums in a digital culture. Amsterdam: Amsterdam University Press, 2020.

LESSIG, Lawrence. Code and other laws of cyberspace. Nova York: Basic Books, 1999.

LOUKISSAS, Yanni. All data are local. Cambridge: MIT Press, 2019.

MALDONADO-TORRES, Nelson. Outline of ten theses on coloniality and decoloniality. Foundation Frantz Fanon, Paris, 26 out. 2016.

MANOEL, Ivan Aparecido. O ensino de história no Brasil: origens e significados. Cadernos CIMEAC, Uberaba, v. 1, n. 1, 2011.

MANOVICH, Lev. Cultural data: possibilities and limitations of the figital data universe. In: GRAU, Oliver; COONES, Wendy; RÜHSE, Viola (ed.). Museum and archive on the move: changing cultural institutions in the digital era. Berlin: Gruyter, 2017.

MAXWELL, W. David. The plight of the humanities. Journal of Aesthetic Education, v. 3, n. 2, 1969.

MCCULLOCH, George. History of education. In McCulloch, G.; Crook, D. (eds.). The Routledge International Encyclopedia of Education. Londres: Routledge, 2008.

MEMMI, Albert. Le racisme. Paris: Gallimard, 1982.

MENESES, Ulpiano. A problemática da identidade cultural nos museus. Anais do Museu Paulista, São Paulo, n. 1, 1993.

MESA MADRID, Miguel; ZÁPATA GIRALDO, Edwin. Entretejiendo prácticas decoloniales en la enseñanza de la historia. 140 f. Monografia (Licenciatura em Ciências Sociais) - Universidade de Antioquia, Medellín, 2017.

MESA Y LEOMPART, José. Compendio de la historia de América. Paris: Rosa y Bouret, 1870. (2 vols.)

MIGNOLO, Walter. Educación y decolonialidad: aprender a desaprender para poder re-aprender. Revista del IICE, v. 35, 2014.

MIGNOLO, Walter. Local histories, global designs: coloniality, subaltern knowledges, and border thinking. Princeton: Princeton University Press, 2010.

MORELOCK, Jeremiah; NARITA, Felipe Ziotti. The society of the selfie: social media and the crisis of liberal democracy. Londres: University of Westminster Press, 2021.

NARITA, Felipe Ziotti. Ainda aprender com a história?. In: FONSECA, Sérgio César; JESUS, Carlos Gustavo. Ensinar história: currículos, práticas e sujeitos. São Paulo: Millennium Books, 2021a.

NARITA, Felipe Ziotti. A educação da sociedade imperial. Curitiba: Appris, 2017.

NARITA, Felipe Ziotti. Between a double crisis. In: PIEKARSKA, Anna; JUSKOWIAK, Piotr; KRZESKI, Jakub; SZADKOWSKI, Krystian. Commoning: the common as a process of critique, struggle and change. Poznan: Praktyka Teoretyczna, 2020.

NARITA, Felipe Ziotti. Educação, vida urbana e moralidade: a elaboração do povo e a invenção do social no fim de século brasileiro. 378 f. Relatório (Pós-doutorado) – Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2019.

NARITA, Felipe Ziotti. Morale scolaire et transculturation dans l’espace atlantique au XIXe siècle. In: FONTAINE, Alexandre. Penser la circulation de savoirs sacolaires dans le monde transatlantique. Lormont: Le Bord de l’eau, 2021b.

NARITA, Felipe Ziotti. O século e o império: tempo, história e religião no segundo reinado. Curitiba: Appris, 2014.

NARITA, Felipe Ziotti. Para uma nova figuração da práxis: a teoria social e o princípio do comum. Pós Ciências Sociais, São Luís, v. 15, 2018a.

NARITA, Felipe Ziotti. Unlimited capitalism and the politics of the common. In: RATAJCZAK, Mikolaj; BLESZNOWSKI, Bartlomiej. Cooperation as the institution of the common. Poznan: Praktyka Teoretyczna, 2018b.

NARITA, Felipe Ziotti; KATO, Danilo Seithi. Construção democrática e educação popular: para um esquema interpretativo da América Latina. Cadernos CIMEAC, v. 10, n. 3, 2020.

NUSSBAUM, Marta. Not for profit: why democracy needs the humanities. Princeton: Princeton University Press, 2010.

PANDEL, Hans-Jürgen. Geschichtsdidaktik. Berlim: Wochenschau, 2017.

PANDEL, Hans-Jürgen. Geschichtskultur. In: MAYER, Ulrich (Org.) Wörterbuch Geschichtsdidaktik. Schwalbach: Wochenschau, 2006.

PÉREZ HERRERO, Pedro; GARCIA FERNÁNDEZ, Gonzalo. La importancia de la enseñanza de la historia para el futuro de los estudiantes. The Conversation, Nova York, 7 ago. 2019.

PERLOFF, Marjorie. Crisis in the humanities?. In: PERLOFF, Marjorie. Differentials: poetry, poetics, pedagogy. University of Alabama Press, 2004.

PETRAZZINI, Ben. Digital poverty: Latin American and Caribbean perspectives. Warwickshire: Intermediate Technology Publications, 2007.

PLÁ, Sebastián. La enseñanza de la historia como objeto de investigación. Secuencia, México DF, v. 84, 2012.

PLUMB, John. Crisis in the humanities. Baltimore: Penguin, 1964.

POMIAN, Krzysztof. Des saintes reliques à l’art moderne. Paris: Galliard, 2003.

PRIETO, Guillermo. Compendio de historia universal. Mexico: El Gran Libro, 1888.

RAMALLO, Francisco. Narrativas descoloniales, (re)escrituras de la historia y enseñanzas otras. Educación, Lenguaje y Sociedad, v. 14, 2017.

RESTREPO, Eduardo; ROJAS, Axel. Inflexión decolonial: fuentes, conceptos y cuestionamientos. Bogotá: Editorial Universidad del Cauca, 2010.

RHEINGOLD, Howard. The virtual community. Cambridge: MIT Press, 2000.

ROCA, Andrea. Acerca dos procesos de indigenização dos museus. Mana, Rio de Janeiro, v. 21, 2015.

ROSNAY, Mélanie; STALDER, Felix. Digital commons. Internet Policy Review, v. 9, n. 4, 2020.

RÜSEN, Jörn. Lebendige Geschichte. Göttingen: Vandenhoeck & Ruprecht, 1989.

SCHEINER, Livia. Formação histórica em alunos do ensino de jovens e adultos. In: NARITA, Felipe Ziotti; CUNHA, Marcus Vinicius; SILVA, Tatiane (Orgs.). Educação em perspectiva histórica. Franca: História e Cultura, Unesp, 2015.

SCHMIDT, Maria Auxiliadora; BARCA, Isabel; URBAN, Ana Claudia. Passados possíveis: a educação histórica em debate. Ijuí: Unijuí, 2014.

SCHNAPP, Jeffrey; PRESNER, Todd. Manifeste pour des humanités numériques 2.0. Multitudes, Paris, v. 59, 2015.

SHORTER, Edward. The historian and the computer. Nova York: Prentice Hall, 1971.

SIERRA, Justo. Compendio de historia de la antigüedad. México DF: UNAM, 1984 [1880]. (Obras completas, vol. 10)

SÖDERBERG, Johan. Copyleft vs. copyright. First Monday, Chicago, v. 7, n. 3, 2002.

SORJ, Bernardo; MARTUCCELLI, Danilo. O desafio latino-americano: coesão social e democracia. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2008.

SPIVAK, Gayatri. Can the subaltern speak?. In: WILLIAMS, Patrick. Colonial discourse and post-colonial theory. Heartfordshire: Harvester Wheatsheaf, 1994.

TERRANOVA, Tiziana. Network culture: politics for the information age. Londres: Polity Press, 2004.

TRIGO, Benigno. Foucault and Latin America. Londres: Routledge, 2002.

VARINE, Hugues. L’initiative communautaire. Paris: Éditions Mnes, 1991.

WRIGHT MILLS, Charles. The power elite. Oxford: Oxford University Press, 1999.

Publicado
28-07-2021
Como Citar
NARITA, F. Horizontes do ensino de história na América Latina. Fronteiras: Revista Catarinense de História, n. 37, p. 247-270, 28 jul. 2021.