“POVOS DA FLORESTA”! TRABALHO E EDUCAÇÃO ENQUANTO ESPAÇOS DEMOCRÁTICOS
Resumo
Este texto pretende discutir como, para os povos da floresta, a educação e o trabalho apresentam-se ao mesmo tempo como conquista e desafio na construção de espaços democráticos numa Amazônia que abrange a maior biodiversidade do planeta. A expressão “povos da floresta” nasceu com Chico Mendes. Retomada na segunda metade do século XIX, após a crise da borracha no Norte do país, remete ao processo de resistência empreendido não só pelos seringueiros e seringueiras, mas pelos povos extrativistas da Amazônia. A defesa de seu território sucessivamente foi motivo de sua organização e de suas lutas na condição de reprodução social e material da vida dos povos/mulheres da floresta. Chico Mendes é a figura emblemática e, ao mesmo tempo, inspiradora da luta, uma liderança que esteve presente e fez frente aos movimentos realizados em defesa da floresta. A defesa de um modo de vida digno e com qualidade para essa população era seu principal lema. Com a expropriação da indústria norte-americana dessas populações, foi necessário constituir um movimento de resistência dos seringueiros que, aos poucos, iam sendo “trocados” por “barões da borracha” e por imigrantes de outras regiões. Apesar de não ter deixado escritos sobre educação, pedagogia ou trabalho, Chico Mendes, com sua vida, ensinou a muitos sobre a importância da educação como sendo, na prática, um ato político. A ação educativa é estratégica no fortalecimento dessas populações.