PSICOLOGIA E PASTORADO LAICO: PENSANDO AS ESTRATÉGIAS DE GOVERNO DA INFÂNCIA

  • Sandra Raquel Santos de Oliveira
Palavras-chave: Psicologia. Pastorado. Governo. Infância.

Resumo

Esse artigo é parte de uma pesquisa que tem como objetivo pensar as estratégias de cuidado e pedagógicas investidas sobre a infância que de alguma forma estão envolvidas na produção do que chamaremos de uma “cultura da mansidão”. Seguimos na espreita de que muitas práticas de cuidado e pedagógicas, envolvendo de forma privilegiada as práticas psicológicas, são acionadas no sentido de compor estrategicamente com as políticas de amansamento. A principal chave conceitual para pensar essas estratégias é a noção de pastorado de Estado/laico ou contemporâneo, uma atualização de práticas pastorais de um cristianismo ocidental moderno institucionalizado na forma-igreja em práticas orientadas por saberes qualificados como científicos e articulados a práticas de governo. Nesse sentido, a colaboração histórica da Psicologia nesses processos configura-se como uma demanda do aparecimento da sociedade moderna para legitimar os modos de existir individualizados e docilizados como dominantes, portanto, os mais próximos do que seria considerado como normal e saudável, através de táticas medicalizantes e judicializantes. Por outro lado, como campo de produção inventiva, a Psicologia pode colaborar para operar fissuras com essa lógica individualizante fartamente fortalecida pelos processos de medicalização dos chamados processos de cuidado, de aprendizagem e desenvolvimento humanos. Entretanto, parece que a transformação das práticas hegemônicas depende fundamentalmente dos lugares estratégicos que ocupamos e da maneira como ocupamos. Não se pode perder de vista a permeabilidade das funções institucionais e desses lugares de poder, entendendo- -os como os modos possíveis de efetivarmos nossas políticas.

Publicado
04-09-2019
Como Citar
SANTOS DE OLIVEIRA, S. PSICOLOGIA E PASTORADO LAICO: PENSANDO AS ESTRATÉGIAS DE GOVERNO DA INFÂNCIA. Gavagai - Revista Interdisciplinar de Humanidades, v. 5, n. 1, p. 78-96, 4 set. 2019.