O Inconsciente Sociológico
Émile Durkheim, Claude Lévi-Strauss e Pierre Bourdieu no espelho da Filosofia
Resumo
Não basta constatar que Emile Durkheim, Claude Lévi-Strauss e Pierre Bourdieu receberam os três uma formação filosófica – sem nunca deixarem de afirmar, em termos de surpreendente proximidade, que fogem da filosofia ou que rompem com as formas do pensamento filosófico, constituindo a condição de possibilidade de toda pesquisa nas ciências humanas e sociais – sem questionar se não haveria uma relação direta entre o ethos sociológico e um tipo de conexão com a filosofia. A "ruptura" com a filosofia nunca é, de fato, total: a imagem que os sociólogos têm da sociologia é, pelo contrário, fortemente dependente da imagem negativa que têm da filosofia, que invocam sempre, como uma folha ou um espectro que se deveria esforçar-se para afastar. A percepção sociológica da filosofia constitui, portanto, um sistema de oposições, um conjunto de gostos e aversões profundamente enraizados nos cérebros dos praticantes das ciências humanas e sociais – e que estão, por assim dizer, no próprio fundamento da disciplina e da definição que ela dá de sua identidade. Ao reconstruí-lo, este artigo oferece uma análise sociológica da gênese, estrutura e função do inconsciente sociológico.
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