Agamben e a peste
reflexões metodológicas
Resumo
Este trabalho analisa e critica a abordagem de Giorgio Agamben acerca da Pandemia do COVID-19, demonstrando que o autor aplica de modo apressado suas concepções sobre a substituição progressiva da vida enquanto enquanto bios pela vida enquanto zoé durante a pandemia, não observando a complexidade das relações de poder que se estabeleceram no período, nem a história dos elementos envolvidos que nos permitem compreender a fonte de alguns problemas identificados pelo autor. Nesse sentido, mostramos que há resistências engendradas por parcelas da população mundial contra a biopolítica anti-COVID-19, como também há demanda, por outras parcelas, de políticas públicas que defendam a vida do vírus em circulação. Além disso, nos baseamos no materialismo histórico para mostrar que a redução do humano ao simples vivente encontra um solo firme nas próprias relações de produção capitalistas (através da compreensão do valor como dispêndio de energia fisiológica), não sendo um fenômeno que, como Agamben faz parecer, se explicaria apenas pela análise do movimento das ideias do Ocidente.
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