GRUPO ABERTO DE CRIANÇAS: QUAIS AS POSSIBILIDADES DE CONVIVÊNCIA E INTERVENÇÃO?

Palavras-chave: Vínculos grupais, Extensão Universitária, Infância, Saúde mental

Resumo

O presente artigo configura-se como um relato de experiência acerca de um grupo aberto destinado ao atendimento de crianças com até 11 anos de idade. As atividades são realizadas semanalmente na Clínica Psicológica da Universidade Estadual de Londrina, com duração de uma hora e 30 minutos, por meio de um projeto de extensão. Tendo em vista a experiência na coordenação da atividade, objetiva-se apresentar os desafios e desdobramentos na condução de um grupo aberto e heterogêneo com crianças. Nota-se que, embora essa modalidade de intervenção clínica não atenda a queixas específicas dos participantes, tem proporcionando a interação entre as crianças, a identificação de riscos quanto ao desenvolvimento infantil e a promoção da saúde mental com obtenção de benefícios terapêuticos em decorrência do compartilhamento de vivências e dificuldades. Todavia, o setting grupal, aberto e heterogêneo, exigiu o manejo dos coordenadores para integrar crianças em idades diferentes. Os responsáveis demandavam uma cura para as queixas ou diagnósticos prévios, sendo necessário pontuar que o grupo não tinha este objetivo, mas poderia conceder benefícios na melhora do quadro. Ademais, a constante entrada e saída de membros gerava rupturas na formação de vínculo, fato que demandou constante intervenção dos coordenadores, no sentido de pontuar este movimento.

Palavras-chave: Vínculos grupais; Extensão Universitária; Infância; Saúde mental

 

 

 

 Open group of children: What are the possibilities for coexistence and intervention?  

Abstract: The present article is an experience report about an open group for children up to 11 years old. The activities happened weekly in the Psychological Clinic of the State University of Londrina (Londrina, Brazil), lasting about one hour and 30 minutes, through an extension project. From the coordination experience in the groups, the objective is to present the challenges and consequences in the management of an open and heterogeneous children group. Although this modality of clinical intervention does not attend specific complaints of the participants, it has provided interaction among the children, the identification of risks in the child development, and the promotion of mental health with therapeutic benefits, as a result of sharing experiences and difficulties. However, the open and heterogeneous group setting required the coordinators' management to integrate children of different ages. The parents or guardians demanded a cure for the complaints with previous diagnoses, and it should be noted that the group did not have this goal, but could grant other benefits and possibly improve the current condition. Also, the constant entry and exit of members created ruptures in the formation of bonds, a fact that demanded a constant intervention of the coordinators.

Keywords: Group Bounds; University Extension; Childhood; Mental health

 

Grupo abierto de niños: ¿Cuáles son las posibilidades de convivencia e intervención?  

Resumen: El presente artículo se configura como un relato de experiencia sobre un grupo abierto destinado a la atención de niños de hasta 11 años de edad. Las actividades se realizan semanalmente en la Clínica Psicológica de la Universidad Estatal de Londrina (Londrina, Brasil), con una duración de una hora y 30 minutos, por medio de un proyecto de extensión. Con vistas a la experiencia en la coordinación del grupo, se pretende presentar los desafíos y desdoblamientos en la conducción de un grupo abierto y heterogéneo con niños. Se observa que, aunque esta modalidad de intervención clínica no atiende a quejas específicas de los participantes, tiene proporcionando la interacción entre los niños, la identificación de riesgos en cuanto al desarrollo infantil, la promoción de la salud mental, con obtención de beneficios terapéuticos, en consecuencia del compartir de vivencias y dificultades. Sin embargo, el entorno grupal abierto y heterogéneo requirió la gestión de coordinadores para integrar a niños de diferentes edades. Los tutores exigieron una cura para las quejas o los diagnósticos anteriores, y debe tenerse en cuenta que el grupo no tenía este objetivo, pero podría proporcionar beneficios para mejorar la condición. Además, la entrada y salida constante de los miembros generó rupturas en la formación del vínculo, un hecho que exigió la intervención constante de los coordinadores, para puntuar este movimiento.

Palabras-clave: Lazos de grupo; Extensión Universitaria; Infancia; Salud mental

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Larissa Osete Souza, Centro Universitário Filadéfil

Psicóloga pelo Centro Universitário Filadélfia.

Maíra Bonafé Sei, Universidade Estadual de Londrina - UEL

Psicóloga, Mestrado, Doutorado e Pós-Doutorado em Psicologia Clínica - IP-USP, Professora Adjunta do Departamento de Psicologia e Psicanálise - UEL.

Referências

AMARAL, A. E. V.; LUCA, L.; RODRIGUES, T. D. C.; LEITE, C. D. A.; LOPES, F. L.; SILVA, M. A. D. Serviços de psicologia em clínicas-escola: revisão de literatura. Boletim de Psicologia, v. 62, n. 136, p. 37-52, 2012.

BASSO, L., DE SOUZA, R. M., ARAÚJO, S., & CÂNDIDO, C. L. Possibilidade de transformação do sujeito a partir dos vínculos no grupo psicoterapêutico infantil. Vínculo, v. 16, n. 1, p. 52-68, 2019.

BRASIL. Lei Nº 8.069, de 13 de julho de 1990 - Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/leis/l8069.htm. Acesso em 13 nov. 2019.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria Nº 2.446, de 11 de novembro de 2014. Redefine a Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS). Diário Oficial da União, Brasília, DF. Disponível em < http://www.saude.gov.br/ images/pdf/2015/fevereiro/23/15.%20PNPS%20revisada%20-%20Portaria%20n%C2%BA%202446.pdf > Acesso em 29 nov. 2019.

CAMPEZATTO, P. von M.; NUNES, M. L. T. Caracterização da clientela das clínicas-escola de cursos de Psicologia da região metropolitana de Porto Alegre. Psicologia: Reflexão e Crítica, v. 20, n. 3, p. 376-388, 2007.

CITADIN, J. R.; KEMCZINSKI, A.; MATOS, A. V. de. Formação de Grupos para Aprendizagem Colaborativa: Um mapeamento sistemático da literatura. Nuevas Ideas En Informática Educativa Tise 2014, v. 10, n. 1, p. 46-54, 2014.

CUNHA, A. C. F.; SANTOS, T. F. A utilização do grupo como recurso terapêutico no processo da terapia ocupacional com clientes com transtornos psicóticos: apontamentos bibliográficos. Cadernos de Terapia Ocupacional da UFSCar, v. 17, n. 2, p.3-14, 2009.

GAUY, F. V.; FERNANDES, L. F. B. Um panorama do cenário brasileiro sobre atendimento psicológico em clínicas-escola. Paidéia (Ribeirão Preto), v. 18, n. 40, p. 401-404, 2008.

GUERRELHAS, F.; BUENO, M.; SILVARES, E. F. M. Grupo de ludoterapia comportamental x grupo de espera recreativo infantil. Revista Brasileira de Terapia Comportamental Cognitiva, v. 2, n. 2, p. 157-169, 2000.

GUIMARAES, M. C.; MALAQUIAS, J. H. V.; PEDROZA, R. L. S. Psicoterapia infantil em grupo: possibilidades de escuta de subjetividades. Revista Mal-Estar e Subjetividade, v. 13, n. 3-4, p. 687-710, 2013.

HEBERLE, A. Y.; OLIVEIRA, L. A. de. Grupos terapêuticos em saúde mental – uma modalidade na prática dos serviços de atenção a saúde mental. Trabalho de Conclusão de Especialização em Saúde Coletiva: Estratégia Saúde da Família, Joaçaba, UNOESC, 2016. Disponível em: http://www.uniedu.sed.sc.gov.br/wp-content/uploads/2016/09/unoesc-ANDR%C3%89IA-YESS-HEBERLE.pdf. Acesso em: 10 jan. 2019.

MASSIGNANI, L. R. M.; DALMAU, M. B. L.; SABINO, M. M. F. L. Grupo aberto de apoio psicológico na atenção primária: estudo sobre a eficácia de uma estratégia de gestão em um Centro de Saúde no município de Florianópolis. Coleção Gestão da Saúde Pública, v. 6, n. 1, p. 106-127, 2013.

MELO-SILVA, L. L.; SANTOS, M. A. dos; SIMON, C. P. et al. Formação em Psicologia: Serviços escolas em debate. São Paulo: Vetor, 2005.

MOTTA, C. C. L. D.; MORÉ, C. L. O. O.; & NUNES; C. H. S. D. S. O atendimento psicológico ao paciente com diagnóstico de depressão na Atenção Básica. Ciência e Saúde Coletiva, v. 22, n. 3, p. 911-920, 2017.

NEVES, S.; CUNHA, C.; GRANGEIA, H.; CORREIA, A. Grupos de reflexão e ação: uma intervenção psicoterapêutica feminista com mulheres vítimas de violência na intimidade. Ex aequo, n. 31, p. 13-28, 2015.

ORTOLAN, M. L. M.; SEI, M. B.; VICTRIO, K. C. Serviço-escola de psicologia e potencialidades dos projetos de extensão: construção de políticas públicas em saúde mental. Revista Brasileira de Tecnologias Sociais, v. 5, n. 1, p.78-85, 2018.

PERES, V. L. A. Triagem psicológica grupal: procedimento e resultados obtidos com lista de espera de crianças, adolescentes e adultos, em uma clínica-escola de psicologia. Paidéia (Ribeirão Preto), n. 12-13, p. 63-76, 1997.

PINHEIRO, Â. F. S. Técnicas e dinâmicas de trabalho em grupo. Montes Claros: Instituto Federal do Norte de Minas Gerais, 2014. Disponível em < http://ead.ifnmg.edu.br/uploads/documentos/8rrFdOZMbo.pdf > Acesso em 13 nov 2019.

ROSSI, E.; KIRCH, J. A.; ALLGAYER, M. Grupo Terapêutico de Crianças - ampliando o contexto da intervenção. In: ENCONTRO NACIONAL DA ABRAPSO, 15, 2009, Maceió. Anais... Maceió: ABRAPSO, 2009. 9 p. Disponível em: http://www.abrapso.org.br/siteprincipal/images/Anais_XVENABRAPSO/507.%20grupo%20terap%CAutico%20de%20crian%C7as%20-%20ampliando%20o%20 contexto%20da%20interven%C7%C3o.pdf. Acesso em: 10 jan. 2019.

SALINAS, P.; GORAYEB, R. Caracterização funcional de uma clínica-escola de psicologia médica. Aletheia, v. 16, n. 1, p. 83-95, 2002.

SEI, M. B.; MAIRENO, D. P. Grupos abertos na clínica psicológica universitária e a promoção da saúde. In: CONGRESSO NACIONAL DE PSICOLOGIA DA SAÚDE, 12, 2018, Lisboa, 2018. p. 573 - 581. Disponível em: < http://repositorio.ispa.pt/bitstream/10400.12/6213/ 1/12CongNacSaude573.pdf > Acesso em: 05 fev. 2019.

SILVARES, E. F. de M. Invertendo o caminho tradicional do atendimento psicológico numa clínica-escola brasileira. Estudos de Psicologia (Natal), v. 5, n. 1, p. 149-180, jun. 2000.

SIQUEIRA, S. M. C.; JESUS, V. S. D.; SANTOS, E. N. B. D.; WHITAKER, M. C. O.; SOUSA, B. V. N.; CAMARGO, C. L. D. Atividades extensionistas, promoção da saúde e desenvolvimento sustentável: experiência de um grupo de pesquisa em enfermagem. Escola Anna Nery, v. 21, n. 1, e20170021, 2017.

SOUZA, L. V.; DOS SANTOS, M. A. Processo grupal e atuação do psicólogo na atenção primária à saúde. Journal of Human Growth and Development, v. 22, n. 3, p.388-395, 2012.

ZIMERMAN, D. E. Fundamentos básicos das grupoterapias. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.

Publicado
10-12-2019
Como Citar
OSETE SOUZA, L.; PAIVA, G.; BONAFÉ SEI, M. GRUPO ABERTO DE CRIANÇAS: QUAIS AS POSSIBILIDADES DE CONVIVÊNCIA E INTERVENÇÃO?. Revista Brasileira de Extensão Universitária, v. 10, n. 3, p. 175-182, 10 dez. 2019.
Seção
Artigos