ESPAÇOS E TEMPOS VIVIDOS NA ESCOLA: implicações para os processos de subjetivação e ensino-aprendizagem na perspectiva de jovens estudantes e seus professores
Resumo
Partindo de uma discussão existente na literatura acadêmica acerca das transformações em curso na vivência dos tempos/espaços pelos sujeitos sociais e suas repercussões no contexto escolar, buscamos problematizar a forma como essas questões têm sido percebidas por profissionais da educação e estudantes com quem tivemos a oportunidade de dialogar em pesquisas realizadas ao longo dos últimos anos (SILVA, CRISTOFOLI & ZANIN, 2012; ZANIN et al, 2013). Tais pesquisas revelam a falta de sentido do trabalho escolar, sobretudo na perspectiva dos/as estudantes, e a crise de legitimidade que atinge a escola atualmente, colocando em evidência o descompasso existente entre a realidade escolar tal como se apresenta e as novas significações que as categorias de espaço e de tempo alcançaram na contemporaneidade, com implicações para os modos de subjetivação de crianças e jovens, sua escolarização, bem como para a vida em sociedade. As pesquisas nos permitiram acessar, também, as percepções dos sujeitos escolares sobre a forma como a educação integral, concretizada em iniciativas como o Programa Mais Educação, tem impactado suas vivências de tempo/espaço no interior das escolas. No presente artigo, buscamos aproximar esses achados de pesquisa do debate que vem sendo alimentado por outros pesquisadores (CAVALIERE, 2007; GADOTTI, 2009; ARROYO, 2012), os quais apontam tanto a fecundidade das práticas desenvolvidas com base na ideia de educação integral – e, mais amplamente, no questionamento do modelo escolar vigente – quanto as contradições e desafios que acompanham as tentativas de implementá-las no ensino público brasileiro.