ATIVISMO IDENTITÁRIO E O CAPITAL SUBALTERNO
Resumo
No bojo do ativismo hodierno e dos novos e novíssimos movimentos sociais, as lutas identitárias têm ganhado proeminência e poder de ação, apresentando amplo repertório tático e discursivo. Aqui buscamos problematizar as afirmações identitárias a partir dos enunciados de ativistas que reconhecem legitimidade revolucionária ou subversiva, assim como o chamado “lugar de fala”, a detentores de condições específicas de subalternidade e/ou de estigma. Este procedimento de produção contra-hegemônica tem sido observado como resultado de um agenciamento que implica na deslegitimação de discursos e militâncias permeados por identidades dominantes. A identificação de opressores e oprimidos, dominantes e dominados, em seus marcos discursivos lhes permitem criar condições de luta em que se multiplicam os oponentes e se homogeinizam aqueles que possuem o que denominamos “capital subalterno”. Neste marco discursivo, muitos desses grupos se valem da afirmação identitária baseada em determinadas condições de cunho biológico ou cultural e de segmentação binária, tais como homem e mulher, branco e negro, homo e heterossexual, etc. Se por um lado esse binarismo fortalece a intensidade do confronto de certos grupos subalternos ou estigmatizados contra seus oponentes, por outro, reproduz sociabilidades existentes no sistema social opressor e que funcionam exatamente como máquina de opressão, tais como a própria afirmação identitária e seu binarismo cerceador de singularidades. A discussão é baseada principalmente na crítica pós-estruturalista dos dados empíricos coletados por meio de entrevistas, grupos focais e observações etnográficas.