CONFLITOS E PONTES INTERGERACIONAIS NAS RESISTÊNCIAS FEMINISTAS AUTONOMISTAS TRANSLOCAIS LATINOAMERICANAS
Resumo
As práticas e propostas dos feminismos jovens são diversas e têm ganhado cada vez mais expressão no campo feminista. A pesquisa realizou, através de pesquisa de campo e entrevistas com participantes, um mapeamento de práticas dos feminismos jovens, enfocando encontros e festivais feministas autonomistas brasileiros e latinoamericanos que ocorreram entre 2011 e 2014. Situando essas expressões em suas continuidades e rupturas com outras atuações feministas ao longo da trajetória histórica do movimento, e retomando os debates e conflitos que ocorreram nos encontros latinoamericanos no contexto político das últimas décadas, analisamos como os feminismos jovens autonomistas buscam transformação social através da formação de culturas e comunidades de resistência que forneçam o apoio para possibilitar a vivência, no presente e no cotidiano, de relações que se pautem por princípios feministas. São características desses ativismos a criação de metodologias e pedagogias para a construção da autoconsciência e autodeterminação através do compartilhamento de experiências subjetivas, de visões interpretativas sobre a realidade e de técnicas de autodefesa e outras tecnologias micropolíticas corporais. As análises do campo se concentraram nas práticas organizativas do movimento, apresentando e refletindo criticamente, a partir das falas das colaboradoras da pesquisa, sobre as propostas de autonomia, autogestão e faça-você-mesma, a construção de espaços específicos entre mulheres, lésbicas e trans, a criação de redes de cuidada e apoia mútua, e a busca pela horizontalidade. Analisou-se também os conflitos em torno das relações de poder e as propostas de combate a opressões entre feministas, em especial o etarismo e adultocentrismo, lesbofobia. transfobia, racismo e especismo.