O CINEMA E AS PRISÕES DA REALIDADE: REFLEXÕES SOBRE A MEMÓRIA A PARTIR DOS FILMES O SHOW DE TRUMAN, MATRIX E AMNÉSIA
Resumo
Este artigo tem o objetivo de refletir sobre a construção da memória enquanto prisão do real como resultado acabado, mesmo sendo processo de uma análise subjetiva e fragmentada. Para a construção deste real, ou da verdade, as memórias e representações são tomadas como guias por seu efeito de realidade, mesmo relativizadas pelo seu tempo e espaço e sofrendo transformações e colaborações enquanto processo inacabado. Então, a memória e as representações operam de maneira mimética à presentificação de uma versão que já não está lá, nesta duplicidade que pode ser contada através do cinema. Neste trabalho são analisados três filmes que exploram o limite entre o real e o imaginário, onde as verdades dos protagonistas são substituídas por dúvidas e questionamentos. São eles: O Show de Truman, Matrix e Amnésia. A representação feita pelo cinema enquanto obra de arte opera em determinado grau de realidade, confirmando, negando, transformando, sobrepujando ou transfigurando o real. A busca de uma realidade que faça sentido ao personagem é o laço que, de certo modo, une este tipo de filme. A complexidade da nossa época e o grande número de versões para o mesmo fato acaba por dissimular a noção de verdade absoluta, condição tão reconfortante para o ser humano. O que é o bem e o mal, o certo e o errado quando os fatos apresentados podem ser
manipulados? A resposta, talvez, seja identificar a fragilidade da realidade e adotar os valores universais para criar a construção da memória ao invés de (re)afirmar valores absolutos.