Grafiteiros e pichadores: multivíduos contemporâneos nas metrópoles
Resumo
Este artigo é decorrente da pesquisa de mestrado: A gente chega e se apropria do espaço! Graffiti e pichações demarcando espaços urbanos em Porto Alegre, que possuiu como objetivo problematizar e analisar as práticas culturais de grafiteiros e pichadores em Porto Alegre-RS, Brasil. Utilizando como metodologia abordagens de cunho etnográfico e construindo um corpus de pesquisa com fotografias, filmagens, diários de campo e entrevistas conclui-se que através de suas práticas os grafiteiros e pichadores atuam em redes sociais móveis, plurais e abertas. Considerados culturas juvenis contemporâneas, tais grupos ocupam diferentes espaços da metrópole, demarcando-a com uma visualidade característica. A metrópole, como uma pós-cidade contemporânea, descentraliza-se e se pluraliza, modifica sua organização arquitetônica e geográfica. Também os habitantes metropolitanos, indivíduos “modernos”, transformam-se em multivíduos que territorializam e desterritorializam todos os espaços urbanos. O multivíduo é o sujeito na metrópole que atinge e ocupa todos os seus espaços, que flui através dos novos panoramas urbanos, que “escapa” dos formais conceitos de indivíduo e/ou habitante citadino. A partir dos
conceitos e reflexões expostos, outras possibilidades de estudo se apresentam: grafiteiros e pichadores se espacializam para além do espaço urbano e físico e, em conjunção com as novas tecnologias digitais (celulares, computadores, filmadoras, câmeras fotográficas), expandem suas práticas culturais para os ambientes virtuais. Sendo assim, tais culturas juvenis urbanas provocam uma desterritorialização constante que atravessa todos os espaços urbanos e multiplica a percepção sobre a metrópole.
