POR UMA ANTROPOLOGIA DA RESISTÊNCIA
DOI:
https://doi.org/10.36661/2358-0666.2020v7n2.12169Palavras-chave:
Fazer Antropológico, Classe Trabalhadora., Resistência., Capitalismo.Resumo
Antes de qualificar a antropologia como resistência é necessário pensar: o que é a antropologia? A antropologia não é. Ser isso, além de uma vantagem poética, é uma condição permanente de autoconstrução metodológica, paradigmática e política. Neste ensaio, proponho revisitar o que Sherry Ortner (2016) chama de antropologia da resistência e mobilizar discussões sobre o fazer antropológico o situando nas margens sociais, apresento algumas reflexões da minha pesquisa de doutoramento que tem por objetivo pensar o que Thompson (1998) chama de fazer-se da classe trabalhadora. E a partir desse conjunto analítico apresento a trajetória de José, “um homem simples”, um trabalhador sertanejo que existe no contraditório, que produz vida contrariante ao determinismo econômico que o tipifica: precarizado, exerce a clandestinidade de ser além das desqualificações sociais violentas e desumanizadoras que se impõe socialmente e, a teoria que o estanca e o torna indizível. A construção de uma antropologia da resistência está no volume crítico de sua teorização e em sua capacidade de romper com respostas totalizantes que submetem o sujeito a consequências inequívocas, retroalimentando uma posição estagnada na sociedade que a tornam fatalmente murcha e sem vida. Convido a pensar sobre uma antropologia da resistência que reconhece a extensão das estruturas e racionalidades espremedoras da humanidade, mas que enxerga a resistência não apenas em suas quebras, mas na maciez produzida pelos sujeitos para evitar ou diminuir o quebramento.