TERRITÓRIO E POPULAÇÃO: ENTRE A GOVERNAMENTALIDADE E A RESISTÊNCIA
Resumo
A governamentalidade, segundo Foucault, é uma razão de Estado que
têm a população como objeto, a economia política como principal saber e os dis-
positivos como instrumentos estratégicos de poder para garantir o controle dessa
população no sentido de produzir a melhor economia. Se entendemos dispositivo
como um conjunto de elementos discursivos e não discursivos que cumprem fun-
ções estratégicas para uma determinada governamentalidade, é possível ver mui-
tas aproximações com o urbanismo, aqui compreendido como um conjunto de
saberes discursivos e não discursivos que determina ações de controle e ordena-
mento da população no território - onde se trabalha, reside, circula, consome etc.,
a fim de garantir a melhor economia. Por outro lado, essa mesma cidade urbanisti-
camente determinada também abriga territórios com populações comprometidas
corporalmente em potentes ações de resistência, ou seja, em lutas que estão para
além de meras reações à governamentalidade, e que expressam o poder em seu
caráter operatório e positivo. Partindo dessas premissas, o que se pretende discutir
neste ensaio, tendo como referencia algumas práticas urbanísticas no território,
são esses diferentes mecanismos de atuação do poder seja como força discipli-
nadora e normalizadora biopolítica em busca de garantir a governamentalidade,
seja a partir de potentes linhas de força no sentido da recusa em ser governado
ou conduzido.
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