Plano de logística sustentável nas instituições públicas: uma revisão sistemática da literatura
Karla Ghellere Rodriguez¹
Eliane Delgado Rodrigues²
Tiago Fernando Hansel³
Resumo
Este artigo realiza uma revisão sistemática de literatura sobre os Planos de Logística Sustentável nas instituições públicas brasileiras, destacando a crescente relevância do tema a partir da Conferência de Estocolmo de 1972, que foi um marco para a conscientização global sobre a sustentabilidade, incentivando a integração de práticas sustentáveis principalmente na administração pública. A implementação do Plano de Logística Sustentável no Brasil, inicialmente regulamentado pelo Decreto nº 7.746/2012 e atualmente ajustado pela Lei nº 14.133/2021 e Portaria SEGES/ME 8.678/2021, visa promover eficiência nas contratações públicas, equilibrando aspectos econômicos, sociais e ambientais. Este artigo revisa sistematicamente a literatura sobre o PLS, buscando consolidar conhecimentos, identificar práticas exitosas, desafios e lacunas de pesquisa e desenvolvimento sobre o tema. A pesquisa utilizou metodologia qualitativa, com revisão sistemática de literatura conduzida por meio da ferramenta Parsifal erealizada em bases de dados como Web Of Science, Scopus e IBICT, resultando na análise de 17 artigos científicos relevantes. Os resultados revelam um interesse acadêmico crescente, porém ainda limitado, sobre a importância do PLS nas instituições públicas brasileiras e que as principais práticas adotadas incluem a coleta seletiva, a gestão de resíduos, o uso racional de água e energia e a sustentabilidade nas compras públicas. Por outro lado, persistem como principais desafios a serem superadosa necessidade de integração das ações sustentáveis de maneira coerente em todas as áreas das instituições, a falta de capacitação dos servidores.
Palavras-chave:Sustentabilidade; Plano de Logística Sustentável; Administração Pública.
Sustainable Logistics Plan in Public Institutions: A Systematic Literature Review
Abstract
This article conducts a systematic literature review on Sustainable Logistics Plans in Brazilian public institutions, highlighting the growing relevance of the topic since the 1972 Stockholm Conference, which was a milestone for global awareness on sustainability, encouraging the integration of sustainable practices, especially in public administration. The implementation of the Sustainable Logistics Plan in Brazil, initially regulated by Decree No. 7.746/2012 and currently adjusted by Law No. 14.133/2021 and Ordinance SEGES/ME 8.678/2021, aims to promote efficiency in public procurement, balancing economic, social, environmental, and cultural aspects. This article systematically reviews the literature on the PLS, seeking to consolidate knowledge, identify successful practices, challenges, and research gaps on the topic. The research employed a qualitative methodology, with a systematic literature review conducted using the Parsifal tool and databases such as Web Of Science, Scopus, and IBICT, resulting in the analysis of 17 relevant scientific articles. The results reveal a growing, yet still limited, academic interest in the importance of the PLS in Brazilian public institutionsand that the main practices adopted include selective collection, waste management, rational use of water and energy and sustainability in public procurement. On the other hand, the main challenges to be overcome are the need to integrate sustainable actions in a coherent way across all areas of the institutions, and the lack of training for civil servants.
Keywords:Sustainability; Sustainable Logistics Plan; Public Administration.
Recebido em: 24/01/2025
Aceito em: 28/02/2025
Publicado em: 04/05/2025
1 Introdução
A Conferência de Estocolmo, realizada em 1972, foi um marco para o aumento da percepção global sobre a importância da sustentabilidade. Este evento, oficialmente conhecido como a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, reuniu líderes mundiais, cientistas e ativistas para discutir questões ambientais e suas implicações socioeconômicas (Dias, 2017; Godoy; Moreira, 2021).
A partir desta conferência, a sustentabilidade passou a ser reconhecida como uma preocupação central para o desenvolvimento humano, destacando a necessidade de equilibrar o crescimento econômico com a preservação ambiental. Desde então, a Administração Pública tem se empenhado em criar mecanismos que incorporem a sustentabilidade nas atividades de diversos órgãos públicos, com destaque para a implementação do Plano de Logística Sustentável (Gazzoni, et al. , 2016).
O Plano de Logística Sustentável (PLS), foi inicialmente imposto pelo Decreto nº 7.746, de 5 de junho de 2012 como regulamentação do art. 3º da Lei nº 8.666, de 1993 e sob a luz da nova Lei de Licitações e Contratos, a Lei nº 14.133, de 2021, está sujeito às disposições trazidas pela Portaria SEGES/ME 8.678, de 19 de julho de 2021. O PLS é um instrumento de governança essencial na administração pública brasileira que tem como principal objetivo assegurar a eficiência nas contratações públicas, considerando as dimensões econômica, social, ambiental e cultural (Brasil, 2024).
Apesar das normativas criadas pela administração pública como incentivo à implantação de práticas sustentáveis nos órgãos públicos, um estudo realizado por Cabral e Guerrieri (2023) aponta que estas práticas não estão sendo executadas conforme foram planejadas. Neste contexto, este trabalho tem como objetivo realizar uma revisão sistemática da literatura sobre o Plano de Logística Sustentável para consolidar o conhecimento existente, identificar práticas bem-sucedidas, desafios, e lacunas na pesquisa, e fornece diretrizes que podem contribuir para a implementação e aprimoramento de PLS nas instituições públicas.
Este artigo está estruturado em cinco seções, sendo a primeira, a introdução. A segunda seção é o referencial teórico acerca do tema. A terceira seção trata dos procedimentos metodológicos utilizados para o estudo, detalhando as etapas da revisão sistemática de literatura. A quarta seção expõe a discussão dos resultados obtidos. Na quinta e última seção são apresentadas as considerações finais.
2 Referencial Teórico
2.1 Sustentabilidade
Foi a partir da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano em 1972 que o tema da sustentabilidade começou a ganhar força no cenário mundial (Cabral; Guerrieri, 2023). Esta conferência, oficialmente conhecida como a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, reuniu representantes de 113 países, além de diversas organizações internacionais e não governamentais, para discutir os desafios ambientais globais emergentes (Ribeiro; Silva, 2019).
A conferência resultou na Declaração de Estocolmo, que incluía 26 princípios destinados a guiar a governança ambiental global e levou à criação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) (Dellagnesse, 2022). O PNUMA foi criado para coordenar as atividades ambientais dentro do sistema das Nações Unidas e a apoiar os esforços dos países em desenvolvimento para implementar políticas ambientais (Dellagnesse, 2022).
Devido às grandes discussões iniciadas em 1972 sobre sustentabilidade e questões ambientais, durante muito tempo o termo sustentabilidade esteve tradicionalmente associado ao aspecto ecológico (Godoy; Moreira, 2021; Neves, 2024). Porém, para Coelho e Araújo (2011, p. 264):
(...) a sustentabilidade pode ser definida como um conceito relacionado à continuidade dos aspectos econômicos, políticos, sociais, culturais e ambientais da sociedade humana. Deste modo, para que um empreendimento humano seja sustentável, deve se basear nesses cinco alicerces, tendo de ser economicamente viável, politicamente adequado, socialmente justo, culturalmente aceito e ecologicamente correto.
Segundo Trajano (2024), a partir dos anos 2000, o conceito de sustentabilidade evoluiu com o reconhecimento do modelo Triple BottomLine, ou tripé da sustentabilidade, proposto pelo professor John Elkington em 1997. Esse modelo propõe que a sustentabilidade deve abranger, além do aspecto ambiental, também os critérios econômicos e sociais (Trajano, 2024).
Para Bernardino, Stefani e Zampier (2024), o desenvolvimento sustentável é uma tarefa desafiadora pela busca do equilíbrio dos três pilares, ambiental, econômico e social. Nesse contexto, Goulart e Pietrafesa (2020) afirmam que as dimensões da sustentabilidade enfrentam o desafio de assegurar a continuidade dos recursos naturais, incluindo a responsabilidade social e as interações econômicas focadas em atender às necessidades da sociedade, juntamente com a produção e o desenvolvimento de bens e serviços.
2.2Sustentabilidade na Administração Pública Brasileira
Vinte anos depois da Conferência de Estocolmo, aconteceu no Rio de Janeiro, a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, que ficou conhecida como Rio 92. Neste evento, ficou estabelecido o conceito de desenvolvimento sustentável como: “políticas e estratégias para a harmonia entre consumo e massa e manutenção dos recursos naturais, de modo a não comprometer a capacidade das gerações futuras em satisfazerem suas próprias necessidades” (Basile, 2020).
Em novembro de 1992, foi criado o Ministério do Meio Ambiente tendo como missão promover o desenvolvimento sustentável por meio da elaboração e execução de políticas públicas ambientais nacionais de forma coordenada e acordada com os agentes públicos e a sociedade (MMA, 2024). Desde então, o governo federal vem desenvolvendo legislações com a finalidade de implementar práticas sustentáveis, visando reduzir os impactos ambientais e promover a conservação dos recursos naturais (Franco, et al. , 2017).
Em 1999, o Ministério do Meio Ambiente lançou a primeira versão da Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P), com o objetivo de incentivar a implementação de práticas sustentáveis pelos órgãos públicos do governo federal (MMA, 2024). Contudo, a A3P era um documento de orientações sobre boas práticas, cuja utilização era recomendada, mas dependia de uma mudança de comportamento dos gestores da época para ser efetivamente adotada (Luchtemberg; Assunção, 2020).
A sustentabilidade na administração pública é fundamental para integrar considerações ambientais e sociais nas decisões governamentais (Tavares; Collaço; Oliveira, 2024. Para tornar a sustentabilidade uma prioridade na administração pública, foi publicada, em 19 de janeiro de 2010, a Instrução Normativa nº 01/2010. Esta introduziu a obrigatoriedade da utilização de critérios de sustentabilidade ambiental nas especificações técnicas para aquisições de bens, contratações de serviços e obras nos termos do art. 3º da Lei nº 8.666/1993 (Brasil, 2010).
Com a promulgação da Lei nº 12.349, de 15 de dezembro de 2010, que alterou o art. 3º da Lei nº 8.666/1993, o desenvolvimento nacional sustentável foi oficialmente estabelecido como uma das finalidades do processo licitatório (Brasil, 2010). Com isso, foi publicado o Decreto nº 7.746/2012 que regulamentou o art. 3º da Lei 8.666/1993, e estabeleceu a obrigatoriedade para a administração pública federal direta, autárquica e fundacional, bem como para as empresas estatais dependentes, de elaborar e implementar os Planos de Gestão de Logística Sustentável (Brasil, 2012).
Essa evolução normativa resultou na atualização da legislação de licitações com a entrada em vigor da Lei nº 14.133, de 1º de abril de 2021, que revogou a Lei nº 8.666/1993. A nova lei reforça ainda mais o compromisso com a sustentabilidade ao integrar critérios socioambientais e de governança nos processos licitatórios, promovendo uma abordagem mais ampla e moderna de gestão pública. A Lei nº 14.133/2021 consolida a importância do desenvolvimento sustentável nas contratações públicas, assegurando que as aquisições de bens e serviços e a execução de obras não apenas atendam às necessidades do presente, mas também preservem os recursos para as futuras gerações (Brasil, 2021).
2.3Plano de Logística Sustentável
Em conformidade com a regulamentação do art. 3º da Lei nº 8.666/1993, por meio da publicação do Decreto nº 7.746/2012, ficou instituída a obrigatoriedade de elaboração e implementação do Plano de Logística Sustentável a todos os órgãos e entidades da Administração Pública Federal (Conceição; Sehnem; Schneider, 2023). Porém, foi a partir da publicação da Instrução Normativa nº 10/2012 é que se constituíram as regras para a elaboração dos Planos de Logística Sustentável (Brasil, 2012; Luchtemberg; Assunção, 2020).
A IN nº 10/2012 trouxe como objetivo promover a integração de critérios de sustentabilidade nas atividades administrativas e operacionais da administração pública, assegurando práticas que favoreçam a preservação ambiental, a justiça social e o desenvolvimento econômico equilibrado (Brasil, 2012). A IN nº 10/2012 apresenta também os temas que os PLS devem abranger na promoção das práticas de sustentabilidade, sendo: material de consumo, energia elétrica, água e esgoto, coleta seletiva, qualidade de vida no ambiente de trabalho, compras e contratações sustentáveis e deslocamento de pessoal (Brasil, 2012; Cabral, Guerrieri, 2023).
Com a promulgação da Lei nº 14.133/2021, que revogou a Lei nº 8.666/1993, tornou-se necessária a atualização das normas regulamentadoras para alinhar as novas exigências e diretrizes estabelecidas pela nova lei. Essa atualização visa incorporar práticas mais modernas e eficientes de gestão pública, garantindo a inclusão de critérios de sustentabilidade, transparência e eficiência nos processos de contratação pública. Além disso, a revisão das normas busca harmonizar os procedimentos administrativos, promover a inovação e assegurar que as aquisições públicas contribuam para o desenvolvimento sustentável e a melhoria da qualidade dos serviços prestados à sociedade (MGISP, 2024).
Desta maneira, foi publicada a Portaria SEGES/ME nº 8.678, de 19 de julho de 2021 que estabeleceu a necessidade de implementar e manter mecanismos e instrumentos de governança nas contratações públicas, garantindo a conformidade com os princípios da nova lei de licitações e instituiu o PLS como um instrumento de governança vinculado ao planejamento estratégico e às leis orçamentárias. O PLS deve nortear a elaboração dos planos de contratações anual, estudos técnicos preliminares, anteprojetos, projetos básicos ou termos de referência (Brasil, 2021).
Em 14 de setembro de 2023, foi publicada a Portaria SEGES/MGI nº 5.376, que instituiu o Caderno de Logística do PLS como modelo de referência para ser utilizado pelos órgãos e entidades da administração pública federal direta, autárquica e fundacional. Esta medida está em conformidade com o art. 7º da Portaria SEGES/ME nº 8.678/2021, que estabelece diretrizes para a governança das contratações públicas, promovendo a inclusão de práticas sustentáveis e eficientes na gestão pública (Brasil, 2023).
As ações a serem contempladas no PLS, de acordo com a Portaria SEGES/ME nº 8.678, de 19 de julho de 2021, são: promoção da racionalização e do consumo consciente de bens e serviços, racionalização da ocupação dos espaços físicos, identificação dos objetos de menor impacto ambiental, fomento à inovação no mercado, inclusão dos negócios de impacto nas contratações públicas, e, divulgação, conscientização e capacitação acerca da logística sustentável (Brasil, 2021).
Em seu estudo, Neves (2024), afirma que resta claro que os órgãos e entidades da administração pública não têm mais a opção de adotar critérios e práticas de sustentabilidade nas contratações públicas como uma faculdade. Em vez disso, isso agora é um dever, derivado dos mandamentos estabelecidos na Lei 14.133/21.
3 Metodologia
A metodologia utilizada para atender o objetivo proposto deste trabalho foi uma pesquisa qualitativa realizada por meio de uma revisão sistemática de literatura (RSL). A revisão sistemática da literatura compreende um estudo de trabalhos que já foram publicados sobre o assunto (Galvão; Ricarte, 2019). Para Galvão e Pereira (2014), a RSL é uma investigação secundária que utiliza estudos primários como principal fonte de informações, com o objetivo de mapear, localizar, avaliar e resumir as evidências pertinentes existentes (Galvão; Pereira, 2014).
Assim, a presente RSL busca analisar os estudos primários sobre Plano de Logística Sustentável a partir da identificação de práticas bem-sucedidas, desafios enfrentados e lacunas de pesquisa, proporcionando uma compreensão abrangente das abordagens adotadas e das áreas que necessitam de maior investigação.
Para a presente pesquisa, inicialmente foi elaborado o protocolo de revisão sistemática para compreender as etapas a serem executadas durante a coleta de dados e foi utilizado para encontrar o que já foi escrito sobre o Plano de Logística Sustentável. A questão de pesquisa estabelecida para o estudo foi: como a implementação dos PLSs nas instituições públicas têm evoluído a partir do Decreto nº 7.746, de 5 de junho de 2012?
Para responder à questão, foram definidas as stringsde busca com o seguinte formato: (“plano de logística sustentável" OR "sustainablelogisticsplan”), aplicada para busca nos títulos, palavras-chave e resumos e publicados entre 2014 e 2024. A busca ocorreu no dia vinte e sete de junho de 2024 nas bases de dados Web Of Science, Scopus e IBICT.
Todas as publicações analisadas neste estudo foram realizadas em instituições públicas brasileiras, pois o Plano de Logística Sustentável (PLS) é uma política específica da administração pública do Brasil. No entanto, a busca foi realizada em bases internacionais para garantir um levantamento amplo, considerando que pesquisadores brasileiros podem publicar em periódicos indexados globalmente. Além disso, a inclusão de termos em inglês permitiu verificar se o conceito é abordado em outros contextos.
A ferramenta utilizada para a condução da RSL foi o Parsifal que é uma ferramenta on-line desenvolvida para auxiliar os pesquisadores na condução dos estudos possibilitando o compartilhamento do planejamento e condução da pesquisa entre os autores (Cabrejos; Viana; Santos, 2018). O Parsifal traz a possibilidade de criação de gráficos automáticos conforme as publicações importadas para a ferramenta e possibilita a exportação dos dados para que os autores possam realizar análises mais aprofundadas sobre o estudo de pesquisa (Cabrejos; Viana; Santos, 2018).
Nas buscas foram encontrados 111 trabalhos relacionados com o tema. Ao aplicar o filtro de inclusão de apenas documentos do tipo artigo, foram excluídos da pesquisa 81 documentos. Assim, os 30 artigos resultantes foram inseridos no Parsifal que fez a conferência de que 8 artigos estavam duplicados, restando 22 artigos para a leitura inicial de títulos e resumos. A partir desta análise, foram excluídos 2 artigos que não tinham relação com o tema da pesquisa, restando 20 artigos para leitura completa.
Após a leitura completa e aplicação dos critérios de avaliação estabelecidos no protocolo de revisão sistemática, restaram 17 artigos aceitos para a coleta de dados. O fluxograma do processo de seleção dos estudos está demonstrado na Figura 1.
Figura 1:Fluxograma do processo de seleção dos estudos

Fonte: Elaborado pelos autores
Com base nos artigos selecionados, os periódicos identificados foram o BrazilianJournalofOperations&Production Management (BJOPM), com o maior fator de impacto (1.9), seguido pelo Research, Society andDevelopment, com 1.78, e pelo World Sustainability Series, com 1.5. A Revista Veredas do Direito, presente em dois estudos, apresenta um fator de impacto de 0.4, enquanto a Revista de Gestão Social e Ambiental (RGSA) possui um fator de impacto de 0.2. Esses periódicos são reconhecidos em suas áreas, refletindo a relevância acadêmica das publicações analisadas. No entanto, observa-se que a maioria dos periódicos apresenta impacto predominantemente nacional, evidenciando a importância de ampliar a inserção dos estudos em revistas de maior alcance internacional. O Quadro 1 relaciona os artigos analisados e os periódicos em que foram publicados.
Quadro 1: Artigos analisados e respectivos periódicos
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Título |
Autores e Ano |
Periódico |
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Application of the sustainable logistics plan in the public administration |
Moreira, 2018 |
Brazilian Journal of Operations & Production Management |
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Gestão sustentável de resíduos alimentares em universidades federais: uma análise documental de estratégias no Sudeste Brasileiro |
Souza et al. , 2020 |
Research, Society andDevelopment |
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Sustainability practices in a public university in Bahia, Brazil |
Borges; Dinis; Barros, 2022 |
World Sustainability Series |
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A axiologia do plano de logística sustentável dos tribunais para a sociedade |
Melo; Leao, 2018 |
Veredas do Direito |
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A questão hídrica nas políticas públicas: estudo do plano de logística sustentável do Tribunal de Justiça de Pernambuco |
El-deir; Silva, 2022 |
Veredas do Direito |
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Índice de sustentabilidade como proposta para avaliação socioambiental do desempenho do Tribunal de Justiça Estadual de Alagoas-Brasil |
Silva et al. , 2024 |
Revista de Gestão Social e Ambiental (RGSA) |
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Estratégias e práticas para operacionalização do plano de logística sustentável de uma instituição de ensino superior |
Conceição; Sehnem; Schneider, 2023 |
Revista de Administração, Ciências Contábeis e Sustentabilidade |
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Solidaryselectivecollectionandtheintegrated management ofsolidwaste in the municipalities fromtheFluminense countrysideandtherole of the courtofjustice |
Alves et al. , 2018 |
Holos |
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Plano de gestão de logística sustentável para uma instituição de ensino superior: um plano de ações |
Cordeiro et al. , 2023 |
Novos Cadernos NEAE |
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A sustentabilidade ambiental em bibliotecas universitárias públicas, localizadas em Belém, PA: realidades e desafios |
Brasil; Santana, 2022 |
Ciência da Informação |
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Implantação do Projeto CRQ Verde: A A3P promovendo responsabilidade socioambiental no Conselho Regional de Química da 1ª Região (PE/BRASIL) |
Amorim et al. , 2023 |
Revista Tecnologia e Sociedade |
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Planos de logística sustentável no Poder Judiciário: uma análise do impacto ambiental da implementação do trabalho home office nos tribunais brasileiros |
Raminelli; Arantes, 2021 |
Revista Eletrônica do CNJ |
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Análise do relatório de desempenho de metas do Plano de Logística Sustentável da Seção Judiciária do Maranhão, ano base 2018 |
Costa; Sousa, 2021 |
Revista Eletrônica do CNJ |
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Análise de Instrumentos de Gestão da Sustentabilidade Ambiental em Universidades Públicas Brasileiras |
Dias; Silva, 2022 |
Revista Internacional de Ciências |
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Análise das práticas de sustentabilidade e de racionalização do uso de materiais e serviços nos campi do IFMT a partir dos Planos de Logística Sustentável |
Debacker; Abdalla; Gonçalves, 2022 |
Revista de Administração, Sociedade e Inovação |
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A função social das licitações sob a ótica do plano de gestão de logística sustentável – um estudo nas universidades federais brasileiras |
Sousa; Sousa; Carvalho, 2014 |
XIV Colóquio Internacional de Gestão Universitária (CIGU) |
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O processo de compras sustentáveis da universidade federal de Santa Catarina |
Mueller; Rizzatti Junior, 2018 |
XVIII Coloquio Internacional de Gestión Universitaria |
Fonte: Elaborado pelos autores
4 Análise e discussão dos resultados
Os resultados obtidos por esta revisão sistemática de literatura permitem a análise da quantidade de publicações relacionadas à implementação de PLS nas instituições públicas brasileiras ao longo dos anos. A Figura 2 demonstra a quantidade anual de publicações acadêmicas sobre o tema, considerando os anos de 2014 a 2024. Os dados indicam um interesse ainda tímido com relação aos estudos publicados sobre a importância do PLS nas instituições públicas. Cordeiro et al. (2023) destacam a baixa quantidade de produções científicas sobre Planos de Gestão de Logística Sustentável nas Instituições de Ensino Superior e a variedade de planos adotados pelos diferentes órgãos. Essa diversidade desafia o alinhamento de ações-chave conforme o conteúdo legal exigido pela legislação brasileira.
Figura 2:Produção de estudos selecionados por ano

Fonte: Elaborado pelos autores
Com relação ao conteúdo dos artigos analisados, revela diversas práticas bem-sucedidas e desafios enfrentados na implementação dos Planos de Logística Sustentável (PLS) em diferentes instituições públicas brasileiras. O Quadro 2 demonstra um quadro comparativo dos estudos analisados.
Quadro 2: Práticas e desafios dos PLS
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Autores |
Ano |
Instituição Pública |
Práticas bem-sucedidas |
Desafios |
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Sousa; Sousa; Carvalho |
2014 |
Universidades Federais Brasileiras |
Inserção de critérios de sustentabilidade ambiental nas contratações |
Efetiva aplicação das licitações sustentáveis, que exigem mudanças de comportamento e criação de programas de capacitação |
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Alveset al. |
2018 |
Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ) |
Implementação de programas de coleta seletiva no Fórum de Rio das Ostras |
Alta geração de resíduos de papel pelo Poder Judiciário e a necessidade de envolver toda a sociedade |
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Melo; Leao |
2018 |
Tribunais brasileiros |
Iniciativas de gestão de resíduos |
Falta de uma coordenação centralizada e a resistência à mudança dentro das instituições |
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Moreira |
2018 |
Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJERJ) |
Adoção à Agenda Ambiental da Administração Pública (A3P) e implementação de iniciativas para o uso racional de recursos naturais |
Complexidade de coordenar diversas unidades jurisdicionais e administrativas distribuídas pelo estado |
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Mueller; Rizzatti Junior |
2018 |
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) |
Criação da Coordenadoria de Gestão Ambiental, adesão ao programa A3P, consolidação do PLS e implantação de compras sustentáveis |
Necessidade de atualizar constantemente as práticas sustentáveis e resistência interna à mudança |
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Souzaet al. |
2020 |
Universidade Federal de Viçosa (UFV) |
Implementação de um programa de compostagem que transforma resíduos alimentares em adubo orgânico |
Resistência inicial dos participantes ao novo sistema de separação de resíduos e necessidade de infraestrutura adequada para a coleta e tratamento dos resíduos |
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Costa; Sousa |
2021 |
Seção Judiciária do Maranhão (SJMA) |
Racionalização do uso de materiais e serviços, economia de energia e água |
Promoção da sustentabilidade |
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Raminelli; Arantes |
2021 |
Tribunais brasileiros |
Redução de deslocamentos, diminuição das emissões de poluentes, além de melhor gestão de recursos energéticos |
Adaptação tecnológica, manutenção da produtividade fora do ambiente tradicional de trabalho |
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Borges; Dinis; Barros |
2022 |
Universidade Federal da Bahia (UFBA) |
Conservação de áreas verdes, proteção da fauna, construções sustentáveis e gestão de resíduos |
Implementar medidas de desenvolvimento sustentável |
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Brasil; Santana |
2022 |
Bibliotecas universitárias públicas em Belém (UFPA, UFRA, IFPA) |
Coleta seletiva e substituição de copos descartáveis por canecas de longa duração |
Falta de registro sistemático de consumo de energia e água e ausência de projetos específicos de sustentabilidade |
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Debacker; Abdalla; Gonçalves |
2022 |
Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT) |
Implantação de usinas fotovoltaicas, substituição de copos descartáveis por reutilizáveis, promoção da coleta seletiva e implantação de compras sustentáveis |
Falta de controle do consumo de água e energia e da rede de esgoto e mudança de comportamento entre os usuários |
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Dias; Silva |
2022 |
Universidades públicas brasileiras |
Implementação do PLS, adesão à A3P, de coleta seletiva e uso de materiais recicláveis |
Falta de recursos financeiros, falta de acompanhamento da alta administração |
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El-Deir; Silva |
2022 |
Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) |
Ações de racionalização do uso de água, como a instalação de dispositivos economizadores e campanhas de conscientização |
Necessidade de maior integração das práticas de sustentabilidade e ampliação das ações |
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Amorimet al. |
2023 |
Conselho Regional de Química da 1ª Região (CRQ-1) |
Projeto CRQ Verde, coleta seletiva, não utilização de copos plásticos descartáveis |
Falta de controle sobre práticas sustentáveis já existentes e necessidade de maior adesão a programas ambientais por outros conselhos |
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Conceição; Sehnem; Schneider |
2023 |
Instituto Federal de Ciência e Tecnologia de Santa Catarina (IFSC) |
Gestão de resíduos e o controle do consumo de água e energia, além de ações de conscientização e comunicação/ divulgação |
Falta de atualização do plano de sustentabilidade, e a ausência de informações sobre ações de sustentabilidade no portal da instituição |
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Cordeiroet al. |
2023 |
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) |
Coleta seletiva e uso de material orgânico na compostagem |
Falta de planejamento e acompanhamento sistemático das compras e aquisições sustentáveis |
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Silvaet al. |
2024 |
Tribunal de Justiça Estadual de Alagoas |
Implementação de iniciativas para a redução de consumo de recursos e melhorias na gestão de resíduos |
Integração das práticas de sustentabilidade de forma coerente em toda a organização e necessidade de maior engajamento dos funcionários |
Fonte: Elaborado pelos autores
Com base nas informações coletadas, identifica-se a implementação de diversas ações bem-sucedidas. Dentre as ações mais citadas, estão a coleta seletiva, uso racional de recursos e a gestão de resíduos. Tais ações promovem a reciclagem e a correta destinação dos resíduos, reduzindo o impacto ambiental, e foram observadas nas pesquisas realizadas por Alves et al. (2018), no Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJERJ), Melo e Leao (2018) no Poder Judiciário Brasileiro, no estudo de Borges, Dinis e Barros (2022) realizado na Universidade Federal da Bahia, na pesquisa de Brasil e Santana (2022) quando analisaram as bibliotecas universitárias públicas em Belém, Dias e Silva (2022) em Universidades Públicas Brasileiras, no trabalho de Conceição, Sehnem e Schneider (2023) no Instituto Federal de Santa Catarina, Amorim et al. (2023) no Conselho Regional de Química da 1ª Região, Cordeiro, et al. (2023) no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará e no estudo de Silvaet al. (2024) no estudo realizado no Tribunal de Justiça Estadual de Alagoas.
O estudo conduzido por Sousa, Sousa e Carvalho (2014) enfatiza a importância da adoção de compras sustentáveis na implementação do Plano de Logística Sustentável (PLS) nas universidades públicas brasileiras. Eles ressaltam que a lei de licitações e contratos deve ser rigorosamente seguida, garantindo isonomia e livre concorrência entre os concorrentes para obter a proposta mais vantajosa para a administração, promovendo o desenvolvimento nacional sustentável.
Ainda sobre compras sustentáveis, Mueller e Rizzati Junior (2018) apontam que o processo de licitações para compras sustentáveis é complexo e requer uma mudança política e cultural dentro das instituições, especialmente em relação às aquisições públicas. Isso é necessário para cumprir os compromissos da UFSC com os pressupostos da Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P) e promover o desenvolvimento nacional sustentável conforme a Lei de Licitações (Mueller; Rizzati Junior, 2018).
Outra prática citada foi a substituição de copos descartáveis por canecas de longa duração, uma iniciativa que não apenas reduz a geração de resíduos, mas também promove a conscientização ambiental entre os usuários (Brasil; Santana, 2022; Amorim et al. , 2023). A adesão à Agenda Ambiental da Administração Pública (A3P) e a criação de coordenadorias específicas de gestão ambiental também são importantes ações para consolidar as iniciativas de sustentabilidade (Mueller; Rizzatti Junior, 2018).
Os estudos também mostram que, apesar de iniciativas promissoras, como a implantação de usinas fotovoltaicas no Instituto Federal de Mato Grosso (Debacke; Abdalla; Gonçalves, 2022) e a racionalização do uso de materiais e serviços na Seção Judiciária do Maranhão (Costa; Sousa, 2023), ainda existem resistências internas e necessidade de maior integração das ações de sustentabilidade entre os diversos setores das instituições.
Com base nas práticas sustentáveis citadas nos estudos analisados, foi criado um ranking conforme a Tabela 1.
Tabela 1: Ranking das práticas sustentáveis citadas na literatura
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Posição |
Práticas |
Frequência |
Autores |
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1º |
Coleta Seletiva |
9 |
Alves et al. (2018); Melo e Leao (2018); Borges, Dinis e Barros (2022); Brasil e Santana (2022); Dias e Silva (2022); Conceição, Sehnem e Schneider (2023); Amorim et al. (2023); Cordeiro et al. (2023); Silva et al. (2024) |
|
2º |
Uso Racional de Recursos |
9 |
Alves et al. (2018); Melo e Leao (2018); Borges, Dinis e Barros (2022); Brasil e Santana (2022); Dias e Silva (2022); Conceição, Sehnem e Schneider (2023); Amorim et al. (2023); Cordeiro et al. (2023); Silva et al. (2024) |
|
3º |
Gestão de Resíduos |
9 |
Alves et al. (2018); Melo e Leao (2018); Borges, Dinis e Barros (2022); Brasil e Santana (2022); Dias e Silva (2022); Conceição, Sehnem e Schneider (2023); Amorim et al. (2023); Cordeiro et al. (2023); Silva et al. (2024) |
|
4º |
Compras Sustentáveis |
2 |
Sousa, Sousa e Carvalho (2014); Mueller; Rizzati Junior (2018) |
|
5º |
Substituição de Copos Descartáveis por Canecas |
2 |
Brasil; Santana (2022); Amorim et al. (2023) |
|
6º |
Adoção da Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P) |
1 |
Mueller; Rizzatti Junior (2018) |
|
7º |
Implantação de Usinas Fotovoltaicas |
1 |
Debacker; Abdalla; Gonçalves (2022) |
|
8º |
Racionalização do Uso de Materiais e Serviços |
1 |
Costa; Sousa (2023) |
Fonte: Elaborado pelos autores
Quanto aos desafios encontrados na implementação do PLS nas instituições, foram citados em diferentes artigos a necessidade de integração das ações sustentáveis de maneira coerente em todas as áreas das instituições e por isso foi identificada como um desafio recorrente, principalmente pela necessidade de maior integração entre os diversos setores do órgão e, além disso, pela falta de planejamento e acompanhamento (Sousa; Sousa; Carvalho, 2014; Alves et al. , 2018; Melo; Leao, 2018; Moreira, 2018; Mueller; Rizzatti Junior, 2018; Souzaet al. , 2020; Costa; Sousa, 2021; Borges; Dinis; Barros, 2022; Dias; Silva, 2022; Silvaet al. , 2024).
Obstáculos culturais e organizacionais também dificultaram a adoção de novas práticas sustentáveis, pois envolvem questões pessoais dos indivíduos dentro das organizações onde determinadas alterações práticas exigiriam uma mudança de comportamento e podem gerar resistência às mudanças (Sousa; Sousa; Carvalho, 2014; Alveset al. , 2018; Melo; Leao, 2018; Moreira, 2018; Mueller; Rizzatti Junior, 2018; Souzaet al. , 2020; Debacker; Abdalla; Gonçalves, 2022; Dias; Silva, 2022; Cordeiro et al. , 2023; Silvaet al. , 2024). Dias e Silva (2022) afirmam que embora haja capacitação de servidores e iniciativas individuais, ainda existem limitações quanto a formalização e adoção de um PLS estruturado, como por exemplo a falta de recursos financeiros, a necessidade de melhorias nos processos de gestão de resíduos e um maior empenho da alta administração.
Para superar os desafios, os estudos sugeriram diretrizes. A capacitação contínua dos servidores foi destacada como essencial, com a implementação de programas de treinamento regular sobre práticas sustentáveis além de ser um dos objetivos do PLS (Sousa; Sousa; Carvalho, 2014; Alves et al. , 2018; Melo; Leao, 2018; Mueller; Rizzatti Junior, 2018; Dias; Silva, 2022; Cordeiro; et al. , 2023; Silva; et al. , 2024). Outra diretriz a ser para aplicada é a elaboração de planos de ação estruturados com objetivos claros, metas, prazos, e responsáveis definidos. Estudos como os de Melo e Leao (2018) e Silvaet al. (2024) enfatizam a importância de um planejamento detalhado. Ainda com base nas diretrizes, os trabalhos de Sousa, Sousa e Carvalho, 2014 e Silva et al. (2024) evidenciam que a necessidade de utilização de indicadores para monitorar e avaliar o desempenho das ações, porém é preciso de metodologias claras para a criação dos indicadores e posterior aplicação e monitoramento nos PLS.
Considerando os desafios encontrados na literatura, foi elaborado o ranking demonstrado na Tabela 2.
Tabela 2: Ranking de desafios do PLS citados na literatura
|
Posição |
Desafio |
Frequência |
Autores |
|
|
1º |
Falta de integração das ações sustentáveis |
10 |
Sousa; Sousa; Carvalho (2014), Alves et al. (2018), Melo; Leao (2018), Moreira (2018), Mueller; Rizzatti Junior (2018), Souza et al. (2020), Costa; Sousa (2021), Borges; Dinis; Barros (2022), Dias; Silva (2022), Silva et al. (2024) |
|
|
2º |
Resistência às mudanças organizacionais e culturais |
10 |
Sousa; Sousa; Carvalho (2014), Alves et al. (2018), Melo; Leao (2018), Moreira (2018), Mueller; Rizzatti Junior (2018), Souza et al. (2020), Debacker; Abdalla; Gonçalves (2022), Dias; Silva (2022), Cordeiro et al. (2023), Silva et al. (2024) |
|
|
3º |
Falta de capacitação contínua dos servidores |
7 |
Sousa; Sousa; Carvalho (2014), Alves et al. (2018), Melo; Leao (2018), Mueller; Rizzatti Junior (2018), Dias; Silva (2022), Cordeiro et al. (2023), Silva et al. (2024) |
|
|
4º |
Falta de planejamento estruturado e monitoramento |
2 |
Melo; Leao (2018), Silva et al. (2024) |
|
|
5º |
Dificuldades na criação e aplicação de indicadores |
2 |
Sousa; Sousa; Carvalho (2014), Silva et al. (2024) |
|
|
6º |
Falta de recursos financeiros |
1 |
Dias; Silva (2022) |
|
|
7º |
Deficiências na gestão de resíduos |
1 |
Dias; Silva (2022) |
|
|
8º |
Falta de apoio da alta administração |
1 |
Dias; Silva (2022) |
|
Fonte: Elaborado pelos autores
Esses resultados mostram a complexidade e os desafios da implementação de PLS nas instituições públicas brasileiras, destacando a necessidade de estratégias integradas e contínuas de capacitação e sensibilização para alcançar uma gestão sustentável eficaz.
5 Considerações finais
Este artigo realizou uma revisão sistemática da literatura sobre Planos de Logística Sustentável nas instituições públicas. O objetivo desta revisão foi reunir o conhecimento existente, apontar práticas bem-sucedidas, destacar os desafios e propor diretrizes na área de pesquisa. A análise dos artigos publicados entre 2014 e 2024 revelou um crescente interesse nos esforços dedicados à implementação de práticas sustentáveis, apesar da variação na quantidade de publicações ao longo dos anos.
Os resultados destacaram diversas práticas de sucesso, tais como programas de coleta seletiva, uso racional de recursos, gestão eficiente de resíduos e ações de conscientização ambiental. Estas práticas evidenciam o potencial das instituições públicas para promover a sustentabilidade e aprimorar sua eficiência operacional. No entanto, os estudos também apontaram desafios significativos, incluindo a resistência cultural e organizacional à mudança, a necessidade de infraestrutura adequada e a falta de metodologias claras para monitoramento e avaliação.
A partir dos desafios encontrados, verificou-se as seguintes lacunas na pesquisa como o desenvolvimento e validação de metodologias claras e padronizadas para a implementação e avaliação dos PLS com a criação de indicadores para medir o desempenho e o impacto das ações sustentáveis, análises de modelos de governança que integrem sustentabilidade nas ações diárias das instituições e estudos que avaliem o impacto econômico social das práticas sustentáveis implementadas pelos PLS, com a análise de custo-benefício, impacto na qualidade de vida dos servidores e benefícios para a comunidade.
As lacunas na pesquisa indicam a necessidade de dados mais sólidos e consistentes, assim como de estruturas de governança que assegurem a continuidade e a eficácia das práticas sustentáveis. Para enfrentar esses desafios, as diretrizes propostas enfatizam a importância da capacitação contínua, desenvolvimento de políticas institucionais claras, promoção de uma cultura organizacional sustentável, investimentos em infraestrutura e transparência nas ações de sustentabilidade.
Em suma, esta revisão sistemática fornece uma base sólida para a implementação e aprimoramento dos PLS nas instituições públicas. Ao adotar as diretrizes sugeridas, as instituições podem não apenas melhorar sua eficiência e conformidade regulatória, mas também contribuir significativamente para a sustentabilidade ambiental e social. A continuidade dos esforços de pesquisa e a aplicação prática das descobertas são essenciais para avançar nesta área e promover um futuro mais sustentável para as instituições públicas.
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¹ Mestranda do Programa de Pós-graduaçãostricto sensu Mestrado Profissional em Tecnologias, Gestão e Sustentabilidade da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE);Brasil, karlaaghellere@gmail.com; https://orcid.org/0009-0007-1935-4182; http://lattes.cnpq.br/5049562840372166
² Mestranda do Programa de Pós-graduação stricto sensu Mestrado Profissional em Tecnologias, Gestão e Sustentabilidade da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE); Brasil, elianedelgado28@gmail.com; https://orcid.org/0009-0009-2543-997X;http://lattes.cnpq.br/7181339681267796
³ Pós-doutor em Administração pela Universidade Federal do Paraná (UFPR); Brasil, tiagohansel@hotmail.com; https://orcid.org/0000-0002-9160-842X; http://lattes.cnpq.br/7630848762014453