Motivações, dificuldades e benefícios associados à implementação do sistema de gestão da qualidade com base no SiAC

 

Andrea Diniz Fittipaldi[1]

Tibério Wanderley Correia de Oliveira Andrade2

Clécio Henrique Machado de Araujo3

 

 

Resumo

Esse artigo objetivou identificar motivações, dificuldades e benefícios associados à implementação do sistema de gestão da qualidade com base no SiAC. Para isso, foi desenvolvido um estudo de caso em uma construtora da Região Metropolitana do Recife, onde se entrevistou a analista do SGQ, um diretor e um engenheiro de obras. Diferentemente do que foi identificado na literatura estudada, essa pesquisa detectou como motivações a possibilidade de oferecer mais segurança para os clientes, aumento do faturamento e maior profissionalização da estrutura interna da empresa; como dificuldades, a falta de qualidade dos fornecedores, dificuldade para interpretar o referencial normativo nível A do SiAC, dificuldade para lidar com a grande quantidade de informação documentada requerida, dificuldade de adequar os projetos e processos da organização às exigências do referencial normativo e, principalmente, dificuldade da adequação do SiAC à NBR 15575:2021; como benefícios, a efetiva aplicação da abordagem por processos e a melhoria do desempenho dos empreendimentos entregues. Outras contribuições trazidas por esse trabalho para as construtoras que estão iniciando o processo da implementação do SGQ foram: a necessidade de realização de eventos de conscientização frequentes, em combinação com a criação dos Diálogos Diários da Qualidade, para combater a falta de comprometimento dos colaboradores com o sistema, a realização de treinamentos constantes no SiAC, combinados com a criação de um grupo de estudos, para evitar interpretações errôneas sobre seu texto e a efetiva prática do princípio da gestão do relacionamento com os fornecedores, visando a melhorar a qualidade dos produtos e serviços.

 

Palavras-chave: PBQP-H; Empresas Construtoras; Referencial Normativo Nível A, SGQ.

 

 

Motivations, challenges and benefits associated with implementing a quality management system based on SiAC

 

 

 

Abstract

This article aims to identify the motivations, challenges, and benefits associated with implementing a SiAC-based quality management system. To achieve this, a case study was conducted at a construction company in the Recife Metropolitan Region, involving interviews with the QMS analyst, a director, and a construction engineer. Unlike the findings commonly reported in the literature, this study revealed distinct motivations, challenges, and benefits. Motivations included improving client confidence, increasing revenue, and further professionalising the company’s internal structure. Key challenges involved supplier quality issues, difficulties in interpreting the regulatory framework of SiAC’s Level A, managing extensive documentation, aligning organisational processes with regulatory requirements, and—most notably—adapting SiAC to meet the provisions of NBR 15575:2021. The reported benefits included successful implementation of the process approach and enhanced performance of delivered projects. This study also offers practical insights for construction companies initiating QMS implementation: the importance of regular awareness campaigns coupled with Daily Quality Dialogues, to address employee disengagement; with the system; continuous training on SiAC and the formation of a study group to reduce misinterpretation of its content; and the proactive application of supplier relationship management principles to improve the quality of products and services.

 

Keywords: PBQP-H; Construction Companies; Level A Regulatory Framework, QMS

 

Recebido em: 20/12/2024

Aceito em: 07/05/2025

Publicado em: 15/06/2025

 

 

1 Introdução

Diversas transformações e mudanças estão acontecendo ao longo dos últimos anos, exigindo que as construtoras adotem estratégias com o intuito de se tornarem competitivas em um setor cada vez mais exigente, que é o setor da construção civil. Com a aceleração do crescimento do país, abriram-se novas oportunidades de investimentos nessa área, e o volume de incorporações cresceu significativamente (Santos et al., 2022).

Com o objetivo de atender às exigências e necessidades do mercado imobiliário, as empresas da construção civil estão buscando um padrão de melhoria contínua de seus processos e um produto final com qualidade cada vez mais alta. Sendo assim, buscam um sistema de gestão que possa atender aos aspectos financeiros da empresa, às exigências dos clientes e também às certificações (Santos et al., 2022).

O sistema de gestão que tem sido mais amplamente adotado é o sistema de gestão da qualidade.

Para Silva et al. (2020), os sistemas de gestão da qualidade na construção civil podem ser capazes de abrir novos mercados e ampliar aqueles já existentes.

Nesse contexto, o Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat – PBQP-H foi constituído pelo Governo Federal a fim de certificar construtoras que aderem ao sistema de gestão da qualidade. A certificação é uma medida que assegura a qualidade dos produtos e serviços oferecidos, além de garantir uma aplicação adequada dos recursos públicos em obras de licitação. Além disso, a certificação permite ao consumidor ser um regulador de mercado, possibilitando que opte pelos imóveis de empresas que possuem o certificado, como uma forma de garantir a qualidade e a segurança da construção (Prange et al., 2018).

A estrutura do programa é baseada na série de normas ISO 9000 e, desde a sua criação, o PBQP-H vem sofrendo atualizações periódicas que acompanham as revisões das normas ISO de modo a manter a compatibilidade com esta norma. (Januzzi e Vercesi, 2010).

Atualmente, é o mais utilizado no setor da construção civil, pois grande parte dos financiamentos fornecidos pelo Governo Federal e Caixa Econômica Federal são destinados para empresas que estão certificadas pelo programa (Silva et al., 2020).

Um dos projetos do PBQP-H é o Sistema de Avaliação da Conformidade de Empresas de Serviços e Obras da Construção Civil – SiAC, e o seu Anexo 2 corresponde ao referencial normativo nível A, ou seja, o documento que as empresas construtoras tomam como base para implantarem seus sistemas de gestão da qualidade. Quando uma construtora é certificada no nível A, ela está apta para se certificar, também, na ISO 9001:2015.

O SiAC, desde a sua criação, em 2005, quando substituiu o SIQ-Construtoras, vem experimentando uma série de alterações, e uma bastante significativa, ocorrida em Janeiro de 2017, foi a sua adequação aos requisitos e critérios de desempenho da norma técnica ABNT NBR 15575.

As empresas implementam sistemas de gestão da qualidade com base no SiAC por uma série de motivos, enfrentam muitas dificuldades, no processo da implementação, mas alcançam inúmeros benefícios. Acredita-se que, atualmente, uma das principais dificuldades enfrentadas pelas construtoras seja, justamente, a adequação à NBR 15575, dada a sua complexidade. Por outro lado, também se acredita que essa mesma norma tem permitido que as empresas certificadas no SiAC alcancem o benefício da melhoria do desempenho dos seus empreendimentos, uma vez que eles precisam estar em conformidade com as exigências dos usuários, que são os requisitos da norma de desempenho.

Esse tema de motivações, dificuldades e benefícios têm sido objeto de estudo há algum tempo. No período de 2005 a 2016, destacam-se, por exemplo, os trabalhos de Benneti (2006), Mendes e Picchi (2008), Santos e Costa (2015), Pereira e Moura (2013), Depexe e Paladini (2007; 2008), Loiola e Bernardi (2015) e Andrade (2014). De 2016 a 2025, contudo, verificou-se que a produção sobre esse tema ficou escassa, tendo-se identificado apenas 3 trabalhos: Oliveira (2017), Duarte et al. (2020) e Silva et al., 2020; desses três, somente o último tratou, especificamente, de motivações, dificuldades e benefícios e nenhum deles, sequer, mencionou a necessidade da adequação do SGQ à NBR 15575.

Diante do cenário contextualizado, justifica-se a necessidade de se retomar o tema para desenvolver uma pesquisa que identifique motivações, dificuldades e benefícios, além dos que já foram trabalhados na literatura, e verifique se a adequação do SiAC à NBR 15575 é, realmente, uma das principais dificuldades para a construtora, mas, ao mesmo tempo, atua como um indutor da melhoria do desempenho e da qualidade dos seus empreendimentos.

Além desses resultados pretendidos, esse artigo vai contribuir com soluções para as dificuldades citadas e disponibilizar, para as empresas que estão em vias de certificação, ações de melhoria para seus sistemas de gestão da qualidade.

Visando ao alcance dos objetivos, pretende-se desenvolver um estudo de caso em uma

construtora de médio porte da Região Metropolitana do Recife que obteve a sua certificação em 2017.

 

2 Referencial Teórico

2.1 Sistema de Gestão da Qualidade

Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) é a estrutura organizacional, políticas, objetivos, responsabilidades, procedimentos, atividades, capacidades e recursos que, em conjunto, visam a demonstrar a capacidade da empresa de fornecer produtos e serviços que atendam de uma forma consistente aos requisitos do cliente e aos requisitos legais e regulamentares aplicáveis (Brasil, 2021a).

A gestão da qualidade na construção civil é um conjunto de atividades que visam a garantir que os produtos e serviços entregues atendam aos requisitos e expectativas dos clientes, bem como aos padrões técnicos e regulatórios, sendo, portanto, um aspecto crucial nesse setor, pois a qualidade dos edifícios e infraestruturas são fundamentais para promover a segurança e o conforto dos usuários. Além disso, torna-se uma prática importante para a sustentabilidade do negócio, porque ajuda a reduzir custos, além de aumentar a satisfação do cliente e aprimorar a imagem da empresa. Desse modo, os sistemas de gestão da qualidade são ferramentas eficientes, em se tratando de competitividade empresarial. Hoje se sabe que implementar um sistema de gestão da qualidade já deixou de ser uma vantagem ou um diferencial, passando a ser uma questão de sobrevivência das empresas no mercado de trabalho, sendo considerada indispensável para todos os ramos, e não seria diferente na construção civil (Santos, 2020).

O principal objetivo do Sistema de Gestão da Qualidade é a observação da conformidade dos requisitos pré-estabelecidos, sejam eles estatutários ou regulamentares, visando à maior eficiência da empresa. Como consequência, são esperadas melhorias operacionais como otimização de tempo, diminuição de custos e aumento da produtividade, além de ter impacto positivo no atendimento das expectativas de seus consumidores (Duarte et al., 2020).

Os Sistemas de Gestão da Qualidade (SGQ) são empregados para garantir a qualidade dos serviços e a satisfação do usuário, redução dos custos, melhoria contínua, aumento na visibilidade da empresa no mercado, além da segurança dos trabalhadores e padronização dos serviços, diminuindo inclusive o impacto ambiental (Figueiredo et al., 2024).

 

2.2 Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade na Construção do Habitat (PBQP-H)

Segundo Haubrick e Gonçalves (2020), o cenário que levou o governo a elaborar programas e certificações com foco na construção civil foi a qualidade reduzida das construções entregues e os impactos ambientais crescentes gerados pelas mesmas.

O Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-H) é um instrumento do Governo Federal, que tem como finalidade organizar o setor da construção civil em torno de duas questões principais: a melhoria da qualidade do habitat e a modernização produtiva (Froufe et al, 2020).

Ele foi resultado do projeto estratégico da indústria no Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade (PBQP), elaborado pelo governo federal em 1991, mas aplicado apenas em 1998, com o objetivo de alcançar um ambiente de maior qualidade e produtividade das empresas do setor (Fraga, 2011). No ano 2000, houve a integração do PBQP-H ao Plano Plurianual Avança Brasil (PPA) e a sua ampliação, havendo a substituição do termo “Habitação” por “Habitat”, para abranger também as áreas de Saneamento, Infraestrutura e Transportes Urbanos (Vieira e Oliveira Neto, 2019).

A estrutura do PBQP-H é baseada na série de normas ISO 9000, porém mais voltada para a construção civil. (Haubrick e Gonçalves, 2020).

Segundo Sorgato et al (2014), o PBQP-H estabeleceu requisitos técnicos para a construção de habitações, tais como a definição de normas técnicas, a adoção de processos de gestão da qualidade e a qualificação dos profissionais envolvidos. Além disso, o programa incentivou a adoção de práticas construtivas mais modernas e eficientes, contribuindo para a redução de custos e para a melhoria da eficiência energética dos imóveis. Com isso, o programa tornou-se um importante instrumento para a garantia da qualidade das construções, proporcionando mais segurança e conforto para os moradores e contribuindo para o desenvolvimento do setor imobiliário no país.

Embora o programa foque no benefício para o usuário da unidade habitacional e no crescimento do número de obras do governo federal, as empresas que participam têm expressivos ganhos. Primeiramente, pelo uso do poder de compra: em todas as portarias emitidas aos bancos financiadores de obras, está inserida a exigência de adesão ao programa. Portanto, só os que fazem parte do PBQP-H podem executar empreendimentos habitacionais com o uso de recursos públicos federais. Além de aderir ao programa, as empresas também passam a melhorar sistematicamente os seus processos e qualidade dos produtos, levando a um ganho de produtividade e maior faturamento (Brasil, 2024a).

Os três sistemas de avaliação e qualificação do PBQP-H atuam nos principais agentes do setor e elevam o padrão de qualidade, produtividade e sustentabilidade da construção civil brasileira. Cada um estabelece normas para cada área que beneficia consumidores e empresas participantes. Os três sistemas são: Sistema de Avaliação da Conformidade de Empresas de Serviços e Obras da Construção Civil (SiAC), Sistema de Qualificação de Empresas de Materiais, Componentes e Sistemas Construtivos (SiMaC) e Sistema Nacional de Avaliações Técnicas (SiNAT). (Brasil, 2024b).

 

2.3 Sistema de Avaliação de Conformidade de Empresas de Serviços e Obras da Construção Civil – SiAC

O SiAC foi resultado da reformulação e ampliação do antigo Sistema de Qualificação de Empresas de Serviços e Obras (SiQ), pela Portaria nº 118, de 15 de março de 2005 (Brasil, 2005).

Para elaborar o SiAC, o PBQP-H uniu as normas da ISO 9001 (certificação existente na época) a requisitos que tratam da rotina da execução de obras, oferecendo um sistema adequado e compatível com a realidade brasileira e que atendesse aos objetivos do programa: qualidade, produtividade e sustentabilidade das unidades habitacionais do Governo Federal (Brasil, 2024c).

Pode-se destacar, também, que o SiAC tem como objetivos de, a longo prazo, criar um ambiente de isonomia competitiva, propiciar soluções mais baratas e de melhor qualidade, visando à redução do déficit habitacional do país. Nesse contexto, grandes são os desafios das construtoras que se adequarem às novas exigências do setor da construção civil, o que gera grandes repercussões (SANTOS, 2017).

Para se certificar no SiAC, a organização deve obedecer aos seguintes passos (Brasil, 2024d):

a)      consultar o regimento do SiAC para saber como implementar o Sistema de Gestão da Qualidade para adequar a construtora aos requisitos exigidos (essa adequação pode ser feita por meio de consultorias externas ou pelo próprio corpo técnico da empresa);

b)     após a implementação, a construtora deve buscar, no portal do PBQP-H, a lista de Organismos de Avaliação da Conformidade (OAC) (empresas acreditadas pela CGCRE/INMETRO) e agendar uma auditoria, informando para qual nível ela deseja ser auditada, Nível A ou Nível B;

c)      o OAC fará uma auditoria inicial. Caso o Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) esteja em conformidade com os requisitos do SIAC, o organismo emite um documento, certificando a construtora no SIAC;

d)     o certificado das construtoras também é enviado pelo OAC ao PBQP-H, com todas as informações para que seja publicado no portal do programa;

e)      após a auditoria inicial, são realizadas mais duas auditorias de avaliação, em 12 e 24 meses, respectivamente;

f)      após 36 meses da auditoria inicial, a construtora deve se recertificar, iniciando um novo ciclo de 36 meses.

Os Organismos de Avaliação da Conformidade (OAC) do SiAC são organismos de terceira parte (podendo ser públicos, privados ou mistos), acreditados pela CGCRE - INMETRO e autorizados pela Coordenação Geral do PBQP-H a emitir certificados de conformidade do Sistema (Brasil, 2021a).

Hoje, o SIAC admite a certificação de construtoras em dois níveis: A e B. A diferença entre eles é o número de requisitos que devem ser atendidos. A certificação Nível A é completa, mais exigente e voltada para empresas que já têm um sistema de gestão da qualidade implementado em sua totalidade. A certificação do Nível B tem menos exigências, sendo uma porta de entrada ao PBQP-H para construtoras que ainda estão em processo de evolução do seu sistema de gestão da qualidade. Assim, a empresa participa do programa e ganha tempo para avançar ao Nível A (Brasil, 2024d).

De acordo com Brasil (2021b), para Execução de Obras de Edificações, a construtora deve cumprir com dois itens: o primeiro, o controle dos serviços de obra, que deve abranger, obrigatoriamente, uma soma de 27 serviços referentes a diferentes etapas da obra, tendo um percentual mínimo relativo ao nível de certificação (40% para o nível “B” e 100% para o nível “A”); o segundo, relativo aos materiais controlados, que corresponde aos materiais que possam afetar a qualidade dos serviços, devendo a lista ser representativa quanto ao sistema construtivo utilizado, contendo, no mínimo, 20 materiais, tendo um percentual mínimo relativo ao nível de certificação (50% para o nível “B” e 100% para o nível “A”).

 

2.4 Motivações para a Implementação do SGQ Baseado no SiAC

As empresas construtoras implantam sistema de gestão da qualidade baseado no SiAC por uma série de motivos, que podem ser de natureza interna ou externa. No quadro 01 estão explicitados os que foram apontados por autores da literatura estudada.

 

Quadro 01: Motivações Internas e Externas que Conduzem as Empresas Construtoras a Implantarem um Sistema de Gestão da Qualidade Baseado no SiAC

Motivações Internas

Motivações Externas

·       aumento da qualidade e produtividade (Silva et al., 2020; Santos e Costa, 2015);

·       melhoria no planejamento da execução de obras (Santos e Costa, 2015);

·       melhoria da comunicação interna (Santos e Costa, 2015);

·       padronização dos seus processos e serviços (Santos e Costa, 2015);

·       diminuição de custos (Benneti, 2006);

·       redução de acidentes (Benneti, 2006);

·       implantação de uma ferramenta de gestão (Benneti, 2006).

·    obtenção de financiamentos onde o PBQP-H é exigido (Silva et al., 2020; Mendes e Picchi, 2008; Benneti, 2006);

·    maior atuação no mercado (Silva et al., 2020; Pereira e Moura, 2013);

·    exigência por parte dos clientes (Silva et al., 2020);

·    exigência dos órgãos públicos para concorrência em licitações de obras (Santos e Costa, 2015; Mendes e Picchi, 2008, Benneti, 2006);

·    maior competitividade (Benneti, 2006).

 

 

Fonte: Elaborado pelos autores

 

2.5 Dificuldades na Implementação do SGQ Baseado no SiAC

As dificuldades mais citadas na literatura foram as seguintes:

·         a resistência a mudanças (Depexe e Paladini, 2007; Mendes e Picchi, 2008);

·         forte cultura organizacional (Depexe e Paladini, 2007);

·         falhas de comunicação entre os departamentos e níveis hierárquicos (Low e Omar, 1997);

·         ansiedade por resultados (Low e Teo, 2004);

·         a falta de comprometimento da alta direção e demais partes envolvidas (Sila e Ebrahimpour, 2003; Depexe e Paladini, 2007; Loiola e Bernardi, 2015; Benneti, 2006; Pereira e Moura, 2013);

·         falta de mão de obra especializada (Mendes e Picchi, 2008; Benneti, 2006; Andrade, 2014);

·         falta de foco no cliente (Low e Teo, 2004);

·         falta de liderança (Low e Teo, 2004).

 

2.6 Benefícios Alcançados com a Implementação do SGQ Baseado no SiAC

Os benefícios obtidos a partir da implementação de sistemas de gestão da qualidade nas empresas, em geral, têm sido pesquisados em todo o mundo. Tomando por base a pesquisa de Casadesús et al. (2001), que dividiu os benefícios em dois grupos, ou seja, benefícios internos (relacionados aos recursos humanos e a aspectos operacionais) e benefícios externos (relacionados aos clientes e mercado), citam-se, no Quadro 02, os mais comumente identificados, na literatura estudada, devidamente divididos.

Quadro 02: Benefícios Internos e Externos Alcançados pelas Empresas com a Implementação do Sistema de Gestão da Qualidade

Benefícios Internos

Benefícios Externos

·       Diminuição de processos (Silva et al., 2020);

·       Padronização e melhoria dos processos produtivos e dos procedimentos (Ofori e Gang 2001; Beattie e Sohal, 1999; Gustafsson et al., 2001; Oliveira, 2017; Silveira et al., 2002; Depexe e Paladini, 2008);

·       Redução de improvisações (Silva et al., 2020);

·       Redução de retrabalho (Silva et al., 2020; Mendes e Picchi, 2008; Andrade, 2014);

·       Redução dos custos de produção (Oliveira, 2017);

·       Redução de desperdícios (Benneti, 2006; Pereira e Moura, 2013; Andrade, 2014);

·       Redução do tempo de entrega (Gustafsson et al., 2001);

·       Produtos e serviços de melhor qualidade (Oliveira, 2017; Silveira et al., 2002; Mendes e Picchi, 2008);

·       Aumento dos lucros das empresas (Oliveira, 2017);

·       Aumento da confiança da empresa em sua qualidade (Casadesús, et al., 2001);

·       Aumento da produtividade (Mendes e Picchi, 2008; Benneti, 2006; Pereira e Moura, 2013);

·       Aumento do comprometimento e da satisfação com o trabalho (Casadesús, et al., 2001);

·       Aumento da conscientização para a qualidade (Depexe e Paladini, 2008; Benneti, 2006);

·       Mudança de cultura (Benneti, 2006);

·       Melhoria na comunicação da empresa (Casadesús, et al., 2001);

·       Melhoria da organização da empresa e do canteiro de obras (Silveira et al., 2002; Depexe e Paladini, 2008);

·       Definição clara de responsabilidades, atribuições e obrigações dos funcionários relatadas no manual de descrição de funções e nos procedimentos operacionais (Silveira et al., 2002, Casadesús et al., 2001);

·       Melhor controle de material (Mendes e Picchi, 2008);

·       Melhoria da qualidade da mão de obra (Silveira et al., 2002);

·       Aumento da segurança ocupacional (Benneti, 2006).

·       Melhor atendimento aos requisitos dos clientes (Casadesús et al., 2001);

·       Melhoria da satisfação dos clientes (Silva et al., 2020; Casadesús et al., 2001; Benneti, 2006; Andrade, 2014);

·       Melhoria na relação com os clientes (Casadesús et al., 2001);

·       Melhoria no relacionamento com os fornecedores (Mendes e Picchi, 2008; Benneti, 2006);

·       Redução do número de reclamações por parte dos clientes (Gustafsson et al., 2001; Casadesús et al., 2001);

·       Melhoria da imagem da empresa (Ofori e Gang 2001);

·       Garantia de vantagens financeiras como financiamento de bancos (Duarte et al., 2020);

·       Aumento da competitividade (Silva et al., 2020; Pereira e Moura, 2013);

·       Participação de licitações como o programa “Minha Casa, Minha Vida” (Duarte et al., 2020);

·       Atuação em novos mercados (Casadesús et al., 2001).

 

Fonte: Elaborado pelos autores, 2024

 

3 Metodologia

Para a consecução dos objetivos do artigo, inicialmente, foi realizada uma pesquisa bibliográfica em livros, em sites (google acadêmico e periódicos capes) e em anais de congressos para se identificar material adequado para a pesquisa. Foram utilizadas como palavras chaves “PBQP-H”, “SiAC”, “Motivações para o SiAC”, “Dificuldades do SiAC” e “Benefícios do SiAC”, e o recorte temporal foi de 2005 a 2024, de modo a se contemplar todo o período de existência do SiAC. O material identificado como apropriado para o trabalho foi coletado, e realizou-se uma revisão nas principais definições e conceitos, bem como nas principais motivações, dificuldades e benefícios apontados. Vale destacar que os trabalhos anteriores a 2005 que foram citados na literatura coletada e que tinham relação direta com o tema estudado também foram pesquisados.

Uma vez criada uma base sólida de conhecimento sobre o tema, deu-se início ao trabalho de campo, iniciando pela escolha da empresa a ser estudada. Optou-se por uma construtora específica de médio porte da Região Metropolitana do Recife, por ela possuir espaço consolidado dentro do mercado imobiliário pernambucano, ter um sistema de gestão da qualidade (SGQ) maduro, ou seja, certificado desde 2017, e ser o ambiente de trabalho de um dos autores, o que proporcionou acesso direto e privilegiado a todas as informações necessárias para a condução do estudo.

Em seguida, escolheu-se como técnica de pesquisa a entrevista semiestruturada, onde os pesquisadores prepararam, previamente, um formulário com perguntas abertas e fechadas, que foram as seguintes:

 1 - O que motivou a empresa a buscar a implementação e certificação de um Sistema de Gestão da Qualidade com base no SiAC?

2 – Quais as principais dificuldades que a empresa enfrentou no início do processo da certificação, em 2016, e como ela superou? Quais dificuldades ela enfrenta hoje? Como vem superando?

3 - A adequação do SiAC à NBR 15575 representa uma das principais dificuldades? Como a empresa vem superando essa dificuldade?

4- Quais os principais benefícios alcançados com a certificação?

5 - A adequação do SiAC à NBR 15575 trouxe como benefício a melhoria do desempenho dos empreendimentos? Como isso fica evidenciado?

Depois de elaborado o formulário, partiu-se para a realização das entrevistas e foram entrevistados os seguintes colaboradores: a analista do SGQ da organização, que é a colaboradora detentora do maior conhecimento e da maior experiência com relação ao SGQ implementado, um diretor e um engenheiro de obras. Durante a entrevista, o formulário foi utilizado como base, mas ela foi conduzida de modo que a conversa se tornasse a mais flexível possível, permitindo que os entrevistados falassem livremente sobre suas experiências. Através da entrevista, foi realmente possível se coletar informações detalhadas sobre a percepção dos entrevistados em relação aos pontos da pesquisa, propiciando uma análise aprofundada das opiniões relatadas.

Tendo sido concluída a pesquisa de campo, as respostas da entrevista foram transcritas e organizadas em quadros para serem trabalhadas.

Diante de tudo que foi exposto, verifica-se que, quanto à natureza do problema, o trabalho é qualitativo, quanto aos objetivos, é descritivo e, quanto aos procedimentos, um estudo de caso.

 

4 Resultados e Discussões

4.1 O Estudo de Caso

4.1.1 Caracterização da Empresa

A empresa estudada é uma construtora de médio porte, com sede em Paulista, município de Pernambuco. Possui um sistema de gestão da qualidade com base na norma ISO 9001:2015 e no referencial normativo nível A do SiAC, certificado desde 2017.

Ela foi fundada em 1999, com o objetivo maior de realizar uma requalificação urbana em Paulista e no litoral norte de Pernambuco.

Possui, atualmente, mais de 400 colaboradores, 18 grandes empreendimentos concluídos, mais de 7.000 unidades habitacionais construídas e mais de 500 mil metros quadrados de área executados com qualidade e excelência.

Os entrevistados se mostraram totalmente disponíveis para a realização da pesquisa, o que facilitou a coleta de informações sobre o seu sistema de gestão da qualidade.

 

4.1.2 Resultados da Entrevista e Discussões

Nas entrevistas realizadas foram abordados, de acordo com os objetivos do trabalho, aspectos referentes aos seguintes pontos:

·         motivações que levaram a empresa a implementar um SGQ com base no SiAC;

·         dificuldades enfrentadas no processo da implementação do SGQ baseado no SiAC e as ações tomadas pela empresa para superá-las, buscado verificar se a adequação do SGQ à NBR 15575 é uma das principais dificuldades;

·         principais benefícios alcançados com a implementação do sistema, buscando verificar se a adequação do SGQ à NBR 15575 é um indutor da melhoria do desempenho dos empreendimentos.

 

a) Motivações que levaram a empresa a implementar um SGQ com base no SiAC

As principais motivações apontadas pelos entrevistados podem ser visualizadas no quadro 03, onde elas foram organizadas do lado esquerdo e, do lado direito, marcou-se cada pessoa que mencionou.

 

Quadro 03: Motivações que levaram a empresa a implementar um SGQ com base no SiAC

Motivações

Analista do SGQ

Diretor

Engenheiro de Obras

Maior competitividade: a empresa enxergava a implantação do sistema de gestão da qualidade com base no SiAC como um diferencial competitivo e um indicador de sua atuação em conformidade com as normas e padrões de qualidade exigidos pelo mercado e da sua capacidade de gerenciar seus processos de forma eficiente e eficaz, minimizando riscos e aumentando suas chances de sucesso; assim, ela acreditava estar diante de uma oportunidade para se destacar, no mercado, perante os seus concorrentes.

X

X

 

Necessidade da empresa se alinhar às novas exigências do mercado imobiliário e poder participar de programas habitacionais e adquirir financiamentos: uma vez que a certificação no SiAC/PBQP-H é um requisito para que as empresas da construção civil tenham acesso a algumas linhas de crédito e financiamentos oferecidos por instituições financeiras, como a Caixa Econômica Federal e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a segunda motivação foi a adequação às exigências do mercado imobiliário para que a empresa pudesse participar dos programas de habitação governamentais e adquirir financiamentos.

X

X

X

Ampliação de sua atuação no mercado: a implementação do SGQ também foi percebida como uma oportunidade para a construtora ampliar sua atuação no mercado. Segundo a entrevistada, a empresa acreditava que, com a reputação e a credibilidade associadas ao SiAC, ela poderia conquistar novos clientes e ampliar sua atuação em novas regiões e segmentos do mercado.

X

 

 

Possibilidade de oferecer mais segurança para os clientes: a obtenção da certificação certamente promoveria o aumento da confiança dos clientes em relação à organização.

 

 

X

Aumento do faturamento: a empresa vislumbrou a chance de, ao ampliar sua base de clientes e parceiros, obter novas oportunidades de negócio, o que levaria ao aumento do seu faturamento e, consequentemente, ao seu crescimento e desenvolvimento.

X

 

 

Maior profissionalização da estrutura interna da empresa: a certificação foi vista como um passo estratégico para formalizar a estrutura organizacional da empresa, seus papeis e responsabilidades, bem como para capacitar e especializar mais a sua mão de obra.

 

X

 

Necessidade de maior controle e organização nos processos de obra: a partir da implementação do sistema de gestão da qualidade, a empresa teria de submeter os processos das obras a revisões e melhorias e passaria a controlá-los melhor.

 

 

X

Fonte: Elaborado pelos autores

 

Foram apontadas 4 motivações externas (as quatro primeiras) e 3 internas (as três últimas). Com exceção da “possibilidade de oferecer mais segurança para os clientes”, as demais motivações externas ou equivalentes a elas figuraram na literatura pesquisada, através dos trabalhos de Silva et al., (2020), Mendes e Picchi (2008), Benneti, (2006), Pereira e Moura, (2013) e Santos e Costa, (2015); das três motivações internas, duas não constaram na literatura estudada: “aumento do faturamento” e “maior profissionalização da estrutura interna da empresa”. O aumento do faturamento, contudo, e, possivelmente, do lucro, é uma motivação intrínseca a quaisquer empresas da iniciativa privada, ainda que elas não o mencionem.

Um ponto que chamou a atenção, dentre as considerações feitas pela analista do SGQ com relação às motivações, foi o fato de, em 2016, início do processo, a empresa ainda considerar a certificação no SiAC como um diferencial competitivo. Tomando como base os 25 anos de experiência da primeira autora com implementação e manutenção de sistemas de gestão da qualidade, a certificação não representava mais, em 2016, um critério ganhador de pedido, como era na década de 90, mas sim um critério qualificador. Segundo Slack (1996), critérios ganhadores de pedido são aqueles considerados pelos consumidores como razões chaves para comprar o produto ou serviço, e critérios qualificadores correspondem a um nível de desempenho abaixo do qual a empresa, provavelmente, nem mesmo será considerada como fornecedora potencial por muitos consumidores. Assim, o alcance da certificação não deve ser encarado pelas construtoras como um diferencial competitivo, mas um patamar abaixo do qual não interessa aos consumidores.

 

b) Dificuldades do processo da implementação do SGQ e as ações tomadas pela empresa para superá-las

As principais dificuldades apontadas pelos entrevistados e as ações tomadas para superá-las estão disponibilizadas no quadro 04, onde elas foram organizadas do lado esquerdo e, do lado direito, marcou-se cada pessoa que mencionou:

Quadro 04: Dificuldades enfrentadas e soluções para superá-las

Dificuldades e Soluções

Analista do SGQ

Diretor

Engenheiro de Obras

Dificuldade: falta de comprometimento da alta direção - A falta de comprometimento da alta direção foi um pesado obstáculo que precisou ser enfrentado no início da certificação.

Solução: para lidar com essa dificuldade, foi essencial convocar os líderes e gestores a participarem de todas as etapas estratégicas do processo de implementação do sistema e não apenas da análise crítica do mesmo, buscando-se, sempre, conscientizá-los sobre a importância do SGQ e dos benefícios a serem trazidos por ele para a empresa.

X

 

 

Dificuldade: falta de comprometimento dos funcionários, provocando uma resistência interna - Essa dificuldade foi um dos fatores mais críticos na implementação do sistema de gestão da qualidade, pois o projeto exigia que todos os funcionários estivessem envolvidos e comprometidos com a melhoria contínua dos processos e das práticas da empresa. Todavia, inicialmente, houve muita resistência às mudanças e às novas formas de trabalho em todos os setores hierárquicos da construtora, pois os colaboradores não compreendiam a importância do sistema.

Solução: Para superar essa grande dificuldade, a empresa contratou uma consultoria externa para orientar todo o processo e implementou continuadamente algumas medidas com vistas a envolver e motivar os funcionários, tais como:

·       realização de frequentes treinamentos, capacitações e eventos de conscientização para a equipe, explicando os objetivos do SGQ e como as mudanças poderiam beneficiar a empresa e os colaboradores;

·       criação de um comitê da qualidade com representantes de todas as áreas da empresa para discutir e solucionar problemas relacionados à implementação do SGQ.

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X

X

Dificuldade: falta de qualidade dos fornecedores: A construtora depende de diversos fornecedores para a obtenção de materiais e serviços e, no início do processo, muitos deles não atendiam aos padrões de qualidade exigidos pelo sistema, o que afetava o desempenho da construtora, pois a qualidade dos materiais e serviços fornecidos tem um impacto direto sobre a qualidade final da obra.

Solução: A empresa percebeu que precisava trabalhar em conjunto com os fornecedores. Assim, ela adotou as medidas descritas a seguir:

·       realização de uma seleção mais criteriosa de fornecedores, levando em consideração não só o preço, mas também a qualidade dos produtos e serviços oferecidos;

·       estabelecimento de critérios claros de qualidade para os fornecedores e monitoramento constante da qualidade dos produtos entregues;

·       investimento em treinamentos e capacitações para os fornecedores, com o objetivo de melhorar sua qualidade e alinhar seus processos aos padrões exigidos pelo sistema;

criação de um canal de comunicação direto com os fornecedores para o esclarecimento de dúvidas e o fornecimento de orientações sobre o SGQ.

X

 

 

Dificuldade de interpretação do referencial normativo nível A do SiAC por parte dos colaboradores da empresa, inclusive da própria equipe de auditores internos: a equipe de auditores internos chegou a solicitar, em algumas auditorias internas, documentos ou registros que não são efetivamente exigidos pelo referencial normativo, por interpretá-lo erroneamente. Isso terminou gerando a criação de documentos desnecessários, que foram, depois, desconsiderados, mas que provocaram muito atraso no processo todo.

Solução: A empresa disponibilizou e continua a disponibilizar treinamentos no referencial normativo nível A do SiAC para todos os seus colaboradores.

X

 

X

Dificuldade: lidar com a grande quantidade de informação documentada requerida pelo referencial normativo nível A do SiAC: a dificuldade de elaborar e controlar a volumosa documentação gerou muitos atrasos no processo, provocando frustrações na equipe, inclusive nos principais responsáveis, e descontentamento pelos fornecedores, que se sentiram sobrecarregados com as solicitações da construtora.

Solução: A empresa buscou gerir a documentação de uma forma mais ágil e simplificada, utilizando ferramentas e softwares de gestão de documentos e processos.

X

 

X

Dificuldade: adequar os projetos e processos da organização às exigências do referencial normativo – o SiAC traz, em seus requisitos 7.3 e 4.4 uma série de exigências para projetos e processos, respectivamente, que têm um certo grau de dificuldade para a sua implementação.

Solução: Contratação de uma consultoria externa de qualidade, com especialidade em engenharia civil, para orientar no cumprimento de tais requisitos e dos demais do referencial normativo.

 

X

 

Dificuldade: manter a cultura da qualidade em todas as obras – esse é um grande desafio atualmente.

Solução: Treinamento, conscientização, reciclagem e acompanhamento contínuo, bem como a supervisão frequente e o apoio do setor de qualidade.

 

X

X

Dificuldade: a adequação do SiAC à NBR 15575:2021 – esse é um dos principais desafios atuais, pois a NBR 15575 exige uma mudança de mentalidade e uma abordagem mais técnica, requerendo a realização de muitos ensaios de desempenho; a empresa teve que mudar a forma como são escolhidos os materiais e como são executados alguns serviços.

Solução: buscou-se atualizar os projetos com profissionais especializados, foram reforçados os ensaios em laboratórios e incluídos sempre os requisitos da NBR 15575 no planejamento da obra. 

 

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X

Fonte: Elaborado pelos autores

 

Das 8 dificuldades apontadas, apenas 3 ou equivalentes a elas foram identificadas nos trabalhos de Sila e Ebrahimpour, (2003), Depexe e Paladini, (2007), Loiola e Bernardi, (2015), Benneti, (2006), Pereira e Moura, (2013), Low e Teo, (2004); Mendes e Picchi, (2008) e Andrade, (2014): “falta de comprometimento da direção”, “falta de comprometimento dos funcionários, provocando resistência interna” e “falta de qualidade dos fornecedores”.

A primeira dificuldade mencionada é extremamente comum em quaisquer empresas. Fittipaldi et al. (2023) comentam que, ainda que a norma ISO 9001 e o SiAC tenham, ao longo da sua evolução, aumentado suas exigências sobre a Alta Direção, esse fato ainda não despertou totalmente e efetivamente o envolvimento e a atenção das Altas Direções para os Sistemas de Gestão da Qualidade de suas empresas.

A segunda dificuldade é, sem dúvida, decorrente da primeira, pois, se os colaboradores não perceberem a alta direção efetivamente comprometida com o sucesso do sistema e sua melhoria contínua, definindo objetivos claros e monitorando o progresso da sua implementação, eles também não se comprometem, impactando adversamente o SGQ. Alcançar o envolvimento e a conscientização dos funcionários é, portanto, fundamental para o sucesso de qualquer projeto de melhoria, pois são eles que executam as atividades e colocam em prática as mudanças propostas pela empresa.

As ações que foram tomadas pela construtora para tratar essa falta de comprometimento, ou seja, a realização de treinamentos e a criação do comitê da qualidade, ainda que não sejam nenhuma novidade, têm potencial para serem eficazes. Contudo, para complementar e fortalecer a ação dos treinamentos, recomenda-se que sejam implantados Diálogos Diários da Qualidade (DDQs), correspondendo a encontros diários com a equipe, sempre incluindo um representante da alta direção, onde devem ser compartilhadas informações sobre as metas e os indicadores do sistema, sobre o andamento do mesmo e sobre os seus resultados alcançados. Nos DDQs também deve ser sempre reforçada a importância do comprometimento de todos para o sucesso do sistema.

Quanto à falta de qualidade dos fornecedores, o seu tratamento foi um grande diferencial para a construtora estudada, pois, com base nos 25 anos de experiência da primeira autora com a implementação e manutenção de sistema de gestão da qualidade, pode-se afirmar que a efetiva prática do princípio da qualidade “gestão do relacionamento”, não é comum entre as empresas construtoras.

A dificuldade para interpretar o SiAC, ainda que não tenha sido apontada na literatura, é uma realidade não só da construtora em estudo, mas de todas as empresas que decidirem implementá-lo, pois o seu texto é, de fato, denso. Contudo, a ação tomada pela empresa, ou seja, a promoção continuada de treinamentos no referencial normativo para todos os colaboradores, tem condições de ser realmente uma ação corretiva e impedir a recorrência de interpretações errôneas do mesmo. Também, aqui, recomenda-se complementar e reforçar a ação dos treinamentos com a criação de um grupo de estudos sobre o referencial normativo nível A do SiAC, que deve se reunir semanalmente para analisar e estudar os seus requisitos. Devem participar desse grupo quaisquer colaboradores da organização.

Quanto à dificuldade de lidar com a excessiva documentação exigida pelo SiAC, ela também não é característica apenas da construtora em estudo, mas de toda e qualquer empresa que decidir implementá-lo, pois ela é realmente extensa, principalmente do ponto de vista operacional, quando se sabe que, para os 27 serviços controlados e os vinte materiais controlados, no mínimo, devem ser escritos procedimentos. Contudo, considera-se que essa exigência seja necessária e crê-se, até, que a rigidez do referencial normativo nível A do SiAC seja muito melhor para as empresas do que a atual flexibilidade da ISO 9001:2015, pois garante que os processos se padronizem e alcancem seus resultados pretendidos, como vem sendo vivenciado pela empresa em estudo. Não se pode deixar de destacar a ação tomada, pois gerir documentos com o auxílio de tecnologia reduz o risco de se ter não conformidades no requisito 7.5.

É destacável, também, aqui a ação da empresa de contratar uma consultoria de qualidade com especialidade em engenharia civil, pois esse profissional, tendo o conhecimento de qualidade e dos processos de uma empresa de construção civil, é capaz de conduzir a organização ao efetivo atendimento não apenas dos requisitos de projeto (7.3) e processos (4.4), mas de todos os demais requisitos. É interessante que a empresa se mantenha com a consultoria até que o sistema atravesse a fase de funcionar somente para as auditorias e passe a operar de forma natural.

Finalmente, confirmou-se, na empresa estudada, que a adequação do SGQ à NBR 15575 foi e continua a ser uma das suas principais dificuldades, dada a complexidade das exigências técnicas da norma, que necessitam de uma equipe multidisciplinar e profissionais de notória capacidade técnica para o seu cumprimento. A solução adotada pela construtora, ou seja, atualizar todos os projetos com profissionais especializados, reforçar os ensaios em laboratórios e incluir sempre os requisitos da norma no planejamento de cada obra vem conduzindo a empresa a resultados prósperos, como a melhoria do desempenho dos empreendimentos, que será mencionada nos benefícios. 

 

c) Principais benefícios alcançados com a implementação do sistema

Os principais benefícios trazidos pelos entrevistados estão explicitados nos quadros 05 e 06, que apresentam, respectivamente, os benefícios internos e externos, organizados do lado esquerdo e, do lado direito, marcou-se cada pessoa que mencionou:

 

Quadro 05: Benefícios internos alcançados

Benefícios internos

Analista do SGQ

Diretor

Engenheiro de Obras

Mão de obra mais qualificada: para o atendimento das exigências do SiAC, é necessário contar com profissionais capacitados e treinados. Assim, a empresa investiu e continua a investir maciçamente em programas de capacitação e treinamento para seus colaboradores, tanto para aqueles que já estavam na empresa quanto para os novos contratados. A construtora também incentivou e permanece incentivando a participação dos colaboradores em cursos e palestras externas relacionados à área da construção civil.

X

 

 

Padronização dos processos: a construtora, em atendimento às exigências do Anexo 4 - Requisitos Complementares para o Subsetor Obras de Edificações da Especialidade Técnica Execução de Obras do SiAC - Escopo - Execução de Obras de Edificações, desenvolveu manuais de procedimentos operacionais para todos os serviços realizados na obra, desde a preparação do terreno até a entrega do empreendimento ao cliente final. Esses manuais descrevem, com detalhes, as atividades que devem ser executadas em cada etapa, os materiais e equipamentos necessários, as medidas de segurança a serem adotadas, entre outras informações importantes.

X

X

X

Melhoria da qualidade dos serviços prestados: A partir do momento em que houve a qualificação da mão de obra e a padronização dos processos, houve uma melhoria substancial na qualidade dos serviços. Os colaboradores, devidamente qualificados, tornaram-se mais capacitados e preparados para executar suas atividades e, com os processos devidamente padronizados, eles passaram a seguir os mesmos procedimentos e a utilizar os mesmos materiais e equipamentos de qualidade assegurada.

X

X

X

Aumento da produtividade e redução do índice de retrabalhos e de desperdícios: Similarmente à melhoria da qualidade dos serviços, esse benefício foi fruto da qualificação da mão de obra e da padronização dos processos. Os colaboradores mais qualificados e conscientes da importância da qualidade passaram a cometer menos erros e, ao seguir procedimentos padronizados, essa atitude garantiu maior consistência e uniformidade na execução das atividades.

X

X

X

Efetiva aplicação da abordagem por processos: para atender aos requisitos do SiAC, a empresa precisou se reorganizar, tendo que rever seus processos e procedimentos internos. A partir dessa reorganização, a empresa passou a se identificar, efetivamente, como constituída por processos, permitindo uma gestão mais eficiente, estratégica e previsível.

X

X

X

Maior compreensão por parte dos colaboradores dos seus papeis e responsabilidades: A reorganização dos processos e atividades da empresa também possibilitou que os colaboradores passassem a ter uma efetiva compreensão dos seus papéis e responsabilidades dentro da organização, o que contribuiu para eles trabalharem de forma mais integrada e colaborativa.

X

 

 

Maior conscientização dos funcionários com relação à importância da gestão da qualidade para a empresa: Como já mencionado, inicialmente houve uma resistência ao processo da certificação, mas a empresa promoveu uma série de treinamentos e capacitações, com o objetivo de disseminar a cultura da qualidade em todos os níveis hierárquicos da organização. Com isso, os funcionários passaram a compreender a relevância da adoção de processos padronizados, da utilização de materiais de qualidade e da adoção de práticas sustentáveis.

X

 

X

Maior motivação e engajamento da equipe: Como consequência de uma maior conscientização dos funcionários com relação à gestão da qualidade, passou a existir maior motivação entre eles e um maior engajamento com o SGQ, resultando em um ambiente de trabalho mais cooperativo e produtivo.

X

 

 

Melhoria considerável na comunicação interna: esse benefício tornou mais fácil o compartilhamento de informações, possibilitando a tomada de decisões de forma coletiva.

X

 

 

Aumento do faturamento: A atração de novos clientes gerou um aumento na demanda pelos seus serviços e, consequentemente, um aumento no seu faturamento.

X

X

 

Melhoria do desempenho dos empreendimentos entregues: A partir do momento que a empresa passou a atender aos requisitos da NBR 15575, os empreendimentos começaram a apresentar melhor desempenho térmico, acústico e maior durabilidade, o que deixou os clientes muito mais satisfeitos. Isso se reflete na redução de retrabalhos e nos resultados cada vez melhores das pesquisas de satisfação dos clientes.

 

X

X

Fonte: Elaborado pelos autores

 

Quadro 06: Benefícios externos alcançados

Benefícios externos

Analista do SGQ

Diretor

Engenheiro de Obras

Melhoria do relacionamento com os fornecedores: a partir da efetiva prática do princípio da gestão do relacionamento, houve uma significativa melhoria na parceria com os fornecedores;

X

X

 

Melhoria da imagem da construtora no mercado da construção civil: Ao se certificar com base no SiAC, a construtora passou a ser reconhecida como uma empresa comprometida com o foco no cliente, ganhando mais credibilidade. Isso também melhorou o relacionamento da empresa com os seus clientes.

X

X

 

Atração de novos clientes: Como consequência de uma melhoria da imagem, a empresa atraiu novos clientes.

X

X

 

Fonte: Elaborado pelos autores

 

Com exceção da “efetiva aplicação da abordagem por processos” e “melhoria do desempenho dos empreendimentos entregues”, os demais benefícios ou equivalentes a eles foram verificados na literatura estudada, através dos trabalhos de Ofori e Gang (2001), Beattie e Sohal, (1999), Gustafsson et al., (2001); Oliveira, (2017), Silveira et al., (2002), Depexe e Paladini, (2008), Silva et al., (2020), Mendes e Picchi, (2008), Andrade (2014), Oliveira, (2017); Silveira et al., (2002), Casadesús et al., (2001) e Benneti, (2006). O alcance da “efetiva aplicação da abordagem por processos” chamou a atenção e pode ser interpretado como um diferencial para a empresa, tendo em vista que se trata de um princípio da gestão da qualidade não facilmente atingível.

Outro ponto que também chamou a atenção foi a mudança de um comportamento inicial de não comprometimento com o SGQ, por parte da alta direção e dos colaboradores, para uma conscientização com relação ao sistema e um maior engajamento e motivação da equipe. O que favoreceu a conquista dessa mudança foi, certamente, a elevada frequência dos treinamentos, capacitações e eventos de conscientização. E acredita-se que, caso sejam implantados os DDQs recomendados, eles contribuirão, sobremaneira, para a manutenção desta conscientização e do atendimento do requisito 7.3.

Mais um aspecto destacável, ao se analisar os benefícios, é que a empresa conseguiu alcançar, com a implementação do seu sistema, muito mais do que era expectado com as motivações que a levaram a implantá-lo.

Também não se pode deixar de mencionar a grande superioridade dos benefícios em relação às dificuldades, demonstrando ser a implementação de um sistema de gestão da qualidade muito mais benéfica para as empresas do que adversa.

Por fim, pôde-se confirmar, na empresa estudada que, a partir da adequação do SiAC à NBR 15575, os empreendimentos passaram a, efetivamente, atender aos requisitos dos usuários, melhorando, portanto, seu desempenho e sua qualidade, e isso vem sendo evidenciado através de resultados cada vez melhores das pesquisas de satisfação dos clientes.

 

5 Considerações Finais

O presente trabalho identificou, através da realização de um estudo de caso em uma construtora de médio porte da Região Metropolitana do Recife, motivações, dificuldades e benefícios associados ao processo de implementação de sistema de gestão da qualidade com base no referencial normativo nível A do SiAC.

Boa parte dos resultados obtidos ou equivalentes a eles foram identificados na literatura analisada, mas a forma como foram conduzidas as entrevistas do presente trabalho, que permitiu que os entrevistados discorressem livremente sobre suas experiências com o sistema, possibilitou a detecção de novos achados:

·         novas motivações: “possibilidade de oferecer mais segurança para os clientes”, “aumento do faturamento” e “maior profissionalização da estrutura interna da empresa;

·         novas dificuldades: “dificuldade de interpretação do referencial normativo nível A do SiAC por parte dos colaboradores da empresa, inclusive da própria equipe de auditores internos”, “dificuldade para lidar com a grande quantidade de informação documentada requerida pelo referencial normativo nível A do SiAC”, “dificuldade de adequar os projetos e processos da organização às exigências do referencial normativo”, “dificuldade de manter a cultura da qualidade em todas as obras” e “dificuldade da adequação do SiAC à NBR 15575:2021”;

·         novos benefícios: “efetiva aplicação da abordagem por processos” e a “melhoria do desempenho dos empreendimentos entregues”.

Essa pesquisa também confirmou, na empresa estudada, que a adequação do sistema à norma de desempenho NBR 15575 é uma das principais dificuldades do processo, mas, ao mesmo tempo, ela conduz ao benefício de melhorias no desempenho dos empreendimentos.

Empresas construtoras que estejam iniciando a implementação do seu sistema de gestão da qualidade baseado no SiAC devem ficar atentas aos seguintes aspectos destacados no presente trabalho:

·           a realização de treinamentos, capacitações e eventos de conscientização é fundamental para se chegar ao efetivo comprometimento de toda a organização com o SGQ, e eles devem ser realizados frequentemente e sem descontinuidade;

·           a criação dos Diálogos Diários da Qualidade, em complementação aos referidos treinamentos, capacitações e eventos de conscientização, pode assegurar a manutenção da conscientização dos colaboradores com relação ao SGQ, ou seja, a manutenção do cumprimento do requisito 7.3;

·           é essencial, além de ser um diferencial para a empresa, a efetiva prática do princípio da gestão do relacionamento, principalmente com os seus fornecedores, visando a melhorar a qualidade dos mesmos;

·           a realização de treinamentos continuados no referencial normativo nível A do SiAC para todos os colaboradores é imprescindível para se evitar interpretações errôneas do seu texto;

·           o estabelecimento de um grupo de estudos sobre o referencial normativo, como um reforço da ação dos treinamentos continuados, seguramente promoverá o efetivo entendimento do seu texto;

·           o uso de ferramentas e softwares de gestão de documentos e processos mitiga as dificuldades para lidar com a grande quantidade de informação documentada requerida pelo referencial normativo do SiAC;

·         A contratação de uma consultoria externa de qualidade com especialidade em engenharia civil é capaz de conduzir a organização ao efetivo atendimento não apenas dos requisitos de projeto (7.3) e processos (4.4), mas de todos os demais requisitos. É interessante que a empresa se mantenha com a consultoria até que o sistema atravesse a fase de funcionar somente para as auditorias e passe a operar de forma natural.

·         a implementação do sistema de gestão da qualidade é muito mais benéfica do que adversa para qualquer empresa que decida implementá-lo com seriedade e responsabilidade.

No que tange às limitações desse trabalho, tem-se a execução do estudo de caso em uma única empresa. Com essa limitação, não se pode generalizar para o setor da construção civil os resultados obtidos, uma vez que os impactos da adesão ao SiAC/PBQP-H podem variar entre diferentes empresas construtoras, devido a fatores como recursos disponíveis, cultura organizacional, valores da empresa e outras variáveis específicas de cada uma.

Por fim, com base na limitação identificada, sugere-se que futuros trabalhos desenvolvam estudos de caso com uma quantidade representativa de empresas construtoras, pelo menos de Pernambuco, para que os resultados obtidos possam refletir a realidade do setor da construção civil.

 

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[1] Engenharia Civil; Universidade Federal de Pernambuco; Brasil, Universidade Federal de Pernambuco, Professor Adjunto Nível C2, andrea.dinizfittipaldi@ufpe.br; https://orcid.org/0009-0002-7940-2450, http://lattes.cnpq.br/7611128072751756  

2 Engenharia Civil, Universidade Federal de Pernambuco; Brasil, Universidade Federal de Pernambuco, Professor Associado 2,, tiberio.oandrade@ufpe.br; https://orcid.org/0000-0001-5127-388, http://lattes.cnpq.br/1294753665330633

3 Engenharia Civil; Universidade Federal de Pernambuco; Brasil,  ACLF Empreendimentos, analista de planejamento, cleciohma@gmail.com; https://orcid.org/0009-0007-7271-0617