O leite e a prática de exercícios físicos: análise de um projeto eugênico (1932-1942)

Milk and physical exercise: analysis of a eugenic project

Roberta de Souza Gomes[1]

Mariana Rabelo de Castro[2]

Renato Cavalcanti Novaes[3]

Silvio de Cassio Costa Telles[4]

 

 


Resumo

O presente estudo possui como objetivo analisar e compreender de que forma o tema alimentação está presente na Revista de Educação Física, especificamente, o consumo do leite, e como a temática dialoga com o projeto de formação eugênico no Brasil, no recorte histórico compreendido entre 1932 a 1942. Esse periódico tinha como principal objetivo divulgar as contribuições da Escola de Educação Física do Exército para a Educação Física brasileira, além de ser um canal de comunicação entre civis e militares. Utilizamos como pressupostos teórico-metodológicos o conceito de usos e estratégias desenvolvido por Michel de Certeau. Os resultados indicam que, devido às dificuldades para aumentar o consumo do laticínio pela população, a revista utiliza estratégias que dialogam com os exercícios físicos para veicular a importância da inclusão da bebida na alimentação dos brasileiros.

Palavras-chave: Educação Física; História; Nutrição.

 

Abstract

The present study aims to analyze and understand how the theme of nutrition is present in the Journal of Physical Education, specifically, milk consumption, and how the theme interacts with the eugenic education project in Brazil, in the historical period between 1932 and 1942. This periodical's main objective was to disseminate the contributions of the Army's School of Physical Education to Brazilian Physical Education, in addition to being a channel of communication between civilians and military personnel. We used as theoretical and methodological assumptions the concept of uses and strategies developed by Michel de Certeau. The results indicate that, due to the difficulties in increasing the consumption of dairy products by the population, the journal uses strategies that interact with physical exercise to convey the importance of including the beverage in the diet of Brazilians.

Keywords: Physicaleducation; History; Nutrition.


 

 

 

Introdução

Até os anos de 1930, o Brasil era considerado um país rural, agrário-exportador, e com grande concentração da população nas áreas rurais. Com a entrada de Getúlio Vargas na presidência do Brasil, após a Revolução de 1930, ações para o crescimento do setor industrial provocaram mudanças em diversos aspectos do país, como no acesso aos transportes, educação, e sistema de saúde (Fausto et al., 2013). Em virtude do crescimento industrial do Brasil, o número de pessoas ocupando os centros urbanos aumentou, pois elas buscavam moradias próximas aos locais de trabalho. Assim, o governo passou a oferecer maior atenção à saúde dos trabalhadores, tendo em vista que eles eram a principal peça no processo de desenvolvimento industrial e econômico do país (Fausto et al., 2013).

Dentre as mudanças que ocorreram no âmbito da educação, destacamos a Reforma Francisco Campos, que visou desenvolver uma política modernizadora no ensino durante o Governo Provisório (1930-1934), e estava atrelada ao recém criado Ministério da Educação e Saúde Pública (MES). Entre as principais medidas adotadas, destaca-se a obrigatoriedade da realização de exercícios físicos por meio das aulas de Educação Física durante todo o ano letivo e para todas as turmas (Ferreira Neto et al., 2022). Devido à inserção da disciplina nos currículos escolares, surgiu a necessidade da elaboração de materiais que auxiliassem a prática pedagógica dos professores nas escolas. Dessa forma, em 1932 foi criada a primeira revista de Educação Física, chamada Revista de Educação Física (REF) (Ferreira Neto et al., 2022).

Este periódico tinha como principal objetivo divulgar as contribuições da Escola de Educação Física do Exército (EsEFEx) para a Educação Física brasileira, além de ser um canal de comunicação entre civis e militares (Cassaniet al., 2021). Ademais, o periódico era publicado em tamanho de livro e em formato A4, defendendo a escolarização e a formação profissional em Educação Física por meio de legislações específicas. Conforme Ferreira Neto et al. (2022, p. 51), “os articulistas também faziam circular metodologias para o ensino dos exercícios e dos métodos ginásticos, bem como publicaram referenciais teóricos que ofereciam suporte para a prática pedagógica”.

De acordo com Cassaniet al. (2019), a Revista apresentava no interior imagens e descrições detalhadas, principalmente, com relação ao ensino dos esportes, proporcionando ao leitor acesso aos conhecimentos técnicos e táticos de cada modalidade. Para Cassaniet al. (2019, p. 279):

O uso desses dispositivos significou a produção de prescrições didático-pedagógicas que conferissem à EF o caráter essencialmente prático. Essa constatação está vinculada à própria urgência colocada pela modernização em requerer um homem formado para a ação. No entanto, não se tratava de uma prática pela prática, destituída de sentidos, mas sim articulada intrinsecamente ao intelecto e à moral dos indivíduos.

 

 Ou seja, a prática de exercícios físicos no âmbito escolar possuía intencionalidades, pois, conforme Cassaniet al. (2019), pretendia-se construir um homem que estivesse apto a auxiliar o desenvolvimento da nação. Segundo Cassaniet al. (2020), a REF veiculava princípios eugênicos positivos, os quais fortaleceram o desejo de progresso do país que aconteceu por meio de melhorias na educação e na saúde, principalmente por meio da prática de exercícios físicos. Dessa forma, a Educação Física seria capaz de auxiliar no projeto de melhoramento da “espécie”, proporcionando o aprimoramento físico, moral e psíquico. A EsEFEx enxergou na REF uma possibilidade de divulgar as pesquisas conduzidas pela instituição, buscando se consolidar como a responsável pelo projeto de aprimoramento racial no país (Cassaniet al., 2020).

Góis Júnior et al. (2013) afirmam que, durante o século XX, o esporte surgiu atrelado ao discurso eugenista, sendo considerado um importante instrumento para o aprimoramento da raça brasileira. Outros estudos investigaram as ideias desenvolvidas por Fernando de Azevedo com relação à “regeneração da raça” por meio da Educação Física (Vechia; Lorenz, 2009). Pode-se também observar pesquisas que analisaram e compreenderam as orientações para o ensino da Educação Física fundamentadas em projetos de formação humana eugenista e higienista, em que foram utilizadas como fontes a REF e a Revista de Educação Physica (REPhy) (Cassaniet al., 2020).

Apesar de existir uma produção significativa de conhecimento acerca da relação entre a Educação Física e o projeto de formação eugênica no Brasil entre os anos de 1920 a 1940, através do mapeamento realizado não encontramos nenhum estudo que tenha investigado o diálogo entre a alimentação e os exercícios físicos e a sua importância na construção de um projeto de formação eugênica no país ao longo dos anos de 1930. Nos anos de 1920, nos Estados Unidos da América, o Conselho Nacional de Laticínios do país difundiu a ideia de que o consumo dos alimentos lácteos auxiliava no desenvolvimento intelectual humano, posteriormente afirmando que a “raça ariana” foi aquela que mais consumiu esse tipo de produto (Malva, 2024).

Dessa forma, o presente estudo possui como objetivo analisar e compreender de que forma o tema alimentação, especificamente, o consumo de leite, está presente na Revista de Educação Física, e como a temática dialoga com o projeto de formação eugênico no Brasil no recorte histórico entre 1932 a 1942.

 

Fontes e procedimentos teórico-metodológicos

Esta pesquisa utiliza como referência o estudo desenvolvido por Certeau (2002) sobre os usos e estratégias que se fazem presentes no cotidiano de todas as sociedades ao longo da história da humanidade. O conceito de uso também engloba a ideia de consumo, nos quais determinados objetos são produzidos e consumidos por meio da sua circulação em um determinado espaço e momento histórico, circulando de forma despercebida, se movimentando naquele espaço e depois desaparecendo (Certeau, 2002). Para que esses objetos cheguem aos olhos dos consumidores é necessário que as instituições adotem estratégias. Conforme Certeau (2002, p. 99):

Chamo de estratégia o cálculo (ou a manipulação) das relações de força que se torna possível a partir do momento em que um sujeito de querer e poder (uma empresa, um exército, uma cidade, uma instituição científica) pode ser isolado. A estratégia postula um lugar suscetível de ser circunscrito como algo próprio e ser a base de onde se podem gerir as relações com uma exterioridade de alvos ou ameaças (os clientes ou os concorrentes, os inimigos, o campo em torno da cidade, os objetivos e objetos da pesquisa).

 

Conforme Ferreira Neto et al. (2022), a REF, até os anos de 1960, foi utilizada como ferramenta estratégica pelo Exército Brasileiro (EB), especificamente pela EsEFEx, para divulgar as contribuições da instituição para o ensino da Educação Física nas escolas. Com intuito de convencer os leitores, o periódico veiculava matérias escritas por intelectuais reconhecidos naquele momento histórico, buscando conquistar a confiança da população sobre a importância da Revista para a consolidação e a sistematização da disciplina nos currículos escolares (Ferreira Neto et al., 2022).

Sendo assim, utilizamos como fonte no presente estudo a Revista de Educação Física, no recorte temporal compreendido entre 1932 a 1942. A justificativa para escolha do referido período ocorre devido a motivos internos e externos à Educação Física, particularmente, as continuidades e as descontinuidades da publicação da Revista. O estudo inicia-se em 1932 por ser o ano de publicação da primeira edição do periódico (Cassaniet al., 2020), e encerra-se em 1942 devido a sua interrupção de publicação e veiculação, ocasionada pela entrada do Brasil na Segunda Guerra (Sant’anna, 1947).

O mapeamento das matérias publicadas referentes aos temas alimentação e exercício físico foi realizado na página online da Revista, onde é possível encontrar todas as edições desde a sua primeira publicação até o ano de 2024. Entre os anos de 1932 e 1942 foram publicadas cinquenta e oito edições, nas quais foram mapeadas cinco matérias que traziam em seu título a palavra “alimentação” ou um determinado tipo de alimento como, por exemplo, “leite”. As referidas publicações foram organizadas no quadro abaixo.

 

Quadro 1: Matérias referentes à alimentação publicadas na REF (1932-1942)

Título

Edição

Autor (es)

Mais leite faz uma nação mais forte

nº2, 1933

x

Alimentação e exercício físico

nº2, 1933

Doutor Virgílio de Uzêda

A alimentação do desportista

nº16, nº17, 1934

Prof. Pedro Escudero

O problema da alimentação na Educação Física

nº14, 1934

Professor Josué de Castro

Campanha nacional pela alimentação da criança

nº21, 1935

x

Política alimentar

nº25, 1935

Doutor Hélio Pólvoa

A alimentação do desportista

nº47, 1939

Capitães e médicos Oriot Benites e Lauro Barroso Stuart

 

Vale dizer que a intenção desta pesquisa não é realizar julgamento de valor dos fatos ocorridos. Assim como Bloch (2001), acreditamos que não cabe ao pesquisador do campo da História julgar o passado, mas sim compreendê-lo por meio da interrogação das fontes e documentos que possuímos, pois: “uma palavra, para resumir, domina e ilumina nossos estudos: ‘compreender’” (Bloch, 2001, p. 128).

 

O consumo de leite e a eugenia “à brasileira”

A partir dos anos de 1930, a Nutrição foi introduzida como ciência no Brasil e baseada em estudos norte-americanos. Difundia-se a ideia de que o leite de vaca era um dos alimentos mais importantes, devido a sua capacidade de reunir em um único copo diversos nutrientes capazes de auxiliar na saúde da população. Especificamente, no Brasil, o produto foi classificado como um alimento que auxiliaria no projeto “eugênico” que se consolidava no país (Brinkmann, 2013). Dessa forma, destacamos o documento publicado pelo governo norte-americano em 1920 “NationalDairy Show” (Figura 1), em que é ressaltada a importância do leite na alimentação da população:

As pessoas que alcançaram, que se tornaram pessoas grandes, fortes e vigorosas, que reduziram sua mortalidade infantil, que têm os melhores negócios do mundo, que apreciam a arte, a literatura e a música, que são progressistas na ciência e em todas as atividades do intelecto humano são as pessoas que usaram quantidades generosas de leite e seus produtos (United States. DepartmentofAgriculture, 1920).

 

Figura 1:NationalDairy Show, 1920

https://lh7-rt.googleusercontent.com/docsz/AD_4nXc_bQ8hJwUKsNbm1EdHL3OBBiaISzSSayxRNECWMwgRjGt1k4_QksYrXLQIAEf5RlWUnEa-_LVlICO4NRFteJT0zTmPQz18SotxeCgwt2bEX9P4pKRpo_1J2By5JQTertJ5PhPuR7o7zEiO9p_-cDU?key=wpgheCwoNaxpBvlv7YHBfdcf

Fonte: Internet Archive.

 

Conforme Cassaniet al. (2020) a REF veiculava em suas matérias a ideia de princípios eugênicos atrelados à construção de uma raça forte e saudável, e para tal utilizava-se de teorias elaboradas por intelectuais conhecidos, como Francis Galton e Renato Kehl. Dessa forma, podemos afirmar que o periódico adotava estratégias – no sentido utilizado por Certeau (2002) – para se consolidar como um porta-voz do projeto de construção de uma nova raça que auxiliasse no desenvolvimento da nação, e para isto fazia circular no seu interior intelectuais reconhecidos no meio científico. Por meio do mapeamento realizado na página online da REF, encontramos uma matéria que confere destaque ao leite, que foi publicada no ano de 1933.

A matéria possui como principal objetivo ressaltar a experiência positiva que os soldados suíços tiveram ao longo da Primeira Guerra Mundial ao fornecerem leite às tropas, sendo substituto das bebidas alcoólicas por ser capaz de fornecer “energia” aos combatentes nas trincheiras. Ao final da publicação também se destaca a importância e os benefícios da inclusão da bebida nas escolas (Revista de Educação Física, 1933).

Não menos satisfatórios foram os resultados colhidos com a adoção do leite nas escolas públicas. Entre outros, constatou-se aumento de peso e melhoria da saúde na generalidade dos alunos. O copo de leite servido de manhã, às 10 horas, devidamente pasteurizado a uma temperatura de 63 centígrados (Revista de Educação Física, 1933).

 

Conforme Vechia e Lorenz (2009), algo que preocupava os intelectuais brasileiros no início do século XX era a questão do baixo desenvolvimento social e econômico que o país apresentava, apesar de possuir muitas riquezas naturais. A explicação para tal atraso foi direcionada para a “degeneração da raça brasileira”, baseada nas ideias eugenistas europeias que criticavam a mestiçagem da população brasileira. Dessa forma, o “melhoramento racial” seria capaz de alavancar o desenvolvimento do Brasil, mas devido à mistura de raças já não seria possível promover a eugenia negativa, em que “os indivíduos com qualquer distúrbio físico ou mental deveriam abster-se da reprodução” (Vechia; Lorenz, 2009, p. 59).

 Sendo assim, restava ao país investir nas ações direcionadas à eugenia positiva, pois se acreditava que algumas características adquiridas poderiam ser transmitidas às próximas gerações, e portanto seria importante promover na população a prática de exercícios físicos, principalmente por meio da Educação Física (Vechia; Lorenz, 2009), bem como adotar outros cuidados com o corpo, como o consumo de determinados alimentos como o leite, o qual era capaz de fornecer sais minerais, vitaminas e proteínas, gerando cidadãos aptos a ajudar no desenvolvimento econômico e social do Brasil (Brinkmann, 2013). 

Gomes et al. (2023) afirmam que a partir dos anos de 1930 acreditava-se que não somente os homens, mas também as mulheres e as crianças seriam peças importantes para resolver os problemas relacionados aos atrasos econômicos e sociais do país. Dessa forma, diversas matérias no interior da REF passaram a veicular conteúdos que orientavam a prática de exercícios físicos para mulheres e crianças. Com relação às crianças, também verificamos a preocupação do periódico em abordar questões relacionadas à alimentação na infância, conferindo destaque ao alto valor nutritivo do leite.

Essa Campanha, já agora em seus primeiros instantes de atividade plena, pois já conta uma série de realizações vitoriosas, destina-se a esclarecer a população brasileira sobre os males da nutrição; ensinar a comer bem, isto é, racionalmente, de acordo com as nossas exigências climatéricas; propagar o uso de leite como o grande alimento infantil, preferível a qualquer outro (Revista de Educação Física, 1935).

 

Conforme Lopes e Maio (2018), em 1940 foi criado o Departamento Nacional da Criança (DPNC) com o intuito de incentivar a promoção do bem-estar infantil, se integrando à agenda oficial do poder público e dialogando com o projeto varguista de construção da nacionalidade. Os médicos puericultores foram os responsáveis por estruturar e implementar as políticas de saúde e materno-infantis do DPNC, momento em que se utilizaram das ideias eugênicas para explicar o atraso do crescimento infantil da população, afirmando que tal fato atrasava o desenvolvimento econômico do país.

Entretanto, apesar das tentativas para o aumento do consumo de leite na população brasileira, a iniciativa esbarrava em diversos problemas estruturais e culturais para a produção, distribuição e consumo do alimento, o que provocava o aumento do preço do laticínio. A população brasileira, nos anos de 1930, não possuía o hábito de incluir o leite nas refeições, salvo quando ingeriam a bebida misturada com o café, pela manhã. Ademais, o Brasil ainda não possuía indústrias estruturadas para a pasteurização e posterior distribuição, dificuldade que se agravou com o início da Segunda Guerra Mundial, pois provocou o aumento dos preços do maquinário utilizado nessas fábricas (Brinkmann, 2013).

A REF também empregou a estratégia de convidar professores e médicos para escreverem matérias no periódico, com o intuito de conferir um caráter científico e de confiabilidade aos conteúdos publicados. Em 1934, Josué de Castro, médico e professor da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais e da Faculdade de Medicina do Recife, escreveu a matéria “O problema da alimentação na Educação Física”, a qual buscou relacionar aspectos do exercício físico e da alimentação, ressaltando, principalmente a importância dos laticínios. 

O educador, como o médico ou o higienista, não pode absolutamente descurar do problema da alimentação, cuja importância é básica na obtenção de um desenvolvimento equilibrado, físico e moral dos indivíduos jovens. A educação física, que visa obter um desenvolvimento racional do indivíduo e o seu ótimo rendimento vital, tem, no emprego da alimentação adequada, um dos fatores mais importantes. Não é só estimulando os músculos, que eles se desenvolvem bem, mas, antes de tudo, fornecendo-lhes na alimentação os princípios nutritivos necessários aos seus atos vitais, que são as respostas correspondentes aos estímulos externos. [...] Ainda sob o ponto de vista específico, é indispensável atentar sobre a quota de minerais da ração alimentar, afim de evitar principalmente os déficits em cálcio, fósforo e ferro, que se apresentam comumente nos regimes descuidados. Para isto, basta introduzir na alimentação diária um pouco de carne fresca (rica em ferro), leite ou queijo (ricos em cálcio e fósforo) e legumes verdes (ricos em vários sais) e, se possível, ovos (ricos em fósforo). Com estes cuidados, não haverá casos de insuficiência mineral, de descalcificação, de tendências à tuberculose, de anemias alimentares, etc. (Castro, 1935).

 

Entretanto, o nutrólogo Josué de Castro tinha uma posição contrária aos pressupostos das teorias eugênicas, alicerçando suas ideias nas pesquisas desenvolvidas por ele, principalmente na região Nordeste do Brasil. Castro afirmou que o atraso do crescimento nessa população do país acontecia devido à carência nutricional na alimentação e não às questões de origem étnica ou racial (Vasconcelos, 2001). Ademais, Josué de Castro, ao longo dos anos de 1930, a partir dos seus estudos do campo da nutrição realizados na Região Nordeste do Brasil, denunciou as péssimas condições alimentares das famílias da região, afirmando que a base da dieta de grande parte das famílias era açúcar, café, charque, farinha e feijão, sendo pobre em vitaminas e sais minerais (Vasconcelos, 2005).

Para Vasconcelos (2001, p. 327):

Ao finalizar sua análise sobre as consequências da insuficiência energética da dieta das classes operárias no Recife, ele reafirma a “tese do mal de fome e não de raça”, numa forma de interlocução com os cientistas de outros campos disciplinares que, à época, procuravam desfocar da questão biológica para a questão cultural o preconceito de ‘meio’ e de ‘raça’ que se tinha sobre o povo brasileiro.

 

O periódico também utilizou a estratégia de estabelecer o diálogo entre a alimentação e a prática de exercícios físicos se baseando, especificamente, em conhecimentos dos campos da fisiologia e anatomia para explicar a importância de um plano alimentar rico em proteínas, principalmente para os praticantes de atividades físicas, como foi possível constatar na matéria “Alimentação e Exercício Físico” escrita pelo Dr. Vergilio de Uzêda, publicada em 1933.

A matéria “Alimentação do Desportista” também buscou trazer contribuições à alimentação dos atletas sugerindo a restrição de alimentos que provocassem “acidose” no organismo, sendo ela “a maior responsável por tantos fracassos de nossos atletas” (Benites et al., 1935, p. 34). Logo, os médicos sugerem que 48 horas antes de competições desportivas a carne, o pão e os ovos, sejam substituídos por: leite, creme de leite, queijo fresco, manteiga, frutas, legumes, mel, melado e geleias. A matéria também trouxe quadros informativos a respeito das qualidades nutricionais de diversos alimentos, com destaque para o leite, além de fornecer um plano alimentar, no qual o laticínio deveria ser consumido duas vezes ao dia.

Segundo Vasconcelos, as intervenções do estado no campo da alimentação e nutrição são construídas, planejadas e implementadas a partir dos interesses econômicos, sociais e políticos de um determinado momento histórico, adotando estratégias diferentes em cada segmento social. De acordo com Uzêda (1933), devido à expansão da modernidade, e como consequência do aumento do número de horas trabalhadas, a população brasileira diminuiu os cuidados com a alimentação, muitas vezes optando por alimentos industrializados como a gelatina, que, apesar de conter proteínas e minerais, possuía um valor nutritivo inferior aos alimentos in natura.

As proteínas constituem a substância fundamental, o substrato de toda célula viva. O corpo é composto em grande parte de proteínas. Após várias experimentações, apuraram os fisiologistas que, para manter o equilíbrio azotado, precisamos de 0,60 centigramas de proteínas por dia e por quilo de peso corporal. Um homem de porte médio, portanto, não necessita mais de 40 gramas, o que lhe pode ser ministrado por 200 gramas de carne, ou feijão, ou queijo, um litro de leite ou dez ovos. Devemos perfazer a quantidade diária, buscando proteínas em vários alimentos, por isso que nem todos contêm os diversos ácidos aminados indispensáveis à nutrição (Uzêda, 1933).

 

Uma outra estratégia utilizada pela REF foi a de publicar propagandas do produto Toddy, vinculando ao achocolatado as ideias de força e saúde. Acreditava-se que o achocolatado, ao ser misturado com o leite, poderia proporcionar um sabor mais agradável para os brasileiros, pois, segundo Brinkmann (2013), eles não possuíam o hábito de consumir a bebida com muita frequência ao longo dos anos de 1930. Conforme a propaganda, o produto ao ser misturado no leite poderia ser consumido no verão e no inverno, pois era possível utilizar o alimento frio ou quente.

 

Figura 2: Saúde e Força

https://lh7-rt.googleusercontent.com/docsz/AD_4nXfd1u13eNmgnWxdljt_aihyOCwOc8qEhSw08v-6t1iVAxOTd8B6R2cXv0UAqFtKE-emQ2QxtDSfRbRjlMPggm4i7TuTYPbVaA4Mpto7hqWuu73KQ88hjIxR-yE2P9WdMNeGXdgBQ-CXFM37P7PBdmY?key=wpgheCwoNaxpBvlv7YHBfdcf

Fonte: Propaganda publicitária, Revista de Educação Física,1935.

 

Conforme Pereira (2017), o achocolatado Toddy começou a ser comercializado no Brasil no ano de 1932, aparecendo constantemente associado nas propagandas aos conceitos de saúde, alegria e bem-estar, proporcionando por meio de elementos nutritivos na sua composição a sensação de vigor. A análise da propaganda nos remete ao conceito de uso proposto por Certeau (2002), em que os produtos são produzidos, divulgados e consumidos, de forma despercebida, fazendo-se presente em um determinado espaço e tempo histórico, o que neste estudo foi observado na REF entre os anos de 1932 a 1942.

Da mesma maneira, o periódico também vinculou em suas páginas matérias referentes ao Leite Maltado Nestlé, ressaltando que a derrota em competições esportivas estaria atrelada à “falta de energia”, e uma das soluções para tal questão seria o consumo do mencionado produto. Ademais, a propaganda informa que durante o mês de julho de 1931 o laticínio foi distribuído na EsEFEx aos instrutores de Educação Física, oficiais-médicos, alunos e demais pessoas que estivessem no local.

 

Figura 3: Leite Maltado Nestlé na Escola de Educação Física do Exército

https://lh7-rt.googleusercontent.com/docsz/AD_4nXcD1Yq1vFoZUEc1Xf2uWBufKcoj3u9EFSdqStvb7Z2YR4YbO9pYH2rEHG2C-an_PVTHgfj9oFvz3zbz4BdpSEnfxZrSPNHeR6H0p9GUjE_SLa9Xe5oGCdsdOZkRMOEcYZaT5kD_GT75vvolEk5p1QE?key=wpgheCwoNaxpBvlv7YHBfdcf

Fonte: Revista de Educação Física, 1941.

 

Segundo Leão e Feldhues (2007), em pesquisa desenvolvida sobre propagandas veiculadas em Recife no 1938, na qual também foi utilizado o referencial teórico de Michel de Certeau, constatou-se que, devido às ideias de desenvolvimento econômico e defesa nacional que foram implementadas pelo governo do presidente Getúlio Vargas, exigiu-se a potencialização do corpo do brasileiro. “Energia, esporte, vitalidade e potência foram elementos de consumo ideológico maciçamente presentes no marketing comercial” (Leão; Feldhues, 2007, p. 100). Sendo assim, o Leite Maltado foi apresentado à população como um produto fruto de diversas pesquisas científicas, sendo capaz de manter e restaurar as forças físicas e mentais (Leão;Feldhues, 2007).

Na presente pesquisa também cabe destacar a importância que foi conferida à alimentação das crianças, sendo o leite um dos principais alimentos que deveria estar presente na infância. Conforme Sanglard e Gil (2024), nas primeiras décadas do século XX, ocorreu o crescimento de propagandas de leite em periódicos, com o intuito de substituir o leite materno pelo industrial, tendo em vista o objetivo do governo em formar crianças “felizes, robustas e saudáveis” (Sanglard; Gil, 2024, p. 10). Importante ressaltar que no Rio de Janeiro o índice de mortalidade infantil era alto quando comparado a outros estados do Brasil, conjuntura provocada devido à má alimentação das crianças (Sanglard; Gil, 2024).

Segundo Camara (2021), as professoras da cidade do Rio de Janeiro recebiam orientações de como poderiam estimular e oferecer o leite aos alunos, especificamente, durante o curso de formação “Educação Sanitária - Higiene e Medicina Preventiva”, que aconteceu entre os anos de 1929 a 1930. Para Camara (2021, p. 791), “a relevância da ingestão diária de leite em benefício da saúde e do desenvolvimento da criança deveria ser incorporada pela escola sob a prática de distribuição de copos de leite [...]”. Ademais, o consumo da bebida também aparece atrelado às práticas de atividades ao ar livre e exposição ao sol (Camara, 2021).

De acordo com Berto et al. (2009), os parques infantis e as colônias de férias, durante os anos de 1930 a 1940, também eram espaços educacionais:

Desse modo, os parques infantis e as colônias de férias destinavam-se à assistência e à recreação e, especialmente, à educação infantil, como forma de complementação da educação escolar ou como meio de preparação para a escolarização. As atividades nesses espaços, onde era proporcionado o contato com a natureza, eram norteadas pelas noções de saúde e higiene e de preparação intelectual, moral e física, de modo que as crianças se afastassem das más tendências e fossem mais bem preparadas para a época nova (Berto et al., 2009, p. 10).

 

Apesar do cenário apresentado por Camara (2021) no Rio de Janeiro, na REF mapeamos iniciativas de distribuição do leite em parques infantis e escolas de São Paulo. Conforme Miranda (1941, p. 9), na publicação Parques Infantis de São Paulo:

A assistência alimentar é outro setor de real valor que a Prefeitura de São Paulo está prestando às crianças operárias. Verificando que mais de 60% dos frequentadores dos Parques Infantis apresentavam sintomas de desnutrição decorrentes de causas patológicas, alimentares, higiênicas ou sociais, necessário foi instituir um serviço especial, ensinando-lhes simultaneamente as regras de uma alimentação correta e mostrando-lhes as substâncias aconselháveis para o seu estado de saúde. As crianças duas vezes por dia recebem merenda do Parque, composta de leite, pão, manteiga, bananada, goiabada, pessegada, queijo e banana, alimentos que visam corrigir as falhas de nutrição apresentada (Miranda, 1941, p. 9).

 

No Rio de Janeiro, as iniciativas para a distribuição de leite para as crianças ganharam força somente a partir dos anos de 1950, mas de uma forma diferente da que ocorreu no estado de São Paulo. Conforme o jornal Correio da Manhã, durante as Ruas de Recreio, aconteciam pausas para que as crianças pudessem consumir a bebida.

Um pouco de leite está sendo distribuído a cada garoto nas ruas de recreio, instituídas recentemente nesta capital pela Divisão de Educação Física do Ministério da Educação e Cultura. Para a preparação desse leite que vem em pó para a Campanha Nacional de Merenda Escolar, este órgão instalou em plena via pública cantinas de emergência, com fogões e outros utensílios necessários, valendo-se ainda de seus médicos e nutrólogos e dietistas para o controle do trabalho e do seu rendimento.

 

A MENINADA EM FILA

A garotada não cria o menor problema disciplinar – informou à reportagem a nutricionista ElinaBortot, da Merenda Escolar. A fila é organizada e todos esperam a sua vez porque sabem que a nossa iniciativa lhes dará a complementação alimentar para suprir o desgaste orgânico causado pelos exercícios físicos ao ar livre (Correio da Manhã, 1958, p. 5).

 

Figura 4: Agora nas Ruas de Recreio, as crianças fazem uma pausa no divertimento para tomar leite distribuído pela Campanha Nacional de Merenda Escolar

https://lh7-rt.googleusercontent.com/docsz/AD_4nXdpAKdutgyo8W1vzVYDnqnlB66bT0riLyKlaGWb6M-W7a3Oan7F6O21K4SSmU4Kthrz60sAaNbn57cR1WpjjGEcmc35jYAKkIV-c2S4hA5-oCpPks20qAq3H85OkYbBv6hFsKnSNJy5R-6pqdXFfg?key=wpgheCwoNaxpBvlv7YHBfdcf

Fonte: Correio da Manhã, 1958.

 

Figura 5: Ruas de Recreio, 1958

https://lh7-rt.googleusercontent.com/docsz/AD_4nXd1PgcVBZWTak43PIIrs6qM4lOUoSTZKyqecMz3Un_75QugP3pCNeMkc3adiF-3mlnLq5Uf8kLdeIyl5Y2Dc2fDDjMjlLaWWBFo39xS0ixyr2xlez6i6wRISh69sSX1crptkySO8i3px4C5Bxm3iw?key=wpgheCwoNaxpBvlv7YHBfdcf

Fonte: Arquivo Nacional.

 

De acordo com a REF (1958), as Ruas de Recreio foram uma iniciativa do professor de Educação Física Alfredo Colombo (Diretor da Divisão de Educação Física do Ministério da Educação e Cultura), que tinha como intuito promover atividades físicas ao ar livre durante os meses de férias para as crianças do Rio de Janeiro. As atividades contavam com o apoio da Prefeitura do Distrito Federal (Rio de Janeiro) e com o Departamento de Segurança Pública. Conforme o regulamento elaborado pela Divisão de Educação Física:

Art. 1º A Divisão de Educação Física do Departamento Nacional de Educação promoverá, anualmente, nesta Capital, no período das férias escolares, atividades públicas de recreação com a denominação de Ruas de Recreio.

Art. 2º As referidas atividades serão abertas às crianças e adolescentes, em caráter facultativo, independentemente de inscrição, exame médico e autorização dos pais ou responsáveis.

Parágrafo único. Fica subentendido que as crianças e adolescentes em atividades nas Ruas de Recreio, o fizeram com autorização dos pais ou responsáveis.

Art. 3º As Ruas de Recreio serão dirigidas e orientadas pela Divisão de Educação Física que designará professores especializados em educação física ou recreação para a execução do programa elaborado.

[...]

Art. 7. As Ruas de Recreio funcionarão em diversos bairros, no horário de 8 às 11h ou das 15 às 18 horas, de 2ª a 6ª feira, durante um mês, com as seguintes atividades:

1) de natureza física

a) volibol

b) basquetebol

c) tênis de mesa

d) futebol de salão

e) peteca

f) rodas, corridas, etc.

2) de natureza intelectiva:

a) xadrez

b) xadrez chinês

c) dama

d) dominó

e) futebol de botão

f) futebol mirim

 

Um último exemplo que consideramos relevante à simbologia do leite, apesar de não abarcar o período pesquisado neste manuscrito, foi a polêmica ocorrida no ano de 2020 com o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro[5]. Durante uma de suas lives presidenciais, o ex-presidente e seus assessores ingeriram copos de leite, afirmando que estariam cumprindo um desafio dos “ruralistas” (Figura 6). Entretanto, para alguns antropólogos, como para a doutora em antropologia social pela Universidade Estadual de Campinas, Adriana Dias, existe uma relação direta entre o consumo do alimento e os movimentos neonazistas. Conforme Adriana Dias “O leite é o tempo todo referência neonazi. Tomar branco, se tornar branco. Ele vai dizer que não é, que é pelo desafio, mas é um jogo de cena, como eles sempre fazem” (Rocha, 2020).

 

Figura 6: Ex-presidente e assessores consomem leite em live

https://lh7-rt.googleusercontent.com/docsz/AD_4nXfqjEMjLcSiYsKV8Vs-iAFQgWAZPDFSdKLQ9ygfS6Yg80-e85GOH29nZPIYHrHBSyIsxiyVuwsRT1uZ6BQaLdlNVPU0e5oct54-5zdONlmuRlXqmkUhwYoC8ep3BVdn36Q_YrjvqZX2SQYy5vOYHA?key=wpgheCwoNaxpBvlv7YHBfdcf

Fonte: Revista Fórum, 2020.

 

Considerações finais

O presente estudo abordou, especificamente, a relação entre o leite e a eugenia na Revista de Educação Física, no recorte temporal compreendido entre os anos de 1932 a 1934. Optamos por analisar a Revista de Educação Física por ter sido o primeiro periódico no campo a ser publicado e também por utilizar propagandas no seu interior, atrelando o consumo de leite à obtenção de outros produtos.

Concluímos que, devido aos diversos entrepostos encontrados para inserir o leite no projeto de formação eugênica, a REF também adotou as seguintes estratégias: veicular nas matérias conteúdos que relacionam a alimentação com a prática de exercícios físicos; divulgar outros alimentos que poderiam ser misturados com o laticínio para tornar o sabor mais agradável, como por exemplo, o achocolatado Toddy; assim como convidar intelectuais para conferir caráter científico às matérias publicadas, como nutricionistas e médicos.

Cabe destacar que no recorte histórico analisado também foram publicadas outras matérias que de alguma forma dialogam com o conteúdo do presente artigo, mas que não abordam, especificamente, o tema da alimentação. Destacam-se assuntos relacionados à “eugenia” e ao “crescimento físico das crianças”, como por exemplo as publicações “A Eugenia e a Constituinte” e “Como crescer um pouco mais rápido”, ambas publicadas em 1933.

Acreditamos que outras pesquisas no futuro possam se debruçar em torno da interface entre o leite e/ou outros alimentos com o projeto eugenista em outros periódicos da Educação Física, como também em períodos históricos distintos dos adotados neste trabalho. Ao analisarmos acontecimentos recentes no contexto político do Brasil, percebemos como aspectos do contexto macro dialogam com o campo da Educação Física. Contudo, para entendermos esses fatos, fatalmente, precisamos compreender e analisar a História, e como ela é permeada por avanços e retrocessos.

 

Agradecimentos

A primeira autora da pesquisa agradece a CAPES pela bolsa e ao CNPq pelo fomento.

 

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Recebido em 12/10/2024.

Aceito em 17/12/2024.



[1]Mestre em Educação Física. Escola de Educação Física e Desportos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Brasil. E-mail:robertaufrj92@gmail.com| https://orcid.org/0000-0003-3302-0473

[2]Mestre em Educação Física. Instituto de Educação Física e Desportos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Brasil. E-mail: mariana.orc@gmail.com| https://orcid.org/0000-0001-7583-7364

[3] Doutor em Educação Física. Marinha do Brasil. E-mail: rennovaes@hotmail.com | https://orcid.org/0000-0003-3804-2313

[4] Doutor em Educação Física. Escola de Educação Física e Desportos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); Instituto de Educação Física e Desportos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Brasil. E-mail: telles.ngt@terra.com.br | https://orcid.org/0000-0003-2652-6118

[5] Vale dizer que o ex-presidente já se envolveu em outras polêmicas envolvendo grupos neonazistas. Disponível em: https://www.intercept.com.br/2021/07/28/carta-bolsonaro-neonazismo/. Acesso em: nov. de 2024.