Américo de Campos: jornalismo e política na São Paulo da segunda metade do século XIX

 

Américo de Campos: journalism and politics in São Paulo from the second half of the XIX century

 

Rubens Arantes Correa[1]

 


Resumo

O artigo intenta reconstruir a trajetória de Américo Brasílio de Campos (1835-1900), jornalista paulista que teve atuação em importantes veículos da imprensa escrita na capital de São Paulo da segunda metade do século XIX, além de integrar grupo de intelectuais e políticos naquela conjuntura que se autointitulava republicano.  O objetivo é mostrar, através da reconstituição da trajetória de Américo de Campos, o mapeamento dos territórios de engajamento intelectual e político dos chamados homens de letras no contexto de crise do sistema político monárquico: suas formas de atuação, suas redes de sociabilidade, seus pertencimentos geracionais e suas filiações ideológicas.  Para tanto lança-se em termos de escopo metodológico as noções desenvolvidas por Jean-François Sirinelli, especialmente, para o emprego das noções de itinerários, geração e estruturas de sociabilidade.

Palavras-chave: Américo de Campos; Intelectuais; Itinerários; Política.

 

Abstract

The article attempts to reconstruct the trajectory of Américo Brasílio de Campos (1835-1900), a São Paulo journalist who worked in important vehicles of the written press in the capital of São Paulo in the second half of the 19th century, in addition to integrating a group of intellectuals and politicians at that juncture who called himself a republican. The objective is to show, through the reconstruction of Américo de Campos' trajectory, the mapping of the territories of intellectual and political engagement of the so-called men of letters in the context of the crisis of the monarchical political system: their forms of action, their networks of sociability, their belongings generational and their ideological affiliations. To this end, the notions developed by Jean-François Sirinelli are launched in terms of methodological scope, especially for the use of the notions of itineraries, generation and structures of sociability.

Keywords: Américo de Campos; Intellectuals; Itineraries; Policy.


 

 

 

 

 

 

Introdução

A imprensa escrita se insere na época moderna como uma forma de expressão social responsável pela circulação de ideias e divulgação de plataformas político-ideológicas, consolidando, com o passar do tempo, uma posição relevante dos grupos sociais diante do poder institucionalizado, seja na forma do poder Estado, de partidos políticos, de sindicatos, da Igreja, entre outros. Tal condição explica as oscilações entre a construção de um discurso programático a favor do poder, ora contra. Daí não ser surpreendente que um jornal, em qualquer época, se declare um órgão apartidário ou apolítico, como que almejando uma posição de neutralidade e acima das diferenças e tensões, encobrindo seu viés ideológico (CAPELATO, 1981, p. 118).

Se a imprensa escrita funciona como uma forma de representação da sociedade, esse funcionamento, por outro lado, precisa ser compreendido a partir de determinado contexto histórico. Nesse sentido, os jornais constroem discursos e repercutem preocupações especificamente de um tempo, estando, pois, seus balizamentos ideológicos colados às questões próprias de uma determinada conjuntura histórica. Do que se pode concluir que o vocabulário jornalístico é construído/reconstruído permanentemente conforme as circunstâncias históricas e os anseios sociais correspondentes (GOULDNER apud RUDIGER, 1993, p. 29).

A imprensa no contexto do século XIX brasileiro representou espaço privilegiado de atuação pública dos intelectuais, sobretudo, devido à ausência de um campo de atuação acadêmica mais estruturada no país. Sem um sistema de educação formal organizado e universalizado restava aos intelectuais o espaço dos jornais e das revistas como forma de expressão literária, política ou de natureza mais específica como educação, ciência e jurídica.

Tais circunstâncias são reveladoras do retrato da precariedade do sistema intelectual brasileiro. Acrescente-se a essa situação a ausência de um público leitor, a quase inexistência de bibliotecas e o pouco suporte técnico para a circulação de ideias como livrarias e tipografias. Somados todos esses elementos tem-se, então, a característica dominante da prática intelectual nos oitocentos brasileiros: a cultura essencialmente devota da tribuna e do orador (LIMA, 1981, p. 3).

No caso especial de São Paulo da segunda metade do século XIX – recorte espacial e temporal deste trabalho – a imprensa ganhou maior impulso acompanhando o próprio processo de expansão urbana muito vinculado ao dinamismo do desenvolvimento econômico proporcionado pela cafeicultura. O efeito da riqueza proporcionada pelo café se faz sentir em diversos campos como ferrovia, ampliação de rede urbana, melhorias dos equipamentos urbanísticos, importação de máquinas e, claro, na esteira dessa modernização, a imprensa também foi impactada.

Na esteira da prosperidade trazida pelo café, emergirá um novo intelectual, não o panfletário dos primeiros tempos do século XIX, mas um intelectual com outro perfil: o do bacharel egresso da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco conjugado à imprensa, à literatura e à política, revestindo, ainda, todas essas atividades, com a oratória e a retórica.

Dentro desta nova configuração surgem veículos de imprensa que se constituirão em referências para o tipo de imprensa que se pratica na capital paulista da segunda metade do século XIX como os casos dos jornais Correio Paulistano, fundado na década de 1850, de A Província de S. Paulo na década de 1870 e do Diário Popular na década de 1880. No entorno dessas publicações gravitam grupos de intelectuais-jornalistas-políticos que vão buscar na opinião pública repercutir os dois vetores que mobilizaram a sociedade daquele momento: a república e o abolicionismo.

Dentre os membros desses grupos desponta a figura de Américo de Campos – objeto desse estudo – que figurou nos três principais jornais paulistas da segunda metade do século XIX, seja na condição de redator (Correio Paulistano), seja na condição de fundador e redator (A Província de S. Paulo e o Diário Popular). Sua trajetória é representativa do intelectual-jornalista que, a despeito de não produzir obra de fundo teórico, torna-se figura central dos debates promovidos pela imprensa da época.

A atuação de Américo de Campos permite, ainda, compreender o percurso seguido por grupos de atores políticos ligados às atividades intelectuais, como o jornalismo, sobretudo, em tempos de crise política como a que marcou o período de transição do Império para a República. Nesse sentido, investigar as redes de sociabilidades de Américo de Campos, seus itinerários e seus microclimas, permite elucidar sua atuação e suas filiações de ideias.

Conforme Sirinelli (2003) a partir da reconstituição de trajetórias (recuperação de itinerários individuais) é possível tomar conhecimento das complexas redes de sociabilidade que estruturam a formação e as relações de grupos de intelectuais e políticos, revelando sua forma de atuação pública e seu repertório ideológico, estético e artístico. A noção de itinerário, por sua vez, traz possibilidades de mapeamento do território do engajamento intelectual, permitindo estudar não só os grandes intelectuais como, também, os de menor expressão em uma dada época. Além disso, a recuperação dos itinerários individuais facilita identificar a evolução de um grupo de intelectuais oriundos de uma matriz comum.

A noção de itinerários enquanto recurso metodológico empregado na investigação sobre os intelectuais difere das ferramentas teóricas utilizadas pela sociologia do meio intelectual, tal como praticada por Pierre Bourdieu (2007) que enfatiza a análise dos modos de produção social das opiniões e dos gostos, procurando desvendar estratégias e disputas que explicam o funcionamento interno do campo intelectual, ao passo que, a reconstituição e interpretação dos itinerários levam em conta as formas diversas de organização, filiação ideológica e afinidades mais difusas em que se encontram os intelectuais.

            O domínio dos conceitos de sociabilidades e de itinerários intelectuais contribuem para a compreensão da trajetória de um intelectual que opera dentro dos limites possíveis da precária vida do Segundo Reinado onde as atividades dos homens de letras do Brasil do século XIX encontravam-se restritas à ofícios como a prática do Direito, das disputas político-partidárias e do jornalismo, exatamente o mundo em que Américo de Campos encontra-se inserido.

 

Trajetória: vida familiar, formação acadêmica e vocação musical

Nascido em Bragança Paulista, interior de São Paulo a 12 de agosto de 1835, Américo Brasílio de Campos era filho de Bernardino José de Campos e de Felisbina Rosa Gonçalves. Após seu nascimento mudou-se com a família para o interior de Minas Gerais, permanecendo em Pouso Alegre, até por volta de 1844/1845, onde seu pai exerce as funções de Juiz de Direito.

Desligando-se do cargo, seu pai estabelece banca de advocacia na, então, Vila de São Carlos, atual Campinas, cidade onde Américo de Campos realiza os primeiros estudos escolares, oportunidade em que trava amizade com Manuel Ferraz de Campos Salles (futuro presidente da República), Francisco Glicério de Cerqueira Leite (que se tornaria militante republicano e que após a proclamação da República de 1889 viria a ocupar cargos públicos como o de Ministro da Agricultura no Governo Provisório do Marechal Deodoro da Fonseca), Francisco Quirino dos Santos (que viria ser autor de Estrelas Errantes) e Carlos Gomes, futuro maestro e autor da ópera O Guarani, com quem descobre o encanto pela música:

Em parte, arrastado pela natural vocação; em parte, pela convivência com o nosso estimado maestro Carlos Gomes, que era então seu condiscípulo e amigo e já musico de certa força, Américo fazia o prodígio de dar conta de seus estudos e ficar ainda com algumas horas vagas, que dedicava ao consciencioso cultivo da música. Era com entusiástica gravidade que no coro da Igreja de Campinas, por ocasião de solenidades religiosas, ao lado de Carlos Gomes, ele marcava o compasso e soltava a voz com místicas harmonias (FELISARDO JUNIOR, 1878, p. 146-147).

 

 

De sua permanência em Campinas, Américo de Campos vai conciliar os interesses de seu pai que o queria advogado e para tanto o inicia em aulas particulares de latim e filosofia com seu gosto pela matemática e pela música, tendo aulas com o maestro Manoel José Gomes, pai de Carlos Gomes, que à época era considerado o melhor professor de música de Campinas, e exercendo, ainda, a condição de Mestre de Capela da Igreja Matriz da cidade.

Em 1853 chega a São Paulo para fazer cursos preparatórios, ingressando na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco em 1856 (VAMPRÉ, 1977) e bacharelando-se em 1860, mesmo ano em que contraiu matrimônio com Ana Amália Peixoto de Azevedo. De sua passagem como acadêmico de Direito do Largo de São Francisco ficaram registros de sua dedicação às ciências matemáticas e à filosofia; a paixão pela música nascida nos tempos de Campinas – enquanto estudante teve discípulos de piano e rabeca, segundo Felisardo Júnior (1878) e o interesse pelo teatro. Azevedo (2000) afirma que Américo de Campos, quando estudante na Academia Paulista, escreveu uma peça teatral intitulada O Concílio das Comadres, peça em um ato, uma comédia, que foi levada à cena em 1866, seis anos após ter se bacharelado.

Dos tempos da Faculdade do Largo de São Francisco nasceram, também, os ideais políticos e a colaboração em jornais acadêmicos, dois traços que o marcarão por toda sua vida.  Compartilhando com o grupo de amigos oriundos de Campinas que à época também encontrava matriculado e com Francisco Rangel Pestana, colega de turma egresso do Rio de Janeiro, Américo de Campos vai encetar sua carreira jornalística contribuindo com artigos para os jornais O Lírio e a Razão, ambos criados e dirigidos pelos irmãos Quirino dos Santos, seus amigos dos tempos de infância.

Da infância vivida em Campinas aos tempos de acadêmico em Direito em São Paulo, Américo de Campos vai construir, ampliar e consolidar sua rede de compartilhamento baseada em laços de solidariedade e amizade que o acompanharão por toda a vida. Com Rangel Pestana, por exemplo, formará a dupla de redatores e diretores do jornal A Província de São Paulo, fundado em 1875, importante marco da imprensa paulista no contexto da transição monarquia-república. O mesmo vale para com os membros do grupo de Campinas, como Campos Sales e os irmãos Quirino dos Santos, com os quais compartilhará as lides profissionais do jornalismo e da política.

Concluído o curso de Direito, transfere-se, em 1861, para a cidade de Itu assumindo o cargo de Promotor nomeado, permanecendo nessa função até 1864. Em Itu Américo de Campos vai dar continuidade aos seus interesses pessoais despertados ainda na infância: sistematiza os estudos das ciências através da leitura de tratados de Adolpho Ganot, autor e divulgador científico francês da segunda metade do século XIX – e vazão à sua paixão pela música, iniciada na infância sob influência de Carlos Gomes, ao se aproximar de Elias Álvares Lobo de Albertim, que à época já despontava como compositor de música sacra (FELISARDO JUNIOR, 1878).

Elias Álvares Lobo era natural de Itu e se notabilizou como autor de música sacra, música de câmera e ópera, com destaque para Noite de São João, primeira ópera escrita em português e representada no Brasil. Dedicou-se, ainda, o ensino da música lecionando em diversas cidades e sob sua influência, Américo de Campos chegou até mesmo a adquirir um piano. 

A carreira de Promotor e de estudioso da música em Itu por parte de Américo de Campos foi interrompida em 1864 após o trágico assassinato de seu pai, em Campinas, quando este à saída do Teatro São Carlos, foi alvejado por pistoleiro contratado por parente de seu ex-genro que ficara desconte com processo de partilha de bens levado a diante por Bernardino de Campos, pai. Desgostoso e inconformado com a perda do pai, Américo de Campos exonera-se do cargo de Promotor em Itu e segue para São Paulo, onde dará prosseguimento à carreira jurídica e encontrar-se-á com a vocação que lhe tornará reconhecido: a imprensa.

 

Correio Paulistano

 

Entre 1865 e 1866, Américo de Campos mantem escritório de advocacia em São Paulo. Além da advocacia, sua ação profissional volta-se para a imprensa. Em 1866 entra para o Correio Paulistano, que à época contava em seu corpo administrativo com o tipógrafo José Maria Lisboa, com quem trava amizade por longo tempo.  O Correio Paulistano, fora fundado em 1854 por Joaquim Roberto de Azevedo Marques, tornando-se um marco da imprensa paulista e de longa existência, vindo a encerrar suas atividades somente na década de 1930.  Por seu corpo de redatores passaram figuras de relevo como Pedro Taques de Almeida Alvim, bacharel em Direito pela Faculdade do Largo de São Francisco, jornalista profissional, poeta e com passagens por diversos órgãos de imprensa como redator, colaborador e proprietário.

 

Com a entrada de Américo de Campos para o Correio Paulistano ocorre uma guinada de direção política desta folha paulistana, visto que seu proprietário, Azevedo Marques, não era um grande entusiasta da causa republicana, embora membro do Partido Liberal. Na realidade, do ponto de vista político-ideológico viveu, o Correio Paulistano, diversas fases no decorrer de sua longa história, revelando posicionamentos oscilantes conforme as circunstâncias políticas locais e nacionais.

Durante o período em que esteve à frente da redação do Correio Paulistano a chamada “Seção Livre” do jornal tornou-se uma sensação editorial com grande receptividade junto à opinião pública, ao publicar artigos e protestos dos leitores abordando os mais variados temas como filosofia, arte, religião, direito, dentre outros (THALASSA, 2007, p. 3). Ao mesmo tempo, o jornal, sob o impacto da queda do Gabinete Liberal de Zacarias de Góes, em agosto de 1868, e do Manifesto Republicano de 1870, dá uma nova guinada em sua orientação política, publicando artigos francamente simpáticos à causa republicana, não só de autoria do redator Américo de Campos, como do próprio proprietário, Azevedo Marques:

Em 17 de julho de 1872, os republicanos fazem uma reunião visando firmar uma organização forte e duas figuras marcam suas presenças: Azevedo Marques e Américo de Campos. Por dois anos, até a saída de Américo de Campos, o Correio Paulistano consegue manter seus artigos republicanos (THALASSA, 2007, p. 34).

 

Até sua saída do jornal, Américo de Campos mantém com regularidade a publicação de seus artigos republicanos em o Correio Paulistano. Em 1874 através de carta endereçada à Azevedo Marques comunica seu desligamento do jornal (THALASSA, 2007, p. 34). Embora os motivos de sua saída não tenham sido revelados é muito provável que a mesma se deu em razão de sua aproximação com o grupo de intelectuais e políticos que fundaram A Província de S. Paulo:

De repente, porém, e por circunstancias que não me cumpre investigar, o proprietário do Correio voltou a face àquelas ideias e tacitamente constrangia o seu redator a não aventurar-se tanto [...] Coagido a mascarar os princípios que sinceramente defendia, Américo de Campos seguiu os impulsos de sua probidade política. Afastou-se do Correio Paulistano que o teve por único redator de 1866 a 1874 (FELISARDO JÚNIOR, 1878, p. 153-154).

 

A experiência junto à redação do Correio Paulistano contribuiu para que Américo de Campos ampliasse e consolidasse suas redes de relações, sobretudo, ao se aproximar de José Maria Lisboa, tipógrafo lusitano que desembarcou no Brasil em 1856 e graças a suas habilidades pessoais vai inserir-se de imediato na sociedade paulistana por meio das atividades jornalísticas.  Com José Maria Lisboa, Américo de Campos irá tomar parte em outras iniciativas no campo jornalístico, consolidando uma amizade por toda a vida.

Ao mesmo tempo em que se encontrava à frente da redação do Correio Paulistano, ampliou suas atividades maçônicas iniciadas nos tempos da Faculdade de Direito quando fora iniciado junto a Loja Amizade, participando da fundação da Loja América, importante espaço de sociabilidade de protagonistas do movimento republicano na capital paulista no contexto da crise do Império.

            A Loja América fora criada em fins de 1868 tornando-se um espaço de sociabilidade das elites econômicas e intelectuais de São Paulo e congregando nomes como Francisco Rangel Pestana, Francisco Glicério de Cerqueira Leite, João Kopke, Américo Brasiliense de Almeida Mello, Francisco Quirino dos Santos, Prudente de Morais Barros, João Alberto Salles, Manuel Ferraz de Campos Salles, além do próprio Américo de Campos, dentre outros.

 

O Cabrião

Concomitantemente ao seu trabalho no Correio Paulistano, Américo de Campos manteve intensa atividade entre 1866 e 1867 junto ao jornal humorístico O Cabrião, um dos marcos da imprensa satírica em São Paulo durante o Império. Em sua redação, Américo de Campos dividia o posto com Antônio Manuel dos Reis e o notável caricaturista de origem italiana Ângelo Agostini radicado em São Paulo e já bastante conhecido à época pelas lides da imprensa paulistana com passagem marcante pelo Diabo Coxo, outro semanário satírico que circulou na capital paulista entre 1864-1865 sob a direção do líder abolicionista, Luís Gama.

            O Cabrião tinha por objetivo promover uma crítica bem humorada à oligarquia paulistana da época, representada pelo jornal Diário de São Paulo, porta-voz dos conservadores paulistas, ao clero, aos costumes da época, a figuras notáveis da vida política, religiosa e jurídica do país. Circulava aos domingos, sendo que em seu primeiro número, de 30 de setembro de 1866, anuncia seu programa:

O Cabrião promete ser sisudo, todas as vezes que não lhe fizerem cócegas nas ilhargas. Dirá a verdade com franqueza, e se uma outra vez escorregar pelo declive da mentira (do que Deus o livre), procurará apoiar-se nos braços da boa-fé – madrinha de muito patife conhecido ou por conhecer (CABRIÃO, “Cavaco”, n.1, p. 2). 

 

            De acordo com Santos (2000) sua popularidade atingiu níveis bastante elevados junto ao público, a ponto da palavra “cabrião” que dava nome à publicação passar a ser utilizada cotidianamente com o sentido de “importunar”.  Abespinhar à vida alheia, em especial, de figuras públicas, era mesmo o objetivo de o Cabrião, não escapando, à sua língua ferina, autoridades políticas, policiais e religiosas. 

As constantes críticas e a verve anticlerical de O Cabrião, levaram Américo de Campos, enquanto redator do mesmo, a ser processado por Cândido da Silva, proprietário do Diário de São Paulo, jornal conservador e católico, sob a acusação de ofender a moral e a religião em virtude de uma caricatura publicada na edição de 04 de novembro de 1866. O episódio que originou o processo teria surgido de uma caricatura publicada no número 6 na qual Agostini desenha “[...] uma cena que representava uma patuscada entre mortos e vivos alcoolizados, após um regabofe, dançando e bebendo em larga camaradagem.” (SANTOS, 2000, p. XXXVII).

O desenrolar do processo contra o Cabrião movimentou o público leitor não só do próprio semanário como de outras folhas que circulavam na capital paulista à época com notas de protestos publicadas por seus próprios editores e redatores. Em nota publicada no Correio Paulistano de 8 de novembro de 1866, os editores de Cabrião se defendem argumentando que:

Aquela caricatura não ofende nem vivos nem mortos, pela simples razão de que comporta uma coisa impossível. [...] A sátira é uma ideia verdadeira, e que está no espírito de todos; refere-se, não aos mortos, que não podem levantar-se de suas sepulturas, mas ao desrespeito que geralmente ostentam os que visitam, não como quem vai ali cumprir um ato religioso, mas como quem vai a um lugar de passeio e de pagode [...] (SANTOS, 2000, p. XXXVII).

 

Ao final do processo, fora dado como inocente o jornal e absolvido o responsável por sua publicação, fato que só fez aumentar, ainda mais, a popularidade do Cabrião. (SANTOS, 2000, p. XXXVIII).  Sua continuidade se dará até o número 51 de 29 de setembro de 1867, quando em editorial anuncia seu intento de interromper, ainda que por “algumas semanas”, a publicação. No entanto, o que se deu foi o encerramento definitivo de suas atividades após aquela data.

Assim como outros jornais do mesmo gênero, o Cabrião teve curta duração (entre setembro de 1886 e setembro de 1867) e sua existência, neste contexto histórico local, pode ser entendido como um retrato das tensões culturais que marcaram a transição da São Paulo provinciana para a capital paulista, símbolo do grande centro político, econômico, financeiro e cultural que viria a se tornar.

 

A Província de São Paulo

 

Ao deixar o Correio Paulistano, em meados de 1874, Américo de Campos, funda, ao lado de José Maria Lisboa e de Rangel Pestana o jornal A Província de São Paulo, que passa a circular em 1875, exercendo a função de diretor e redator. O jornal surge na esteira do Congresso Republicano ocorrido na cidade de Itu, em 18 de abril de 1873, do qual tomaram parte cerca de 130 convencionais de diversas cidades do interior e da capital de São Paulo e que, entre outras decisões, aprovou a criação de um partido político e de um jornal que pudessem encampar a causa republicana.

Em 1873, o Partido Republicano estruturava-se com a Convenção de Itu. Começou-se a falar num grande jornal republicano. Fizeram-se planos, discutiu-se o assunt0o longamente e assim foi até 1875, quando então surgiria o segundo órgão de altíssima importância na imprensa, não apenas de S. Paulo senão também do Brasil. Realmente, a 4 de janeiro desse ano, aparecia um novo e importante jornal como “A Província de S. Paulo”, propriedade de uma empresa séria e dirigida pela elite dos que se batiam pela proclamação da República (DUARTE, 1972, p. 18).

No entorno de Américo de Campos-Rangel Pestana-José Maria Lisboa vão gravitar muitos dos participantes do Congresso de Itu como Américo Brasiliense, Manoel Ferraz de Campos Sales, Francisco Glicério de Cerqueira Leite, Francisco Quirino dos Santos, Prudente de Moraes Barros, dentre outros, seja na condição de membros da sociedade fundadora, seja na condição de colaboradores do jornal.

Com o decorrer do tempo A Província de São Paulo tornar-se-á o principal instrumento de divulgação da plataforma e do repertório de um grupo de intelectuais e políticos de São Paulo, do qual Américo de Campos tomava parte, identificados com o movimento republicano e abolicionista, duas frentes muito presentes na vida política e social do Brasil nas décadas de 1870 e 1880.

Em seu editorial inaugural de 4 de janeiro de 1875, A Província de S. Paulo afirma seu compromisso com o debate sobre temas relativamente sensíveis ao desenvolvimento econômico e social da Província de São Paulo; declaram sua independência em relação a partidos ou facções políticas, advogando a neutralidade sem, no entanto, cair na imparcialidade do silêncio, e conclui fazendo uma avaliação da conjuntura:

O insofrível e maléfico unitarismo das instituições, a impotência ciumenta e falaz do poder centralizado, o descalabro dos partidos políticos, reduzidos a entidades nominais sem que possam representar o grande elemento da força popular no próprio regime estatuído e dado como vigente; acrescentem o abatimento do espírito público, o mal estar a descrença criados por mil circunstâncias passadas e aumentadas por mil outras recentes e atuais (A PROVÍNCIA DE S. PAULO, 4 fevereiro 1875, p. 1).

 

A Província de S. Paulo passou por diversas fases em termos de controle societário e de composição de redação. Em 1879 entra para o corpo de redatores, Américo Brasiliense, importante líder do movimento republicano em São Paulo; em 1885 ingressa para a redação do jornal Júlio de Mesquita, importante intelectual de sua geração que, a partir de 1891 passaria a ter o controle acionário do jornal, época em que já havia mudado de nome para O Estado de S. Paulo, devido à mudança de regime político em 1889. 

 Américo de Campos permanece à frente de A Província de São Paulo até outubro de 1884, quando da entrada de Alberto Sales (irmão do futuro presidente da República Manoel Ferraz de Campos Sales).  Não há consenso entre historiadores da imprensa de São Paulo sobre os reais motivos da saída de Américo de Campos e de José Maria Lisboa. Pilagallo (2012, p. 45), por exemplo, afirma que se tratava de campanha antilusitana de Alberto Salles que incomodou profundamente tanto Campos como Lisboa.

Logo após a fundação de um novo jornal – Diário Popular – ambos, Américo de Campos e José Maria Lisboa, afirmam, no primeiro número do novo órgão da imprensa paulista, que teriam sido dispensados pelo novo gerente-proprietário A Província de São Paulo em razão divergências ideológicas.

O tempo em que permanece à frente de A Província revela um Américo de Campos mais engajado nos movimentos político-sociais de seu tempo atuando na condição de articulador do grupo identificado com o ideário republicano, organizando reuniões e congressos, integrando comissões responsáveis pela elaboração de documentos oficiais do Partido Republicano.

A década de 1870 será especialmente marcada em São Paulo pela expansão do movimento republicano, em grande medida provocado pela identidade de interesses entre membros da elite econômica e grupos de políticos e intelectuais em busca de prestígio e visibilidade.  Reuniões, clubes, comissões, congressos, lojas maçônicas, veículos de imprensa tudo que visasse a divulgação da causa republicana e, ao mesmo tempo, unificasse os discursos torna-se uma constante na província.

 

Diário Popular

 

Em 1884 Américo de Campos criou, com o mesmo José Maria Lisboa, outro jornal, O Diário Popular, cujo primeiro número circulou a 08 de outubro daquele ano. Sua primeira sede foi à rua da Imperatriz (atual rua 15 de Novembro) e trazia como novidade o fato de ser o primeiro jornal vespertino impresso em São Paulo. 

O ideário do Diário Popular, abertamente republicano e abolicionista, atraiu colaboradores ilustres de ambos os movimentos como Aristides Lobo, que seria o correspondente do Rio de Janeiro e à época bastante envolvido com a campanha republicana e Antônio Bento de Souza e Castro, bacharel pela Faculdade do Largo de São Francisco e líder o movimento abolicionista em São Paulo.

Antônio Bento representou um capítulo à parte no movimento abolicionista paulista. Continuador das lutas iniciadas anos antes por Luís Gama, após a morte deste assume a direção do movimento na capital e no interior paulista através dos Caifazes, organização que promovia a fuga de escravos das fazendas, protegendo-os e defendendo-os judicialmente, bem como através de jornais como a Redenção, criado por ele em 1887:

Fundada a “Redenção” por Antônio Bento, não podia deixar de ser redigida como realmente era, com linguagem violenta e inteligente contra os escravagistas. Conheciam-se os artigos de Antônio Bento não apenas por esse característico de vigor, mas também pela má redação e falta de gramática, com que pouco se preocupava o autor. (DUARTE, 1972, p. 21).

 

As escolhas políticas de O Diário Popular ficaram muito explícitas logo no número 2 do jornal que circulou em 10 de novembro de 1884. Um artigo assinado por Américo de Campos faz alusão à necessidade de educar politicamente a população para que esta saiba escolher com melhor clareza os seus governantes, deixando claro, dessa forma, que tal condição só seria possível com a implantação da república (PAULA, 2008, p. 44):

E nada melhor para, além do mais, para fazer republicanismo ensaiando democracia política  no próprio estudo e coordenação do actual e desordenado viver municipal, imaginando no município um pequeno Estado estudando uma escala mínima e de mais acessível compreensão os vícios que temos, as virtudes que nos faltam ou sobram, aprendendo, assim, ao vivo, a ver como o governante é em suma a imagem e o produto do governado; como um pelo outro modificam-se, transforma-se e completam-se e por último como é profundamente verdade que os governados são cúmplices e os melhores responsáveis do governo que tem e mantem (CAMPOS, 1884 apud PAULA, 2008, p. 44).

 

Se em relação à causa republicana, O Diário Popular era explicitamente favorável, no que diz respeito à abolição da escravidão, o jornal vai adotar uma posição mais contida, seguindo a linha dos outros jornais de seu tempo como A Província de S. Paulo e Correio Paulistano. De acordo com Paula (2008), os grandes jornais de São Paulo mesmo durante o ápice da campanha abolicionista evitam expor abertamente em editoriais seu apoio à causa da abolição para não serem estigmatizados pelos grandes fazendeiros visto que de alguma forma eram financeiramente apoiados pelos mesmos.

Nesse sentido, apesar de O Diário Popular manter a linha de não publicar anúncios de venda ou fugas de escravos em suas páginas, diferentemente dos seus concorrentes diretos junto ao público consumidor de jornais e a despeito de seu sócio e diretor de redação, Américo de Campos, sempre assumir posicionamento favorável à abolição da escravidão, o jornal procurava manter uma posição de equilíbrio entre suas escolhas político-ideológicas e os interesses comerciais que garantiam a sobrevivência da empresa.

Os eventos que culminaram com a abolição da escravidão e a proclamação da República, encerraram não só uma etapa histórica brasileira como uma época do jornalismo praticado na capital paulista.  A imprensa como instrumento de uma causa, na qual inscreviam Américo de Campos e o Diário Popular, vai dando lugar à imprensa como negócio empresarial:

Um dos fatos marcantes da trajetória do Diário Popular ainda não registrado com relevância merecida pela história da imprensa brasileiro foi como ele, ao ver vitoriosas suas lutas ideológicas, ajustou rapidamente seu perfil, invertendo a posição de seus objetivos. Assim se, na fundação, preponderava o interesse político, vindo a seguir as necessidades pessoais, tão logo as bandeiras da Abolição da Escravatura e da Proclamação da República saíram nas páginas das publicações na última década do século XIX, ele priorizou seu desenvolvimento como negócio, passando a tratar a política como um item de sua pauta noticiosa e afastando-se do partidarismo (PAULA, 2008, p. 75).

 

No Diário Popular, Américo de Campos ocupou a função de redator até 23 de março de 1890, quando então deixa o jornal para responder como cônsul brasileiro em Nápoles, nomeado que fora logo após a proclamação da República, vindo a falecer, naquela mesma cidade italiana, a 20 de janeiro de 1900.

            Em 27 de janeiro de 1900, Ângelo Agostini, publica em Don Quixote a crônica intitulada “O Dr. Américo de Campos”, onde relembra a última vez que o encontrara pessoalmente, em Nápoles. Recorda os tempos de Cabrião, onde se conheceram e estreitaram amizade, mencionando, ainda o Correio Paulistano e o Diário Popular onde teria “criado fama de bom jornalista”.  Na mesma edição, Don Quixote protesta contra o Bispo Diocesano de São Paulo que se recusou a celebrar missa por ocasião do falecimento de Américo de Campos pelo fato deste ter sido, em vida, membro de irmandade maçônica.

 

Considerações finais

A trajetória jornalística de Américo de Campos se desenvolve em um contexto de transição não só da história da cidade de São Paulo como, também, de resto do próprio país e do tipo de imprensa que era praticado aquele momento.  Egresso da Faculdade de Direito, condição quase obrigatória para o exercício do jornalismo no Brasil do século XIX, estará presente nas principais publicações jornalísticas de São Paulo na segunda metade daquele século.

Relações familiares, redes de sociabilidade maçônica, convívio em redações jornalísticas e participação em eventos políticos como congressos e partido político projetaram Américo de Campos como um típico homem de letras do Brasil da segunda metade do século XIX que, não produzindo obra de profundidade teórica, soube aproveitar seus talentos individuais para se lançar num campo, ainda muito precário daqueles tempos: o do jornalismo.

Ingressa no Correio Paulistano, na década de 1860, veículo já consolidado na imprensa paulista; nos anos 1870 participa da fundação de A Província de S. Paulo e torna-se um de seus redatores principais ao lado Rangel Pestana e, por fim, cria ao lado de José Maria Lisboa, o Diário Popular. Entre os tempos do Correio e da Província participa, ainda, de Cabrião, semanário humorístico que marcou época, apesar do pouco tempo, na São Paulo provinciana e pacata daqueles tempos.

Convive com as principais personalidades da vida política, intelectual e artística de seu tempo como Carlos Gomes, Elias Lobo, Luiz Gama, Rangel Pestana, Campos Sales, Cerqueira Leite, Aristides Lobo, dentre tantos outros, em uma época em que a imprensa era instrumento da política partidária.

Como lembra Alonso (2002, p. 30) no século XIX brasileiro não havia uma categoria social exclusivamente intelectual e produtora de obras de fundo filosófico, mas sim indivíduos e grupos ocupados em funções intelectuais como o jornalismo que, por sua vez, estavam envolvidos em atividades político-partidárias. 

Iluminar a trajetória de Américo de Campos é jogar luz sobre um contexto histórico especialmente peculiar no trato do fazer jornalístico e na compreensão do papel da imprensa em uma sociedade precariamente constituída em termos de culturais e educacionais como a brasileira de fins do século XIX.

O jornalismo praticado em São Paulo em fins do século XIX não diferia muito daquele praticado em outras localidades e províncias do país. Sem condições de independência econômica ficou refém de iniciativas ligadas às vontades políticas individuais ou de pequenos grupos tendo alguns órgãos de imprensa com maior longevidade e maioria nem sempre. Esse é o contexto em que se insere o itinerário jornalístico de Américo de Campos que após a proclamação da República será designado cônsul em Nápoles, cidade onde virá a falecer em 1900.

 

Referências bibliográficas

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Recebido em 05/05/2022.

Aceito em 27/06/2022.

 

 



 

[1] Pós-Doutorando em História pela Universidade Estadual Paulista (UNESP campus de Assis). Professor do Instituto Federal de São Paulo (IFSP campus de Birigui). Brasil. E-mail: rubens.arantes65@gmail.com | https://orcid.org/0000-0003-0095-7534