Cultura e tradição: um estudo das festas da uva e da vindima em Videira (SC)

Culture and tradition: a study of the grape and harvest festivals in Videira (SC)

 

Laianny Cristine Gonçalves Terreri[1]

Julia Mai Velasco[2]

Eunice Sueli Nodari[3]

 

 


Resumo

A história do município de Videira e a história da vitivinicultura no meio-oeste catarinense estão entrelaçadas. A relação entre uva e seus derivados e o município se manifesta, além de na economia e no próprio nome do município, nas festas populares que ocorrem em Videira. O presente artigo propõe uma análise histórica do cultivo da uva no município, das festas que celebram este produto, especialmente as Festas da Uva e da Vindima, e do declínio que estas enfrentaram e enfrentam atualmente. Para isso, foram analisadas matérias de jornais e entrevistas com moradores locais para compreender o cenário dessas celebrações nos anos de 1942, 1965 e de 1990 à atualidade, período de realização das festas.

Palavras-chave: Festa da Uva; Festa da Vindima; Vitivinicultura.

 

Abstract

The history of the municipality of Videira and the history of vitiviniculture in the Midwest of Santa Catarina are intertwined. The relationship between the grape and its members and the municipality is manifested, in addition to the economy and the name of the city, at popular festivals that take place in Videira. This article proposes a historiographic analysis of grape cultivation in the city and festivals that celebrate this product, especially Grape Festival and Harvest Festival, as well as the process of loss of popularity they face. For this, newspaper articles and interviews with local people were analyzed in order to understand the scenario of these celebrations in the years 1942, 1965 and 1990 to the present time, when the festivals were performed.

Keywords: Grape Festival; Harvest Festival; Viniculture.


 

 

 

Introdução

 

Um dos mais importantes processos de afirmação de identidade de um município e seus habitantes é a partir da realização de festas populares e festivais culturais. Esses eventos são consolidados através de um retorno às origens, relacionados com a história do município e a formação da cultura popular daquela região. Desta forma, as festas podem remeter à religiosidade, às batalhas, ao folclore, aos momentos importantes do cotidiano como colheitas e gastronomia ou também podem ser festas étnicas que valorizam a cultura das comunidades imigrantes.

As festas populares têm entre suas principais funções a sociabilidade. São momentos de interrupção das atividades cotidianas que dão espaço a interação entre os diferentes segmentos sociais, ocasionando múltiplos tipos de trocas culturais. E ainda segundo Maria Cristina Caponero e Edson Leite (2010, p. 102-103), as festas também são palcos para disputas hierárquicas e de lugares sociais, além de confronto de prestígios, privilégios e poderes. Também é comum políticos aproveitarem a sociedade local reunida nas festas populares para realizarem discursos e campanhas. Desta forma, ao representar um momento importante socialmente na vida coletiva, as festas podem agrupar ou separar indivíduos de acordo com a participação e presença, assim como auxiliar na percepção de “pertencimento” a determinados grupos.

Acrescenta-se também que as festas e suas características não permanecem as mesmas através de suas edições. A partir de um processo de modernização, as festas populares se adaptam para conquistar novos públicos, muitas vezes, públicos mais jovens. As festas atuais se tornam então um vínculo entre a tradição e aspectos histórico-culturais do município com a história contemporânea e a modernidade. Outro fator importante que pode ocasionar mudanças nos festejos é o turismo, que atrai visitantes de outros municípios para as grandes celebrações típicas de uma comunidade.

Entretanto, nem todas as festas percorrem o caminho de crescimento e valorização. Alguns desses eventos acabam no decorrer dos anos perdendo financiamento e apoio, e, com isso, ocorre também a diminuição de público, abalando as celebrações, que agora necessitam de novas formas de se reinventar na tentativa de manter as tradições. É o caso das celebrações relacionadas à colheita da uva que ocorrem no município de Videira no estado de Santa Catarina.

 

História do município de Videira (SC)

O município de Videira localiza-se no meio-oeste do Estado de Santa Catarina, na região do Alto Vale do Rio do Peixe. A colonização e o desenvolvimento urbano do vale foram beneficiados com a construção da ferrovia Linha Sul que liga os estados de São Paulo e Rio Grande do Sul, promovida pela Brazil Railway Company (BIASI et al., 2019).

O projeto de construção da ferrovia teve início em Santa Catarina em 1897 e foi concluído no Vale do Rio do Peixe em 1910, e neste período atraiu uma leva de trabalhadores, entre eles descendentes dos imigrantes alemães e italianos que haviam se deslocado da Europa para instalarem-se na Serra Gaúcha na segunda metade do século XIX. O trabalho na construção da ferrovia fornecia uma renda extra no período entre safras (BIASI et al., 2019).

A população indígena e cabocla que já habitava a região também foi empregada na construção da ferrovia, para além de suas atividades tradicionais de agricultura e pecuária. Essas atividades, entretanto, não permitiam um povoamento denso e expressivo do território, o que facilitou a implantação das políticas de colonização da Brazil Railway Company. A empresa tinha um acordo com o governo federal que a encarregava da ocupação das áreas atravessadas pela estrada de ferro, e tirou vantagem do fato dos caboclos, brancos pobres e indígenas não possuírem documentação garantindo posse do terreno. Muitas terras foram desapropriadas e vendidas aos colonos que migraram de regiões vizinhas para trabalhar na ferrovia e para explorar a madeira, que também era fator de atração para a região. Assim, essas populações perderam gradativamente espaço no Planalto Catarinense ao passo que se formava a narrativa do pioneiro europeu como responsável pelo desenvolvimento da região. Para Biasi et al. (2019), a ocupação do território foi, ainda, particularmente vantajosa para o governo, pois dava um fim à questão da disputa de terras que havia desencadeado a Guerra do Contestado.

A ocupação do Vale do Rio do Peixe pelos imigrantes europeus começou pelas margens do rio e então expandiu-se. Os imigrantes de origem alemã, em geral, assentaram-se nas áreas mais baixas, formando a Vila de Vitória, enquanto os italianos estabeleceram-se nas áreas do médio e alto vale, onde a comunidade fundada foi inicialmente chamada Vale do Rio das Pedras. Já em 1921, contudo, o nome do povoado foi alterado para Perdizes e, em 1943, devido à proeminência da produção de uva e vinhos, o status de município foi-lhe concedido sob o nome de Videira (BIASI et al., 2019, p. 163).

Em Santa Catarina, a produção vinícola é centralizada em três regiões: a região “Tradicional” composta pelo Vale do Rio do Peixe, com os municípios de Videira, Tangará, Pinheiro Preto, Salto Veloso, Rio das Antas, Iomerê, Fraiburgo e Caçador, juntamente com a região Carbonífera representada pelos municípios de Urussanga, Pedras Grandes, Braço do Norte, Nova Veneza e Morro da Fumaça. Existe também a “Nova Região” que engloba os municípios de Rodeio e Nova Trento e a região metropolitana de Chapecó. E, por último, a região chamada “Super Nova” compreendida pelos municípios do planalto serrano, como São Joaquim e Urubici (BRDE, 2005). Os municípios que compõem a região “Super Nova” são reconhecidos por sua produção de vinhos finos de altitude, que vêm ganhando mercado nas últimas décadas (NODARI; FRANK, 2019).

Figura 1: Principais regiões de Vinicultura em Santa Catarina.

Fonte: Elaboração própria.

 

O clima de Videira, assim como o restante do Vale do Rio do Peixe, apresenta invernos moderadamente frios e verões amenos, características semelhantes à Serra Gaúcha e ideais para a produção vitícola[4]. A região é a principal no cultivo da videira e tem a vitivinicultura mais expressiva de Santa Catarina, atualmente representando 80% da produção do estado, que ocupa o segundo lugar no mercado de vinhos, atrás apenas do Rio Grande do Sul. Em 2018, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção de uva no município de Videira foi feita em 360 hectares, resultando em 7.2 toneladas de uvas colhidas. 

Outra simetria da região em relação à Serra Gaúcha é a estrutura fundiária no Alto Vale do Rio do Peixe. A produção vitivinícola se desenvolve em pequenas ou médias propriedades e geralmente utiliza-se a mão-de-obra familiar. Muitas vinícolas trazem este legado consigo, ou seja, os avós imigrantes que cultivaram a uva para a produção de seu vinho de consumo, a tradição que passa para a próxima geração, responsável por investir na melhoria da elaboração para comercializar o produto. Nasce aí uma marca de vinhos e uma empresa familiar. Pode-se observar que muitos vinhos trazem em seus rótulos os sobrenomes das famílias, às vezes também uma história que entrelaça estas à vinicultura. É, além de uma maneira de manter vivo um legado, uma estratégia de venda que aproxima o consumidor e o produtor.

Do ponto de vista ambiental, a introdução da vinha causou mudanças consideráveis no espaço geográfico. Vistas como empecilhos para o “progresso”, florestas com araucárias e outras vegetações nativas da região foram derrubadas e substituídas pelos vinhedos, alterando a paisagem do meio-oeste catarinense (STOPASSOLA et al., 2013). A araucária (Araucaria angustifolia) foi substituída pelo vinhedo, e o indígena e o caboclo perderam seu espaço para o imigrante europeu.

 O cultivo da uva no município de Videira teve início após a instalação dos primeiros imigrantes italianos e seus descendentes, que trouxeram consigo mudas de parreirais. A primeira plantação de parreiras ocorreu em 1913, com cepas que Giovanni Crestani trouxe de Urussanga (SC). Antônio Ferlin, também descendente de italianos, formou em 1920 um parreiral com 10.000 mudas de uva Isabel (NODARI, 2017). A uva Isabel (Vitis labrusca 'Isabella') foi introduzida dos Estados Unidos no início do século XIX para o estado do Rio Grande do Sul. Esta casta veio como uma grande alternativa para as variedades europeias que haviam sido trazidas da Europa por imigrantes, mas que tiveram dificuldades de adaptação, especialmente ao clima.

Em 1952, um acordo entre o governo federal e o governo estadual estabeleceu em Videira a sede do projeto que procurava desenvolver a fruticultura de clima temperado e a produção vitivinícola em Santa Catarina. Isso resultou na mudança do foco da produção de frutos de clima temperado do município de São Joaquim para o Vale do Rio do Peixe (CORDEIRO, 2006). Outro projeto importante para a região, foi desenvolvido na década de 1970 com a criação do Projeto de Fruticultura de Clima Temperado, que estimulou a volta ao cultivo das castas europeias após uma série de pesquisas realizadas pela Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina - EPAGRI (LOSSO; PEREIRA, 2011).

O Centro de Pesquisas da Epagri situado no município de Videira vem se empenhando no desenvolvimento e promoção da vitivinicultura, investindo em pesquisas para melhoramento da qualidade das uvas e acompanhando empresas inscritas para receber o selo de qualidade, processo que vai desde o tratamento dos parreirais até a fabricação do vinho e sua avaliação pelos enólogos contratados (FEGER et al., 2004). Além disso, desde 1991, pesquisadores da EPAGRI, das estações experimentais de Videira e de São Joaquim, e pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina, acompanham os vinhedos nos municípios que apresentam “altitudes acima de 900 metros, como Água Doce, Bom Retiro, Campos Novos, Videira, Iomerê, Campo Belo do Sul, São Joaquim e Tangará” (NODARI; FRANK, 2019, p. 190). Estes municípios com clima ameno e elevadas altitudes, produzem um vinho que se destaca dos produzidos em outras regiões do estado por suas qualidades.

 

Festas da Uva

A história do município de Videira e a história da vitivinicultura no meio-oeste catarinense estão cruzadas. Na década de 1940 a produção da uva já se destacava ao lado do milho e do trigo. Este entrelaçamento pode ser observado de várias formas, e uma delas é a celebração da colheita da uva. Essas celebrações, comumente chamadas de vindima, remontam a uma longa tradição existente em várias partes do mundo. Os festivais acontecem no período da colheita da uva com a intenção de comemorar o sucesso de mais uma safra. A vindima é motivo de festa para produtores, colonos, apreciadores de vinho e toda a comunidade. Essas comemorações assumem diferentes formas e tamanhos, indo desde uma festa meramente familiar ou comunitária até um evento de nível estadual ou nacional.

No Brasil, este festejo foi introduzido a partir do estabelecimento de imigrantes europeus, especialmente italianos, a exemplo das Festas da Uva de Caxias do Sul (RS) que vieram a inspirar festividades semelhantes em Videira (SC) na primeira metade do século XX.

A Festa da Uva de Caxias do Sul no Rio Grande do Sul teve início na década de 1930. A primeira edição aconteceu em 1931, entretanto somente na segunda edição, no ano de 1932, ela se transformou “realmente em uma Festa da Uva, contando inclusive, com um desfile de carros de boi decorados” (SANTOS, 2004, p. 77).  Dez anos depois, foi realizada a primeira Festa da Uva no município de Videira, seguindo o modelo do município de Caxias do Sul.

Assim, foi idealizada pelas autoridades municipais do Alto Vale do Rio do Peixe, a celebração que ocorreria entre os dias 01 a 08 de março de 1942 (A NOTÍCIA[5], 1942, p. 15). Ainda sob o nome de Perdizes, a comunidade celebrou, em parceria com a vila de Vitória, a primeira edição da Festa da Uva, que aconteceu em conjunto com a Exposição Agrícola, conforme anunciado em reportagem do jornal A Notícia do dia 17 de fevereiro de 1942. Diversas castas de uva, tanto de mesa quanto para a fabricação de vinhos, foram exibidas com orgulho juntamente às cebolas, batatas, melancias e outros produtos que ostentavam a fertilidade do solo e o trabalho duro dos moradores do Vale do Rio do Peixe. Foi uma celebração, como pode ser observado na notícia, de enaltecimento ao trabalho dos colonos, geralmente descendentes de italianos. O evento apresentou diversas atrações para agradar ao público, calculado em quatro mil pessoas durante os sete dias da celebração (A NOTÍCIA, 1942, p. 15). Para isso, contou com uma grande estrutura manifestada na construção de pavilhões e de um portal para a abertura da festa (Figura 2).

Figura 2: Portal de entrada da 1ª festa da Uva com as recepcionistas, 1942- Perdizes.

Fonte: Museu do Vinho Mário de Pellegrin, Videira (SC)[6].

A construção dos pavilhões mostra, acima de tudo, o investimento do governo estadual, que garantiu subvenção referente a 10 contos de réis para a realização da Festa da Uva. A intenção do interventor Nereu Ramos ao liberar o crédito era que o sucesso do evento incentivasse localmente a intensificação da produção vitícola para concorrer no mercado crescente e que repercutisse a qualidade dos produtos do Vale do Rio do Peixe (A NOTÍCIA, 1942, p. 6).

A Festa da Uva contou ainda com a eleição de uma Rainha, sendo coroada Erminda Eli, que mais tarde desfilou junto ao corso alegórico da Parada da Uva. O desfile teve a temática camponesa e contou com jovens da sociedade local vestidos a caráter carregando instrumentos agrários e distribuindo uvas aos espectadores. A Festa da Uva e Exposição Agrícolas foram descritas em uma matéria do jornal A Imprensa[7] (1942, p. 1-2), como o primeiro marco de progresso na região desde a construção da linha férrea São Paulo-Rio Grande do Sul, trinta anos antes.

A próxima Festa da Uva ocorreu no ano de 1965[8] entre os dias 6 e 9 de fevereiro e foi divulgada como um evento estadual e não somente local e regional. As matérias analisadas do jornal O Estado[9] (1965b, p.8) destacaram principalmente o caráter político que a celebração assumiu. A Festa da Uva de 1965 fez parte de um projeto encabeçado pelo deputado Dib Cherem do Partido Social Democrático (PSD)[10] que instituiu a festividade no município de Videira. É possível interpretar que o sucesso da Festa da Uva de 1942 realizada na localidade tenha sido esquecido na elaboração do projeto, que apresenta a festa de 1965 como a 1ª Festa da Uva. No entanto, cabe ressaltar que, na referida festa da década de 40, Videira ainda não era um município. A Festa da Uva de 1942 foi uma celebração das vilas de Perdizes e Vitória, na época pertencentes aos municípios de Caçador e Campos Novos. A proposta do deputado Dib Cherem é, portanto, retomar a Festa da Uva, agora como celebração característica do município de Videira, fazendo parte do calendário municipal.

 A Festa da Uva de 1965 serviu também como uma demonstração do sucesso da política norteada pela produção promovida pelo governador Celso Ramos, que esteve presente na inauguração da festa (O ESTADO, 1965c, p. 8). A participação do governador do estado, bem como secretários, deputados e prefeitos, além de líderes da indústria agropecuária e do setor vitivinícola da região do Vale do Rio do Peixe, foi foco das matérias de fevereiro daquele ano, que ressaltaram sua importância destes patrocinadores e seu interesse na realização da festa.

 A presença de autoridades importantes, tanto locais quanto regionais em eventos é salientada por Zanini e Santos (2013) como sinal do bom desempenho das celebrações como fomentadoras de capital material e social para o município. Pode-se também, ao analisar as pessoas envolvidas com a promoção da festa e os valores transmitidos por esta, compreender o que as autoras apresentam do conceito de “festa da ordem” como uma celebração que expõe hierarquias sociais e também as reforça, principalmente em um período marcado pela ditadura militar no Brasil.  

Assim, interesses políticos garantiram o custeamento da estrutura necessária à realização da Festa da Uva. Através de verbas concedidas pelo governo estadual, a prefeitura de Videira foi capaz de comprar um terreno próprio a esse objetivo, onde seria construído o Parque da Uva para a realização da festa. Acordos com diretores da Centrais Elétricas de Santa Catarina (CELESC) e com o secretário de Viação e Obras Públicas foram feitos para garantir a boa iluminação do local e a revisão da rodovia de acesso ao município para assegurar a chegada dos visitantes esperados, que foram calculados em volta de 60 mil pessoas (O ESTADO, 1965a, p. 8).

Figura 3: Construção dos Pavilhões do Parque da Uva, 1965 - Videira.

Fonte: Museu do Vinho Mário de Pellegrin, Videira (SC).

A introdução do plantio de parreirais na região causou mudanças na paisagem, como pode ser observado na imagem acima, que captura a preparação das estruturas para a Festa da Uva de 1965 (Figura 3). A araucária ao fundo da construção dos pavilhões serve como evidência para estas mudanças, em que as florestas com araucárias foram substituídas pelos parreirais.

De todo modo, a celebração da festa da uva teve como objetivo englobar todo o estado de Santa Catarina e foi anunciada nos jornais como a 1ª Festa Estadual da Uva. No entanto, a festa foi ainda mais abrangente. O evento aconteceu em conjunto com a Feira Industrial, o que contribui para atrair um grande número de visitantes, e contou ainda com a participação de pessoas dos municípios do Rio Grande do Sul e de São Paulo na exposição dos produtos durante os quatro dias em que a festa ocorreu, o que demonstra o grande alcance que esta possuía. A rainha eleita no ano de 1965 foi Neide Pelaez, que desfilou ao lado das princesas da uva que vinham de outras comunidades do Vale do Rio do Peixe, mostrando a integração da região anunciada nos jornais como a responsável por elevar o moral do estado de Santa Catarina a nível nacional (O ESTADO, 1965, p. 4).

As pesquisadoras Maria Catarina Zanini e Miriam de Oliveira Santos (2013), analisam a popularidade da Festa da Uva de Caxias de Sul (RS), destacando as três características que aparecem que todas as suas versões: o produto (a uva), o corso alegórico e a eleição da rainha. Nas duas edições da Festa da Uva de Videira que se tem registro, pode-se observar a presença destes mesmos elementos, sendo a eleição da rainha de grande importância e destaque.

Figura 4: Desfile da rainha da 1 ª festa da uva: Erminda Eli, 1942 - Perdizes.

Fonte: Museu do Vinho Mário de Pellegrin, Videira (SC).

 A figura da Rainha da Uva serve tanto a uma simbologia de fertilidade, associando o feminino à terra, quanto à ostentação de um fenótipo imigrante considerado ideal (ZANINI; SANTOS, 2013). O culto à terra a partir de figuras femininas vem de longa data e, por isso, a associação entre a figura da mulher e a ideia de fertilidade não é incomum. Com base no estudo das autoras sobre as simbologias nas festividades de Caxias do Sul (RS), a mesma análise pode ser aplicada às Festas da Uva do município de Videira (SC). Ao expor seus produtos e celebrar a qualidade do solo que os nutre, faz também o uso dessa alegoria ao eleger uma rainha da festa e exibi-la como figura central do corso alegórico, entrelaçando terra, fartura e feminino na celebração de um produto chave da economia do município (Figuras 4 e 5).

Figura 5: Neide Pelaez, Rainha da Uva de 1965, 3ª da esquerda para a direita, e princesas, 1965 - Videira.

Fonte: Museu do Vinho Mário de Pellegrin, Videira (SC).

A rainha eleita representa também o “tipo ideal”, aquela que contém as características valorizadas nos descendentes de imigrantes europeus. É importante ressaltar que a Festa da Uva é, além de uma celebração de um produto específico e da fertilidade da região, uma celebração ao trabalho árduo, considerando principalmente o imigrante europeu. Assim, pode-se caracterizar também como um culto à imigração, vista como precursora do progresso no Vale do Rio do Peixe.

Segundo a cientista social Miriam Santos (2014), em seus estudos sobre a cultura e identidade dos imigrantes italianos no Rio Grande do Sul, os desfiles das Festas da Uva, ao exaltar o processo de imigração e a vitória do imigrante sobre as adversidades, transmitem ideais e valores através da dramatização. Esta consistia, a princípio, em um meio didático mais efetivo, considerando que as primeiras populações migrantes que vieram para o Brasil no século XIX, mais especificamente no estado do Rio Grande do Sul, eram em maioria analfabetas. No entanto, atualmente esta dramatização e encenação continua a representar uma estratégia interessante de “contar sua versão da história”. A mitologia do imigrante, como aponta a autora (SANTOS, 2014, p. 41), é responsável pela crença de que o imigrante é o responsável pelo progresso de uma região através da transformação do “selvagem” para o “civilizado”. Portanto, tanto o caráter pioneiro do trabalho árduo, da religião e da valorização da família, quanto às características físicas, o fenótipo, são destacados e valorizados no desfile alegórico da Festa da Uva, que tem a rainha como elemento principal.

A imagem do desfile da Rainha e das princesas, em cima de carros alegóricos com os vestidos decorados com os símbolos da videira e cachos de uvas, permite a interpretação de que as mulheres se encontram ali como um produto ornamental exposto durante os dias da celebração. O destaque das fotografias para as figuras femininas mostraria o papel destas como ornamento, sua beleza servindo como elemento sensorial a complementar os sentidos explorados pela Festa da Uva (ZANINI; SANTOS, 2013, p. 3).

Apesar do sucesso das edições da Festa da Uva de 1942 e 1965, não há registros de outras celebrações em documentos oficiais e mesmo na imprensa. Entretanto, em entrevista com o vitivinicultor Vicente Demori (2020), que cresceu e mora na região, é possível aferir a existência da festa ainda na década de 1970. Segundo Demori, a festa ocorria a cada dois anos e durava um fim de semana, geralmente por volta do final do mês de janeiro ou início de fevereiro, coincidindo com o período da colheita. Neste período, a celebração já era realizada no Parque da Uva, e aproveitava a infraestrutura que começara a ser planejada em 1965 pela prefeitura de Videira. De acordo com o entrevistado, a entrada era franca, e os espectadores podiam apreciar a exposição de produtos agrícolas, e principalmente celebrar a uva e o vinho, com o conforto garantido pela comissão organizadora que juntava o esforço de órgãos da prefeitura, sindicatos e empresas locais, além dos próprios produtores. A eleição da rainha ainda era uma parte importante do evento, apesar de o produtor rural não saber informar os nomes das rainhas eleitas nas edições das quais participou. Ele conta ainda que a divulgação era forte, e que o evento atraía diversos visitantes de toda a região, além da grande mobilização da comunidade videirense.

A falta de registros escritos não nos permite descrever as festas da uva mencionadas por Vicente Demori. Entretanto, acreditamos que elas aconteceram, talvez de forma mais tímida e que a partir de 1994, o município de Videira oficializa a Festa da Vindima.   

Festas da Vindima

Em 1994, uma nova celebração relacionada à colheita da uva foi tornada oficial no município. Com isso queremos argumentar que as festas das colheitas já deveriam estar acontecendo dentro de diferentes vinícolas. Todavia, por iniciativa do prefeito da época, Wilmar Carelli (PMDB), juntamente com o conselho de cultura do município, foi criada oficialmente em Videira a Festa da Vindima. O objetivo da festa era, além de celebrar os 50 anos da emancipação política do município, valorizar os costumes, tradições e também a gastronomia dos imigrantes italianos que habitaram a região (Santa Catarina 24 Horas, 2010). A festa, que em 2020 realizou sua vigésima sétima edição, acontece todo ano entre o fim de janeiro e começo de fevereiro a fim de comemorar o início da colheita da uva[11].

Desde a primeira edição, a festa da Vindima ocorre na comunidade de Rondinha, no município de Videira. A organização do festejo acontece através da Associação de Moradores de Rondinha (AMOR) em parceria com a prefeitura do município de Videira. Essa atuação da sociedade no planejamento da festa é muito importante para entender o que Maria Nazareth Ferreira (2006, p. 12) define como o processo de transformação do indivíduo comum em protagonista daquele evento, e também da própria história, através da formação da cidadania, da conscientização cultural e da participação social.

Nos primeiros anos o evento costumava ocorrer ao longo de três dias. A primeira noite da programação era destinada a um jantar característico da gastronomia italiana, a fim de valorizar uma culinária muito presente nas famílias da região. Os jantares contavam também com a participação especial de bandas e dançarinos especializados nas danças italianas (Família Paganini, 2019).

O segundo dia do festival era reservado para a realização de bailes, gincanas e jogos do país de origem dos imigrantes. Em 2011, na 18a edição, com o apoio da Fundação Municipal de Esportes, a festa da Vindima contou com a participação de equipes de outros municípios do interior catarinense na disputa de modalidades italianas de quatrilho, morina, truco, bisca, bocha. A associação brasileira de Quatrilho destinou nessa edição 3 mil reais em prêmios para os ganhadores das competições (Santa Catarina 24 horas, 2011).

O terceiro e último dia era repleto de atividades, incluindo café da manhã com pratos italianos, uma missa celebrada em italiano, almoço, encenações temáticas (Figura 6) e demonstrações da colheita da uva, assim como shows musicais. Além disso, a degustação de vinhos produzidos na região é parte importante de todos os dias do festival (Nosso Jornal, 2012).

Figura 6: Participantes na 21ª edição da Festa da Vindima, 2014.

Fonte: Tílias News. Alegria e tradição marcam mais uma edição da Vindima em Videira. 2014[12].

Assim como nas edições da Festa da Uva de 1942 e 1965, a Festa da Vindima também reserva um espaço para a tradicional apresentação das Rainhas e Princesas da Uva na festa. Ainda hoje, ser Rainha da Vindima ou Rainha do Vinho é uma importante conquista para as mulheres da região, pois oferece oportunidades de socialização com parte da comunidade videirense, permitindo a criação de um laço afetivo com os participantes da festa, além de, claro, todo o valor social e cultural agregado em ser a escolhida para representar o festejo que homenageia os antepassados da região.

Figura 7: Princesas e Rainha da Vindima, 2002 - Videira.

Fonte: Museu do Vinho Mário de Pellegrin, Videira (SC).

Segundo o edital disponível no site da prefeitura de Videira, os critérios de seleção das candidatas como Rainha do Vinho envolvem além da beleza, simpatia e comunicação, requisitos como ser solteira, não ter filhos e nem estar grávida, ter entre 18 e 25 anos, nunca ter sido fotografada ou filmada despida, expondo seios e partes íntimas, nem em cenas de sexo explícito, e também, residir no município há no mínimo dois anos (VIDEIRA, 2019). Até o ano de 2009 a eleição era parte da programação da Festa da Vindima, mas a partir de então foi criado o Baile do Vinho. Esse baile acontece no final de cada ano e agora é o responsável pelo concurso de escolha das rainhas e princesas do Vinho, além de ser mais uma data para exaltar a cultura dos moradores do município e distritos (Entrevista com Maria de Lurdes Zago, 02 jul. 2020). A fotografia acima (Figura 7) mostra a Rainha, Thaliane Moresco, ao centro, e as Princesas da Vindima eleitas em 2002.

Também como a antiga Festa da Uva, apesar de todo o sucesso nas edições, a Festa da Vindima está enfraquecendo. Isso pode ser visto quando se analisa os cortes nos orçamentos destinados à festa, em que se tornou inviável a continuação dos três dias de celebração, e atualmente a programação resume-se a uma noite de jantar dançante com músicas e cardápio típicos da cultura italiana. Em entrevista com Maria de Lurdes Zago, membro das últimas comissões organizadoras da festa, é compartilhada sua preocupação em relação à continuidade da celebração:

Quando a festa da Vindima foi criada, foi aprovada pela Câmara Municipal de Videira uma subvenção que permitia ao Poder Público destinar uma verba para ajudar na realização desta festa. [...] Em função de mudanças na Lei de subvenções, nestes últimos 4 anos não foi mais possível receber esta subvenção. Para a Comunidade, sem esse recurso, tornou-se inviável fazer os três dias de Festa. Por conta disso, só estamos realizando o Jantar Dançante Típico Italiano, para não deixar em definitivo, a festa cair no esquecimento. (Entrevista com Maria de Lurdes Zago, 02 jul. 2020)

 

A redução do período da festa teve como consequência a diminuição do público que atendia a tal evento. A Festa da Vindima, quando era realizada na versão de 3 dias, costumava reunir até 2000 pessoas por dia, mas atualmente, com o jantar dançante sendo a única atração, o público fica reduzido para 600 pessoas. O valor arrecadado com a venda dos ingressos do jantar serve para a manutenção da própria festa, sendo investido em melhorias da infraestrutura do local onde é realizado.

Outro ponto que têm dificultado o sucesso das festas é a divulgação. Ainda segundo Maria de Lurdes (2020), a festa não conta com uma ampla e efetiva propaganda. Além disso, por ser um evento organizado pelos moradores da comunidade de Rondinha, se torna difícil realizar um evento para um grande público.

Contudo, mesmo que o evento tenha tido sua programação e participação reduzidas, ele continua movimentando a comunidade. Os jantares são animados por músicas típicas italianas performadas pela banda Família Paganini, que tem presença marcada em quase todas as edições da Festa da Vindima. Também se fazem presentes dançarinos profissionais vestidos com trajes que remetem à cultura italiana, animando e incentivando a dança no salão. Portanto, ainda que contida, a festa continua a medida do possível consistente, com o público que ainda resta muito fiel e engajado.

O futuro da Festa da Vindima na comunidade de Rondinha, todavia, é incerto. Mesmo que os jovens continuem a participar, o envelhecimento dos moradores da comunidade Rondinha e a diminuição das famílias residentes do local impõe ainda mais dificuldades na festa, que não mais recebe recursos públicos para sua realização.

Atualmente, se observa que as vinícolas da região estão organizando a sua própria festa da Vindima, onde recebem os turistas. Um dos fatores que impede uma maior integração é a distância geográfica que as separa para ter um evento único. Entretanto, com cada uma delas organizando separadamente perde-se uma integração maior com as vinícolas da região. Essa integração se daria através do enoturismo, que é um dos segmentos turísticos que mais vem crescendo atualmente no estado de Santa Catarina. Essa prática apresenta a transformação do vinho em um evento cultural, onde as pessoas buscam tanto a experiência da degustação de vinhos e espumantes, quanto a possibilidade de conhecer os elementos históricos e tradicionais das regiões produtoras. A atividade estaria relacionada também com o turismo rural e de turismo de natureza, onde a paisagem e o clima também são itens a serem procurados e consumidos.

O enoturista ao realizar sua visita, estará movimentando diversos aspectos da economia local, usufruindo de toda uma infraestrutura que fornece hospedagem, alimentação, artesanato, comércio e serviços básicos. Para que isto aconteça é necessário um investimento maior na região, que tem este atrativo, pois a visita é motivada, principalmente, pelas idas às vinícolas e vinhedos, assim como festivais e festas da uva, na intenção de conhecer o processo de produção do vinho e vivenciar a cultura que o engloba.

 

Considerações finais

Como pôde ser observado no decorrer do texto, é interessante apontar que as festas, mesmo sendo objetivamente “tradicionais”, termo compreendido aqui como a busca em cultivar e reprisar uma determinada tradição, não permanecem as mesmas com o passar dos anos. As festas populares podem ser entendidas como um organismo vivo sujeito a constantes alterações e adaptações, acompanhando as diferentes concepções de vida, de trabalho, de valores que se sobrepõem em uma celebração que engloba gerações.

A celebração da colheita é um importante evento em todas as partes do mundo. Entretanto, existem formas diferentes de comemorar. Na década de 1930 a vinicultura na região do Vale do Rio do Peixe estava em sua fase inicial e era importante que fosse noticiada e comemorada. Baseado no modelo da Festa da Uva de Caxias do Sul onde a vinicultura se encontrava mais estruturada, Videira organizou as suas primeiras Festa da Uva na década de 1940. Como se observou nas fontes, elas foram consideradas um sucesso, pois além da uva e do vinho se fez uma exposição agrícola, atraindo assim outros segmentos. Como forma de manter viva a ideia da Festa da Uva em 1994, por iniciativa do poder público local, é oficializada a Festa da Vindima, na localidade de Rondinha, observando que se tira o foco do município e se vai para a parte rural do município. Com o desmembramento dos municípios, Videira deixou de ser praticamente a única produtora de uvas e vinhos da região. Isso abriu o leque de produção e a consequente disseminação de Festas da Vindima para outros municípios, geralmente ao encargo das próprias vinícolas.

           

Agradecimentos

As autoras agradecem ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelo auxílio financeiro (projeto 426478/2018-5) e pelas Bolsas Pq/CNPq para ESN e de Iniciação Científica/PIBIC/UFSC para LCGT e JMV. Agradecimentos ao vitivinicultor Vicente Demori e Maria de Lurdes Zago, membro da comissão organizadora da Festa da Vindima de Rondinha, por cederem tempo e disposição para a realização das entrevistas que foram peças importantes na elaboração deste estudo.

 

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Recebido em 13/06/2021.

Aceito em 29/10/2021.

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[1] Graduanda do curso de História da Universidade Federal de Santa Catarina. Brasil. E-mail: laiannyterreri@gmail.com | https://orcid.org/0000-0002-2197-6307

[2] Graduanda do curso de História da Universidade Federal de Santa Catarina. Brasil. E-mail:  jmaivelasco@gmail.com | https://orcid.org/0000-0002-2206-2304

[3] Doutora em História. Professora Titular do Departamento de História da Universidade Federal de Santa Catarina. Brasil. E-mail: eunice.nodari@ufsc.br | https://orcid.org/0000-0001-5953-649X

[4] A região da Serra Gaúcha é conhecida por ser uma das precursoras na produção de uva e vinho no Brasil, e atualmente lidera o mercado de produção desses produtos no país, concentrando cerca de 64% da área vitícola nacional conforme apontado pela pesquisadora da Embrapa Uva e Vinho, Loiva de Mello (2017), responsável pelo Cadastro Vitícola do Rio Grande do Sul.

[5] O jornal A Notícia circulou entre o ano de sua criação em 1923 até 1944, como um semanário independente no município de Joinville. Em 1946, sob nova direção, volta às bancas como diário matutino e, atualmente, produz conteúdos exclusivos às plataformas online.  

[6] O museu guarda uma memória da uva e do vinho da região e possui equipamentos que eram utilizados no começo do século passado para fabricação do vinho. A construção onde hoje é o museu é datada de 1931 e pertenceu a padres salvatorianos. O edifício foi restaurado e tombado como patrimônio histórico. O nome do espaço é em homenagem ao Engenheiro Agrônomo Mário de Pellegrin, que trabalhou na antiga estação de etnologia de Videira e desenvolveu diversos projetos na área. Para mais informações acessar: https://static.fecam.net.br/uploads/834/arquivos/1209026_Relatorio_Anual_de_Atividades_do_Museu_do_Vinho_Mario_de_Pellegrin_2017.pdf Acesso em: 27 jul. 2020

[7] A Imprensa foi um hebdomadário fundado em 1939 e que circulou do município de Caçador (SC) até o ano de 1955, com notícias referentes ao município, ao estado e ao país.

[8] No parecer assinado pelo Engenheiro Agrônomo Mário de Pellegrin sobre a importância da realização da Festa da Uva publicado em 1965 para o Ministério da Agricultura, se têm que até a data do parecer a única festa da uva que foi realizada no município de Videira foi a edição de 1942.

[9] Um dos jornais de maior circulação no estado de Santa Catarina, com a sede de sua redação na capital Florianópolis, o jornal O Estado esteve em funcionamento diário, entre o período de 1915 até 2009.

[10] Dib Cherem era natural de Tijucas-SC. Pelo Partido Social Democrático (PSD) foi vereador e depois prefeito do município de Florianópolis, assim como Deputado Estadual à Assembleia Legislativa de Santa Catarina, pela Aliança Renovadora Nacional (ARENA) foi Deputado Federal por Santa Catarina na Câmara. Cherem foi cidadão honorário de vários municípios catarinenses, incluindo de Videira. Para mais informações acessar: http://memoriapolitica.alesc.sc.gov.br/biografia/43-Dib_Cherem. Acesso em: 27 jul. 2020.

[11] Não há informações disponíveis a respeito da realização da Festa da Vindima em 2021, o que permite concluir que, devido às restrições relacionadas à pandemia do COVID-19, a celebração foi suspensa.

[12] Disponível em: https://www.tiliasnews.com/2014/02/a-comunidade-de-rondinha-no-interior-de.html. Acesso em 19 abr. 202.1