Experiência pandêmica em um ano histórico: um relato docente

Pandemic experience in a historic year: a teaching report

 

Silvia Vitorassi[1]

Resumo

No contexto de decretação da pandemia de Covid-19 no Brasil e no mundo, a educação sofreu um abalo enorme, transformando a estrutura de ensino e movendo a escola para dentro das casas de professores, pais e alunos. Neste texto, além de trazer um relato de experiência, apresento também alguns questionamentos e angústias que foram surgindo ao longo do trabalho que desenvolvi como professora de uma escola particular em Florianópolis no ano de 2020, tais como a romantização do papel docente, os abusos cometidos pelo governo ao não estruturar um planejamento mínimo para melhorar as condições de trabalho frente à pandemia e os limites estabelecidos entre pessoa e profissional.

Palavras-chave: Ensino remoto; Experiência docente; Pandemia; Educação.

 

Abstract

In the context of the decree of the Covid-19 pandemic in Brazil and in the world, education suffered a huge shock, transforming the teaching structure and moving the school into the homes of teachers, parents and students. In this text, in addition to bringing an experience report, I also present some questions and anguish that arose during the work that I developed as a teacher at a private school in Florianópolis in 2020, such as the romanticization of the teaching role, the abuses committed by the government by not structuring a minimum plan to improve working conditions in the face of the pandemic and the limits established between person and professional

Keywords: Remote education; Teaching experience; Pandemic; Education.

 

 

 Apesar de ainda distante do cotidiano de brasileiras e brasileiros, a palavra “Coronavírus” já circulava e ganhava destaque no mundo todo há pouco mais de um ano. No final de fevereiro de 2020 os primeiros brasileiros infectados já relatavam às autoridades os sintomas de Covid-19. Em Florianópolis, minha cidade natal e onde vivo há 29 anos, os primeiros casos foram confirmados apenas no dia 12 de março de 20201. A partir daí o cenário mudou. As semanas e meses seguintes fizeram parte de um contexto que marcou a História e modificou a lógica cotidiana a qual estávamos todos acostumados a viver.

Este texto não foi escrito com a pretensão de abarcar toda a problemática da pandemia e o seu significado catastrófico2, mas sim de apresentar o relato de uma professora que se viu atravessada por inúmeros conflitos, internos e externos, trancada em um apartamento e sendo obrigada a dar conta de ensinar História por meio de uma tela de computador. 

É um convite à reflexão sobre o papel do ensino, da escola, de professoras e professores; uma visão particular sobre um momento tão delicado e incerto que não se pretende certa ou errada, mas que traz questionamentos importantes a respeito dessa romantização do ensino que vemos em programas de televisão: será mesmo que podemos ser considerados heroínas e heróis? Será que a ideia de “se reinventar diante das adversidades” não está sendo distorcida e utilizada de forma equivocada? Qual é o limite do descaso com a educação em nosso país? Até que ponto professoras e professores podem e devem ir em nome da educação?  Essas foram algumas das perguntas que me fiz desde o início da pandemia e a busca pelas respostas nortearão este texto.

Vamos voltar para 2020?

 

Florianópolis, Março de 2020: Coronavírus?

 A situação em Florianópolis no início de março ainda era bastante controlada. O governo de Santa Catarina dava indícios de que estava sabendo qual caminho seguir e o primeiro decreto veio cinco dias após a confirmação dos primeiros casos: terça-feira 17 de março de 20203. No dia anterior houve uma reunião na escola onde eu lecionava4 entre direção, professores e funcionários, para discutir a situação e decidir sobre o fechamento temporário da escola e pensar em um plano estratégico para dar continuidade às aulas e evitar aglomerações.

Eu não estava lá, era minha folga. Acompanhei as decisões por meio de mensagens de WhatsApp com outra professora5, minha amiga além dos muros da escola. Eu vivia um turbilhão de sentimentos e uma situação crítica na vida pessoal: meu pai, que passou o ano de 2019 inteiro entre internações, cirurgias e diversas complicações por conta de uma doença que contraiu, tinha acabado de entrar em cuidados paliativos pois não respondia mais aos tratamentos oferecidos pelos médicos. Eu sabia que ele ia falecer, era questão de dias.

Por conta do decreto, as visitas ao hospital se tornaram mais restritas, os acompanhantes deviam se programar para passar mais horas do que normalmente passavam e a circulação de pessoas na cidade começou a ser cada vez menor. Não havia ônibus, eu não tinha como ir trabalhar, pois aquela era a principal forma de locomoção até a escola. Para ir ao hospital ver meu pai, eu dependia dos transportes de aplicativos e precisava tomar muito cuidado, afinal, passar muito tempo em um hospital naquele momento não era boa ideia.

Dia 19 de março de 2020 foram confirmados 21 casos de Covid-19 em Santa Catarina, o governo anunciou novas medidas6 e meu pai faleceu. No hospital as coisas já não andavam bem, a tensão era grande e conseguir liberar o corpo dele foi bastante complexo. Àquela altura, a cidade já vivia em isolamento. O velório não pôde contar com todas as pessoas da família e amigos e o uso de máscaras ainda não era obrigatório, porém, já víamos pessoas circulando com elas. Eu não tive tempo de me recompor: a pandemia chegou me derrubando e, para complementar, ainda nem havia me dado conta, mas as aulas iriam continuar para a rede privada de forma online, mesmo que eu e todos os professores desse país não estivéssemos prontos para isso.

 

Aulas remotas: e agora?

 Foi tudo muito rápido. Não havia um plano estratégico para organizar as aulas de forma online, pois de acordo com o parecer do Ministério da Educação “a gestão do calendário e a forma de organização, realização ou reposição de atividades acadêmicas e escolares é de responsabilidade dos sistemas e redes ou instituições de ensino” (BRASIL, 2020, p. 5). Não acreditávamos que um ano depois daquele decreto a situação no país e na cidade estariam piores. Desde a semana anterior ao primeiro decreto eu não ia até a escola e não entrava em contato com a comunidade escolar. Entre os dias 17 e 19 de março utilizamos o ClipEscola7 para nos comunicarmos com as famílias, enviar algumas atividades de conteúdos em andamento, sugerir filmes e dizer que em breve estaríamos juntos novamente, não dava para saber...

 Reuniões emergenciais foram agendadas em formato remoto, não havia uma orientação clara por parte do governo federal, não havia consenso sobre como as aulas deveriam acontecer – se gravadas ou em formatos de live8 –, as dificuldades começaram rapidamente a aparecer, desde problemas mais gerais como instabilidades na internet até os mais complexos como a questão de lidar com tecnologias e suportes que até então não faziam parte do cotidiano docente.

 A questão das tecnologias e da ampliação dos recursos digitais em sala de aula não é nova, porém ainda é um grande obstáculo a se colocar em prática, em outro trabalho tratei deste tema, o qual destaco o trecho abaixo:

 

Ao mesmo tempo em que podemos afirmar existir um conflito aberto no quesito afastamento das tecnologias na forma que se apresentam aos jovens hoje em dia, é possível também negar que não sabemos o que fazer enquanto professores, o problema está no como fazer e não no quê. É um conflito em partes geracional e em partes de linguagem, isso depende de vários fatores: idade, estilo de vida, conhecimento tecnológico, conhecimento de temas relativos ao mundo da internet, entre tantos outros.  (VITORASSI, 2018, p. 102).

 

Essa discussão encaixa sem dúvidas nos debates que surgiram a partir das dificuldades das professoras e professores da escola e que, certamente, foram as mesmas de vários outros pelo Brasil e mundo afora no contexto de decretação da pandemia. O que encontramos a partir deste ponto foram adversidades e disparidades ainda mais visíveis ao tratar da educação em nosso país, com uma heterogeneidade de situações e a falta de articulação entre os poderes (GATTI, 2020).

Neste novo cenário, houve uma desconstrução a respeito da visão social que se tem do ensino, as escolas se viram obrigadas a embarcar em novos formatos. De acordo com Arruda, no Brasil, ao contrário de EUA, México, Chile e Uruguai, as propostas eram difusas, refletindo a falta de liderança do Ministério da Educação (2020, p. 258), além disso, em outros continentes, as estruturas preparadas para a educação eram muito diferentes do que foi organizado por aqui:

 

Há aqueles que criaram estruturas mais complexas, como China e Coréia do Sul. Nesses países houve um investimento bem amplo do Estado, de maneira a promover formas de educação mediadas por TDIC, disponibilizadas em ambientes virtuais de aprendizagem, transmissões de programas educacionais por televisão estatal, elaboração de materiais didáticos em formato digital, utilização de inúmeros aplicativos para apoio pedagógico e transmissão remota das aulas em tempos semelhantes à educação presencial. Houve distribuição de equipamentos a alunos e convênios com empresas para garantir gratuidade de acesso a aplicativos e à internet. (ARRUDA, 2020, p. 263-64).

 

 Diferente de outros países, no Brasil as orientações começaram a vir algum tempo depois do anúncio oficial de que vivíamos a pandemia:

 

Em 1º de abril de 2020, o Governo Federal editou a Medida Provisória nº 934 que estabelece normas excepcionais para o ano letivo da educação básica e do ensino superior decorrentes das medidas para enfrentamento da situação de emergência de saúde pública de que trata a Lei nº 13.979, de 6 de fevereiro de 2020. (BRASIL, 2020, p. 2).

 

Cada estado agia de uma forma, e se a situação estava caótica nas escolas particulares, o abandono do governo com as escolas públicas era ainda mais latente. No caso da escola onde eu trabalhava, optou-se por mexer no cronograma de aulas – reduzindo o horário – e no envio de aulas gravadas, pois a direção pedagógica também estava perdida sobre como lidar com a situação. Nós tínhamos apenas um encontro ao vivo por semana com as turmas. Nas conversas com outros amigos, também professores, percebemos que cada escola começou a seguir um modelo, no formato que fosse possível.

Mesmo com a região Sul estando entre as três que mais tem acesso à internet no país, como demonstram os dados abaixo, houve também uma séria dificuldade por parte das famílias em estabelecer uma rotina de estudos para as crianças em casa, isso porque a escola é o espaço onde essa gestão acontecia:

 

No caso do Brasil, considera-se ainda que os maiores níveis de pobreza da população encontram-se nas regiões Norte e Nordeste. Os dados mostram, dessa forma, relativo destaque das Regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste no que diz respeito aos números de acesso à internet e equipamentos. De acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) do último trimestre de 2018, o percentual de jovens estudantes, com 14 anos ou mais que possuem acesso à internet, ultrapassa 95% nas três primeiras regiões, 81% na região Norte e 86% na região nordeste. Quando se incluem os jovens entre 10 e 13 anos, os percentuais mantêm-se na faixa de 92% nas regiões Sul, Sudeste e Centro Oeste e cai para 71% na região Norte e 79% na região Nordeste. (ARRUDA, 2020, p. 268).

 

O setor financeiro da escola também começou a sofrer, visto que algumas famílias começaram a retirar a matrícula e a não pagar as mensalidades, alegando descumprimento de contratos9. E, para piorar, começaram os casos de evasão escolar. As crianças passaram a não assistir às aulas, os pais acreditavam que isso não implicaria futuramente e o que muito se falava era que aquele ano letivo “estava perdido” ou “não seria validado”, a questão era a de que “caminhos variados foram encontrados com a utilização de diversas plataformas educacionais, com utilização da internet, solução que se mostrou, na situação, acessível a muitas redes, escolas e seus estudantes, mas não para todos” (GATTI, 2020, p. 32).

Sendo assim, não podemos eliminar a situação a qual muitas famílias se viram atravessadas em meio às aulas remotas e o fechamento do espaço escolar. Para começar, a escola está inserida em um bairro no Norte de Florianópolis bastante ligado ao comércio e ao turismo10, ou seja, muitas famílias foram afetadas financeiramente com os primeiros decretos, assim como com os que vieram em sequência.

Além disso, algumas das famílias pertenciam a classes econômicas mais baixas, mas enxergavam na escola particular uma oportunidade para suas filhas e seus filhos. Muitos pais trabalhavam o dia todo, muitos não tinham computador em casa, muitos só matricularam os filhos em uma escola particular por ajuda de outros membros da família, muitos eram pequenos comerciantes que foram duramente atingidos pela crise econômica que acompanhou a crise sanitária... assim, sucessivamente iam surgindo problemas que não podiam ser solucionados rapidamente e não estavam relacionadas somente à questão do acesso.

Muitas das crianças e adolescentes, visto a situação apresentada acima, acabavam ficando à mercê desse cenário. Era comum não assistirem às aulas e/ou enviar atividades por falta de um acompanhamento mais efetivo da família. Outra situação muito comum era a falta de equipamento para administrar a rotina escolar quando eram um ou mais irmãos estudando na escola, às vezes no mesmo horário. Portanto, inicialmente enviar vídeos gravados parecia a melhor situação, assim todas e todos poderiam acessar quando fosse possível, dentro da rotina familiar. No entanto, foram muitos os casos de cancelamentos de matrículas, principalmente no ensino infantil, e pedidos de transferência para escolas públicas, caso dos anos finais do ensino fundamental.

Além dessa situação, dar aulas tornou-se um sofrimento: não saber gravar, não saber editar, não ter equipamentos ou suporte técnico, não conhecer programas que pudessem reduzir as dificuldades, não saber mexer no YouTube11, medo de falar para câmeras, exposição da imagem pessoal, conflito de imagem, conciliação com a vida pessoal, não ter espaço adequado dentro de casa para gravar, não saber se a turma estaria assistindo às aulas de fato, quais suas dúvidas... esses são só alguns dos muitos problemas que foram surgindo já nos primeiros dias de aulas remotas12:

 

A singularidade da pandemia deve levar também à uma compreensão de que a educação remota não se restringe à existência ou não de acesso tecnológico, mas precisa envolver a complexidade representada por docentes confinados, que possuem famílias e que também se encontram em condições de fragilidades em suas atividades. O ineditismo leva a ações que precisam envolver toda a complexidade da qual faz parte. (ARRUDA, 2020, p. 266).

 

A minha maneira de tentar amenizar um pouco as dificuldades foi procurar auxílio na própria internet: passei a assistir tutoriais de como criar vídeos, a estudar mais sobre as plataformas, comprei um programa de edição e gravação de tela do computador13, comprei um ring light14, baixei aplicativos gratuitos de celular para edição de vídeos, tudo isso usando meu próprio salário, que já não era muito.

Eu não tenho filhos, moro com meu companheiro, no início da pandemia morávamos em um apartamento muito pequeno, sem sacada e nós dois precisávamos trabalhar em casa. Só um cômodo permitia que eu gravasse minhas aulas sem que houvesse ruídos ou barulhos externos, justamente o cômodo onde meu parceiro trabalhava e estudava. Então a nossa rotina precisou ser alterada para que ambos pudessem dar conta de tudo: nós dois acordávamos por volta das 8h, eu preparava as aulas na sala e ele trabalhava até às 16h, ele saía, eu gravava as aulas que precisaria enviar no dia seguinte e depois ele voltava para o computador para assistir às aulas da faculdade, eu ficava na sala editando os vídeos e só parava perto da meia noite com tudo organizado, foi assim entre abril e junho de 2020.

A partir de meados de junho, a escola começou a se preocupar mais com os encontros ao vivo entre professoras, professores e suas turmas, então, após fazer uma avaliação diagnóstica15, enquetes com as famílias16 e reuniões com o corpo docente, optou-se por começar uma transição no formato que vínhamos realizando as aulas. No primeiro momento, passamos a ter metade das aulas gravadas e a outra metade ao vivo, assim, tanto professores quanto estudantes iam se adaptando ao novo formato e íamos testando o que era – dentro das possibilidades e de todo o contexto de crise – mais produtivo e significativo no processo de ensino-aprendizagem. Com este outro modelo, mais dificuldades surgiram.

Houve outra mudança no nosso cronograma diário e mais aulas ao vivo exigiam uma reorganização da rotina. Começaram os problemas de interação: câmeras fechadas, a maioria não participava, muitos não realizavam as tarefas enviadas nas aulas gravadas (e assim tínhamos noção de quais alunas e alunos estavam ou não assistindo). A minha forma de lidar com aulas gravadas e ao vivo foi: o conteúdo expositivo era dado nas aulas gravadas; nas aulas ao vivo eu realizava exercícios, corrigia os já enviados como tarefa, fazia revisão, tirava dúvidas e tentava extrair ao máximo a participação da turma, pois o momento das aulas ao vivo permitia uma interação, mesmo que não igual à da sala de aula física.

Entre julho e setembro de 2020 esse modelo acabou permitindo o retorno aos métodos avaliativos e, foi nesse ponto do ano que as famílias começaram a entender que mesmo com o cenário caótico, o ano letivo seria validado, as aulas que haviam sido dadas até então seriam computadas como horas trabalhadas e que a rotina escolar continuaria daquele jeito até 2021. Assim, as crianças e adolescentes que haviam “sumido” no período das aulas gravadas, passaram a “aparecer”17.

A partir de setembro passamos por outra revisão de cronograma e as aulas passaram a ser totalmente ao vivo18. O horário de aula foi retomado como no modelo presencial, com pausas para intervalos (algo que não fazíamos até então), horário de almoço estabelecido, retorno de atividades avaliativas ao vivo, apresentação de trabalhos, registro de presença e falta e a rotina passou a ser mais próxima do que tínhamos antes da pandemia. É claro que os problemas continuaram, nesse novo formato a participação caiu muito, não se tinha ânimo – tanto da nossa parte, pois estávamos exaustos naquela altura do ano, quanto da deles que não aguentavam mais passar horas em frente ao computador e não ter a convivência diária do espaço escolar.

A coordenação encontrou um caminho alternativo para os trabalhos: um mural virtual19 para compartilhar com as famílias o que estava sendo desenvolvido e a possibilidade de trabalhos mais visuais e interdisciplinares, e ele foi um ponto positivo nesse processo de aulas remotas, pois havia engajamento na produção, os professores não ficavam com uma carga de avaliações muito alta e alguns pontos da experiência do confinamento foram aproveitados para o desenvolvimento de alguns trabalhos. Ainda assim, finalizar o ano letivo não foi fácil.

Em meados de agosto tivemos mais uma notícia bastante desanimadora: a redução salarial. Sofremos um corte de 25% no salário, pois a escola não teria como se manter caso isso não acontecesse – essa redução aconteceu após dar descontos às famílias, sofrer muito com a inadimplência, pedir empréstimos, solicitar desconto no pagamento do aluguel do prédio onde está fisicamente e suspender contratos de funcionários que estavam “ociosos”. E isso aconteceu em outras escolas particulares também.

O trabalho continuava bastante acumulado, pois mesmo não precisando mais editar aulas, o retorno das avaliações nos sobrecarregou e a escola precisou encontrar uma forma de provar que os professores estavam trabalhando, então, além de planejar, preparar material e avaliações, corrigir trabalhos e atividades, precisávamos gravar as aulas ao vivo e postar no portal, além de alimentar uma tabela de contagem de horas, que continha as seguintes informações: data, número de aulas, objetivo, conteúdo, link da aula, duração, se houve avaliação ou não, se sim, descrevê-la. Essa tabela precisou ser atualizada com todas as aulas dadas desde o início do ano letivo, o que nos consumiu um tempo a mais de trabalho.

Estudantes, professores, coordenação e direção sobrecarregados, exaustos, sofrendo de ansiedade, num profundo estado de incertezas, esse foi o saldo final do ano letivo. Demos conta? Sim, demos conta. Outros professores deram conta? Outras escolas deram conta? Não sei. Tivemos avanços, aprendemos muitas coisas, incorporamos questões levantadas a partir do ensino remoto, porém, as perdas causadas no processo de aprendizagem de muitas crianças e adolescentes vão ser enormes. O impacto desse período para professoras e professores pode ter consequências ainda a ser sentidas, física e psicologicamente.

A meu ver, é muito complexo dizer que nós enfrentamos esse momento como “heroínas e heróis” – como a imprensa gostou muito de nos chamar ao longo do ano de 2020. Trabalhar desta forma foi desesperador, exaustivo e caótico. Mais desesperador ainda foi começar o ano de 2021 precisando ir dar aulas presenciais20 sem ter sido vacinada21.

O resultado de tanta disparidade nesse modelo de ensino remoto demonstra um fato que não é novidade, mas está longe de ser resolvido: os desafios e o distanciamento social ao tratarmos da educação no Brasil. A falta de apoio do governo de Jair Bolsonaro e a desestruturação do Ministério da Educação que resultou em embaraços e mais uma troca de ministro no auge da pandemia22 também foram fatores preponderantes na falta de um plano coerente para amenizar os prejuízos. E essa desestruturação do governo não pode “passar batida” aos olhos da população com a ideia muito romantizada de heroísmo, pois muitas vezes fomos colocados na posição de vilões, de doutrinadores, de agitadores e de “fazer balbúrdia”.

De uma hora para outra passamos a ser heroínas e heróis? Não, pois só passamos a receber esse “título” em momentos como o atual, que exigem das famílias outra atitude, ou quando surgem casos de professores que superam desafios para trabalhar pois o governo não cumpriu com o seu dever. Não estamos falando de heroísmo. Estamos falando de descaso, sucateamento e inversão de papéis.

 

Ser professora no Brasil durante a pandemia: um ato de heroísmo?

Entre 16 e 28 de maio de 2020 a NOVA ESCOLA23 realizou uma pesquisa24 com 8.121 docentes buscando compreender e mapear os contextos de ensino remoto pelo Brasil, dividida entre os eixos: 1. Situação dos professores; 2. Situação da rede; 3. Participação dos alunos e famílias nas atividades; e 4. Perspectivas para o retorno das atividades presenciais. Por escolha e para manter apenas a discussão em torno do papel docente, foquei no tópico 1 “situação dos professores”. 

No gráfico abaixo é possível ter uma noção da avaliação dos professores sobre o ensino remoto:

Figura 01: Pesquisa NOVA ESCOLA sobre a situação dos professores no ensino remoto durante a Pandemia.

Fonte: ESCOLA, NOVA. Pesquisa sobre a situação dos professores no ensino remoto durante a Pandemia, 2020.

É certo que o mundo não estava preparado para lidar com uma pandemia e os efeitos causados por ela, bem como dar aulas no formato remoto também não era algo a se levar em conta antes de março de 2020. Porém, antes de tudo isso acontecer, dar aulas também não era uma tarefa fácil. Todos os dias professoras e professores têm de lidar com inúmeros problemas que atravessam o cotidiano da sala de aula e do espaço escolar, obrigando-os a sair do papel único e exclusivo de ensinar, assumindo a condição de amigos, pais, mães, psicólogos, orientadores, mas que muitas vezes os afetam enquanto seres individuais que tem angústias, problemas, traumas e vontades.

No quadro abaixo, parte da pesquisa do NOVA ESCOLA, ao se tratar da saúde emocional os resultados são muito pertinentes para refletirmos: qual olhar tem sido dado aos docentes nesse momento? O que vai acontecer com essa classe de profissionais? Como o governo, as escolas e a sociedade vão lidar com os números apresentados abaixo?

É óbvio que precisamos cuidar da saúde mental das nossas crianças e adolescentes, mas e a nossa? A quantidade de pressão exercida para entregar resultados, fazer boas aulas, ser inédito e eficiente, ser dinâmico e divertido foi ainda maior durante a pandemia, além do fato de colocar sempre os estudantes à frente, esquecendo que física e mentalmente não aguentávamos mais. Os prazos eram pequenos, pois a cada dois ou três meses as coisas mudavam drasticamente e ansiedade foi o sentimento mais potente do ano de 2020.

Figura 01: Pesquisa NOVA ESCOLA sobre a situação emocional dos professores no ensino remoto durante a Pandemia.

Fonte: ESCOLA, NOVA. Pesquisa sobre a situação dos professores no ensino remoto durante a Pandemia, 2020.

Após um ano extremamente cansativo, inédito, cheio de desafios e frustrações, iniciar o próximo ano pareceu ainda mais complicado. Em Florianópolis, a situação que se manteve controlada até o verão piorou consideravelmente após as flexibilizações no final de 2020 e início de 2021, principalmente com a chegada do verão e a cidade ser um dos atrativos turísticos do país nesse período. Entre fevereiro e março, a situação ficou crítica. Para a educação, após pressão de todos os lados, o governo decidiu por torná-la serviço essencial25, reabrindo as escolas com ensino híbrido26.

No meu caso, pensava ser pior voltar a dar aulas presencialmente do que continuar com o ensino remoto. Só para ir e voltar pra casa eram cinco ônibus por dia, eu estava lá quatro vezes na semana, ou seja, a cada semana eu encarava 20 vezes a possibilidade de entrar em contato com alguma pessoa infectada, isso apenas realizando o trajeto casa-escola-casa, fora a possibilidade de ser infectada no trabalho.

De acordo com o Plano de Contingência27 desenvolvido pela escola e apresentado no retorno do ano letivo, caso entrássemos em contato com algum estudante infectado, seríamos, junto com a turma, afastados por 10 dias a fim de esperar uma possível manifestação da doença. Na prática, as coisas foram bem diferentes. Eu cheguei a entrar em contato com uma aluna do 9º ano que testou positivo e, diferente do que dizia o PlanCon, permaneci dando aula na escola e a direção pagou um teste PCR28 para todos os professores que haviam entrado em contato com a aluna; até que tudo estivesse bem – testei negativo! – meu psicológico sofreu muito com medo do que poderia acontecer.

Outro ponto complicado foi a ideia de administrar duas turmas: uma que permanecia no remoto e uma no presencial. Além disso, muitos pais que haviam optado por enviar os filhos para a escola começaram a deixá-los em casa conforme o número de casos ia aumentando. Como já era algo muito falado antes do retorno, a probabilidade de que as crianças e os adolescentes seguissem à risca os protocolos exigidos também era mínima. Em março, quando Florianópolis estava com as UTI’s lotadas, eu cheguei a dar aula para três alunos no presencial e o restante no remoto.

E então o meu questionamento era: por qual motivo nos obrigar a dar aula para apenas três alunos presencialmente, arriscando nossas vidas, se poderíamos ficar em casa e dar aula para toda a turma de modo seguro como havíamos feito até então? Inúmeras vezes ao entrar nas salas vi os jovens aglomerados, tirando fotos juntos, compartilhando objetos, tirando as máscaras, conversando muito perto dos colegas. 

Alguns deles, pertencentes a famílias negacionistas29, iam para as aulas dispostos a debater comigo e meus colegas a veracidade da pandemia, da existência do vírus – e até mesmo da China como responsável por criar e espalhar o vírus a fim de obter vantagens econômicas. A Coordenadora e a Diretora Pedagógica passaram a “tapar buracos”, substituindo professores que acabaram se infectando – sim, mais de um, alguns ao mesmo tempo – e a qualidade das aulas diminuiu consideravelmente, justamente pois precisávamos dar mais conta de ligar e estabilizar os equipamentos, de conectar a turma que estava em casa e de fazer as coisas “encaixarem”30.

Parece contraditório, mas, estar em sala de aula presencial nestas condições fazia o remoto parecer muito bom. Não se estabelece um retorno ao espaço escolar após uma experiência como a que vivemos ao longo do ano de 2020, o retorno deveria ser estabelecido após uma efetiva construção coletiva:

 

Dado o contexto vivido, vetor relevante é a criação de ambiente de serenidade entre os educadores em relação aos ajustes físicos, infraestruturais, curriculares e para a recepção das crianças, adolescentes e jovens considerando aqui as diferenças de desenvolvimento biopsicossociais entre eles e as diferentes oportunidades que tiveram de estudo ou não, de terem tido apoios ou não. (GATTI, 2020, p. 36).

 

Em nenhum momento fomos ouvidos sobre esse formato híbrido: nem pelo governo, nem pelos diretores, nem pelos sindicatos. Não fomos convidados a construir uma proposta. Não nos perguntaram se preferíamos ficar em casa ou retornar, não nos ofereceram apoio psicológico. Apenas impuseram. A maior parte dos que voltaram foi para não perder o emprego. Eu passava meus dias tão exausta mentalmente, que cheguei a dormir sentada no meio de uma aula em que toda a turma estava no remoto e apenas eu estava na sala de aula.

 

Sem pretensões de esgotar e a fim de concluir

Ainda hoje existe a visão, equivocada, mas muito presente, dos professores como seres que sabem de tudo, que não erram, que não choram, que não vão ao banheiro, que não sentem, que não sofrem – quantas vezes me peguei falando isso para as turmas, que sou de carne e osso como eles? Essa visão faz parte de uma cultura ainda muito difundida em nossa sociedade e atravessa dois pontos: 1. que professores devem agir de forma mecânica; 2. que para ser professor no Brasil tem que ter muito amor; e isso, além de contraditório, gera uma carga absurda que muitas vezes não damos conta.

Antes de ser professora, sou uma pessoa. Uma pessoa que tem uma trajetória de vida e que não escolheu sua profissão por amor única e exclusivamente, apesar de ele estar ali. Estudei quatro anos e meio e me dediquei para conquistar um diploma, fui para a sala de aula adquirir experiência profissional e colocar em prática tudo que aprendi, iniciei um mestrado e por mais dois anos me especializei, trabalhei incansavelmente para transformar minhas alunas e meus alunos em seres pensantes, críticos e bem informados, para desenvolver neles senso de justiça e de realidade, bem como de pensar seu lugar no mundo, mas, por não aceitar a condição de heroína – e com isso abdicar dos meus desejos e intenções profissionais e me manter num estado de resignação e compaixão colocando sempre o outro na frente – sou colocada em um local de “não empática”.

Isso faz de mim uma pessoa sem compaixão? Não. O que estou querendo dizer é que muitas vezes somos colocados em lugares que não foram feitos para nós, que a nossa profissão se tornou esse abdicar de si. E esse abdicar de si encontrou terreno fértil no contexto da pandemia, sendo usado massivamente para mascarar problemas com o famoso “se reinventar nas adversidades”.

O Estado brasileiro abandonou seus cidadãos nesta pandemia. As notícias que vemos nas TV’s, jornais, internet e nas redes sociais são de enlouquecer qualquer pessoa minimamente preocupada com a dignidade humana. Pessoas passando fome, sem emprego, sem moradia, crianças sem escola, crianças trabalhando para ajudar as famílias, pessoas formadas sem perspectiva de avançar profissionalmente, ensino superior sofrendo cortes em bolsas e o incentivo às pesquisas minguando, professores exaustos e sobrecarregados, médicos, enfermeiros e profissionais de saúde esgotados. Faltam recursos, falta organização, não existe planejamento estratégico e enérgico, mas existe o famoso “jeitinho”.

Fomos obrigados a trabalhar incansavelmente, muito mais horas do que somos pagos, abdicamos da nossa saúde, nos forçamos a aprender sobre coisas as quais mal tivemos tempo para nos aprofundar, de qualquer jeito, usando dos próprios recursos – recursos estes que deveriam servir para nos manter comendo, tendo uma moradia de qualidade, pagar as nossas contas. Ao analisar a minha experiência pessoal e todas as que tive oportunidade de entrar em contato, partindo deste contexto de ensino remoto e experiência pandêmica, concordo com Gatti quando a autora propõe um novo olhar para a educação:

 

As mobilizações na educação havidas no contexto pandêmico, as revisões e alterações feitas nas relações educacionais, as reflexões sobre as diversidades e dificuldades, as soluções experimentadas trazem possibilidade de fundamentar novas políticas educacionais e novas formas nas relações pedagógicas. Porém, mudança em cultura arraigada não é processo simples. (GATTI, 2020, p. 38).

 

Não somos heróis, não somos meros arquétipos divinizados que combatem um problema épico todos os dias. Não temos superpoderes, nem força sobrenatural. Somos seres reais, sofrendo com problemas reais e muitas vezes não aguentando a carga colocada sobre nós. Precisamos estar atentos ao formato da educação em nosso país e, mais do que isso, lançar uma atenção especial aos planos governamentais para este setor.

Dia 31 de março de 2021 foi meu último dia na escola, pedi demissão para cuidar de mim e seguir outros planos de vida, foi uma despedida difícil, feita aos poucos, explicando que desde o ano passado eu não consegui viver meu luto, cuidar da minha saúde e dos meus interesses pessoais, mas já estava na hora de parar um pouco.

 

 

Referências bibliográficas

 

ARRUDA, E. P. Educação Remota Emergencial: elementos para políticas públicas na educação brasileira em tempos de Covid-19. EmRede-Revista de Educação a Distância, Porto Alegre, v. 7, n. 1, maio 2020, p. 257-275.

BRASIL, M. da E. Conselho Pleno. Parecer CNE/CP Nº 5, de 28 de abril de 2020. Dispõe sobre a reorganização do Calendário Escolar e da possibilidade de cômputo de atividades não presenciais para fins de cumprimento da carga horária mínima anual, em razão da Pandemia da COVID-19. Brasília: CNE, 2020.

ESCOLA, NOVA. Pesquisa sobre a situação dos professores no ensino remoto durante a Pandemia, 2020. https://novaescola.org.br/conteudo/19386/qual-e-a-situacao-dos-professoresbrasileiros-durante-a-pandemia. Acesso em 06/06/2021.

GATTI, Bernadete A. Possível reconfiguração dos modelos educacionais pós-pandemia. Estudos Avançados, 34 (100), 2020, p. 29-41.

VITORASSI, Silvia. História para Quê(m)?: Ensinar História e Política na era das Redes Sociais. 2018. 144 p.

 

Recebido em 01/05/2021. 

Aceito em 06/06/2021.

 

 

1  A confirmação foi dada pelo secretário de Estado da Saúde de Santa Catarina, Helton Zeferino, em coletiva dada à imprensa na tarde do dia 12 de Março de 2020. Inicialmente pouco se sabia sobre os números e as informações chegavam sempre desta forma, através de coletivas. Posteriormente, a prefeitura de Florianópolis passou a concentrar as informações no site “Covidômetro” https://covidometrofloripa.com.br/, que segue disponível e atualmente é utilizado para divulgar o cronograma de vacinação na cidade. Acesso em 01/06/2021.  

2  No Brasil, enquanto escrevo esse texto, atingimos a marca de mais de 400 mil mortes.

3  Através do Decreto 515, que declarava situação de emergência em todo o território catarinense, nos termos do

COBRADE número 1.5.1.1.0 – doenças infecciosas virais, para fins de prevenção e enfrentamento à COVID-19.

Hoje o governo do Estado possui uma cronologia das ações e decretos que podem ser acessadas através deste link: https://www.saude.sc.gov.br/index.php/noticias-geral/11389-timeline. Acesso em 01/06/2021.

4  Uma escola particular, pequena, localizada no bairro Ingleses em Florianópolis há 25km de distância da minha casa.

5  De acordo com o relato desta professora, a situação na reunião era bastante tensa, isso porque a visão de um dos donos e Diretor Geral da Escola era de que não devíamos nos preocupar e que isso passaria logo, que talvez fechar não fosse a melhor escolha, enquanto a visão dos professores era de muita apreensão e medo. Inclusive ela – professora de Ciências, bióloga formada pela UFSC – não foi chamada para dar sua visão profissional sobre o tema.

6  Por meio do Decreto 521/2020. 7 Plataforma digital que serve como uma espécie de “agenda eletrônica”. Para saber mais: https://www.clipescola.com/. Acesso em 27/03/2021.

8    Live em português significa, no contexto digital, "ao vivo". Na linguagem da Internet, a expressão passou a caracterizar as transmissões ao vivo feitas por meio das redes sociais.

9    Pois os contratos davam conta do ensino presencial e não do ensino remoto, então algumas famílias se aproveitaram da situação para simplesmente não pagar as mensalidades. Outras famílias ainda exigiam devolução  do dinheiro investido nos livros didáticos, pois acreditavam que com as aulas remotas as crianças e adolescentes não fariam uso desse material.

10  Localizada a 35 km do Centro, a Praia dos Ingleses é de todas as praias de Florianópolis a que possui a maior população residente.

11  O roteiro era o seguinte: gravar, editar, hospedar o vídeo no YouTube e compartilhar o link do vídeo com a turma através da plataforma Plurall, um ambiente virtual de aprendizagem que pode ser acessado por estudantes e professores em qualquer hora e em qualquer lugar, já adquirido pela escola antes da pandemia.

12  Em junho fui convidada pelo professor Rogério Rosa Rodrigues, da FAED / UDESC, a participar de um projeto intitulado “Relatos da Quarentena”, produzido pelo Laboratório de Imagem e Som - LIS. O projeto é uma série de entrevistas realizadas com 10 professores de história de diferentes locais do estado de Santa Catarina, relatando todas as suas experiências durante este período de isolamento social, comentando sobre suas rotinas de trabalho, seus medos e esperanças, e suas perspectivas para o futuro pós-pandemia. Para saber mais: https://www.facebook.com/lisudesc/videos/?ref=page_internal. Acesso em 29/04/2021.

13  ApowerREC, um gravador de tela para computador. Assim, eu criava aulas em PowerPoint e gravava a tela do computador enquanto ia explicando o conteúdo. Para saber mais sobre o programa: https://www.apowersoft.com.br/record-all-screen Acesso em 28/04/2021.

14  Em português “anel de luz”, é um acessório para melhorar a iluminação em vídeos e fotos e obter um resultado melhor na hora de editar.

15  Avaliação sem pretensão de atribuir nota, apenas para verificar as habilidades desenvolvidas no formato remoto com aulas gravadas. Foi feita através do Google Formulários.

16  Por meio do aplicativo ClipEscola.

17  Uso os termos entre aspas pois era dessa forma que nos referíamos nas reuniões com Coordenadora e Diretora Pedagógica, pois até mesmo elas tinham muita dificuldade em estabelecer contato com algumas famílias. 18 As aulas ao vivo eram gravadas e os links eram salvos e hospedados na plataforma Plurall. Assim, nos períodos de avaliações e/ou qualquer problema técnico que pudesse acontecer, a turma teria oportunidade em acessá-la.

19  Para conhecer: https://muraluniverso.wixsite.com/mural. Acesso em 30/04/2021.

20  Pois a reabertura das escolas foi considerada como serviço essencial em Florianópolis.

21  Em Florianópolis a campanha de vacinação começou priorizando outros grupos, e os professores até o momento de conclusão deste texto, ainda não haviam sido vacinados.

22  Em junho, Abraham Weintraub, segundo ministro da educação no governo de Jair Bolsonaro, anunciou sua saída após inúmeras polêmicas. Para relembrar: https://g1.globo.com/politica/noticia/2020/06/18/ministro-daeducacao-abraham-weintraub-anuncia-saida-do-cargo-em-video-com-bolsonaro.ghtml. Acesso em 30/04/2021.

23  A Nova Escola é um negócio social de Educação que desenvolve produtos, serviços e conteúdos que valorizam os professores, facilitam seu dia-a-dia e apoiam sua carreira. Tem como principal mantenedor a Fundação Lemann e realizam parcerias com diversas organizações como Google.org, Facebook, Fundação Itaú Social, Imaginable Futures, Governo Britânico, secretarias de educação e outras organizações. Para saber mais: https://novaescola.org.br/. Acesso em 01/05/2021.

24  Para ter acesso aos resultados completos da pesquisa: https://novaescola.org.br/conteudo/19386/qual-e-asituacao-dos-professores-brasileiros-durante-a-pandemia. Acesso em 01/05/2021.

25  Para saber mais: https://g1.globo.com/sc/santa-catarina/noticia/2020/12/08/governo-de-sc-sanciona-lei-queconsidera-aula-presencial-atividade-essencial-na-pandemia.ghtml. Acesso em 01/05/2021.

26  Promove uma mistura entre o ensino presencial e propostas de ensino online.

27  Ou PlanCon, é um plano desenvolvido a pedido do governo para estabelecer as medidas sanitárias dentro do espaço escolar no momento de retorno das aulas.

28  O nome PCR-RT vem do inglês e seu objetivo principal é colher uma amostra das secreções respiratórias do paciente e posteriormente tentar identificar a presença do vírus.

29  Neste contexto, que negam a pandemia.

30  A rotina ao chegar na sala de aula era igual todos os dias: acessar a plataforma com login e senha, acessar o link já criado e disponibilizado com antecedência para a turma, aguardar todos conectarem, testar câmera e microfone, colocar a aula para gravar e iniciar a aula. Ao final, encerrar a chamada de vídeo e parar de gravar, desconectar da plataforma, higienizar o material e seguir para a outra turma.

 

Creative Commons License  Este trabalho está licenciado sob a licença Creative Commons Attribution 4.0 International License (CC BY 4.0)

 



[1] Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em História do Tempo Presente, Universidade do Estado de Santa

Catarina                (FAED/UDESC). Brasil.     Atualmente           pesquisa                sobre      o “Escola               Sem        Partido”.                 E-mail: vitorassi.silvia@gmail.com.