
Fronteiras: Revista Catarinense de História. Dossiê Fronteiras, migrações e identidades nos mundos pré-modernos. N 35, 2020/01 –
ISSN 2238-9717
186
DOI: https://doi.org/10.36661/2238-9717.2020n35.11395
balanço biográfico”, o autor já havia analisado as biografias do pensador alemão, e o texto
serviu de base para a introdução do livro. Também cabe ressaltar, que Segrillo não sustenta
sua pesquisa apenas em fontes primárias inéditas, com intuito de trazer novas revelações
sobre a vida de Marx.
No primeiro capítulo, “Infância e Adolescência (Tréveris, 1818-set.1835), aparece as
origens de Marx. O nascimento no seio de uma família de novos cristãos, pois o pai do
Mouro, com vistas a driblar as dificuldades impostas aos judeus na Prússia, decide se
converter ao luteranismo em 1817 para exercer a advocacia. Assim Heschel Marx Levi
Mordechai, um descendente de rabinos, germaniza seu nome e vira Heinrich Marx. Além
disso, a família de Marx é caracterizada como aberta intelectualmente, especialmente
Heinrich, que é leitor dos iluministas franceses, de Shakespeare e de Goethe.
Ainda, nesse curto capítulo de 3 páginas, Segrillo menciona a influência que duas outras
pessoas tiveram sobre Marx na fase inicial de sua vida: o diretor do Ginásio de Tréveris, em
que ele estudou e, o seu futuro sogro, Ludwig Von Westphalen. E, apresenta um trecho
grande da famosa redação escolar, em que Marx problematiza a escolha da profissão, que
alguns biógrafos mais entusiasmados apontam como germe do futuro materialismo histórico.
Posição descartada por Segrillo que encontra um Marx jovem inteligente, mas ainda
romântico e enquadrado nos valores iluministas herdados do pai e do futuro sogro.
O segundo capítulo trata de uma fase importante da vida Marx, o ingresso no mundo
universitário alemão, a escolha da carreira profissional, o investimento que o pai fez para Karl
Marx (o filho homem mais velho) estudar, o contato com a filosofia de Hegel e a adesão à
juventude hegeliana de esquerda. Com título “Anos em Universidades (Bonn/Berlim/Jena,
1835-1841)”, além de tratar da vida acadêmica de Marx, o capítulo também informa sobre o
noivado secreto com Jenny Von Westphalen em 1836. Aborda a transferência da
Universidade da pequena Bonn, cidade com aproximadamente 40 mil habitantes, para a
academia da cosmopolita Berlim, capital da Prússia com 300 mil habitantes, que além de tudo
tinha outro patamar intelectual. Nas palavras do autor:
O clima intelectual mais aprofundado, propiciado por esse maior tamanho e
diversidade, seria importante para que Marx fosse lentamente saindo das tendências
românticas, artísticas e literárias, que marcaram seu período de Bonn, para o
aprofundamento no caminho mais filosófico (e posteriormente sociológico) que
marcaria sua grande obra. Infelizmente para o pai de Marx, no meio do caminho, os
estudos de direito e a carreira de advogado tomariam ares cada vez mais formais.
Marx seguiria até o final em 1842 na faculdade jurídica de Berlim sim, mas escreveria
a tese que lhe daria o título de doutor em um assunto eminentemente filosófico.
(SEGRILLO, 2019, p.35)