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Violência política em tempo de guerra: a Exposição de Material Nazista
Political violence in the time of war
Marlene de Fáveri
1
Resumo: Este artigo trata da Exposição de
Material Nazista organizada pelo Departamento
de Ordem Política e Social de Santa Catarina
nos anos de 1942 e 1943, quando o Brasil
declarava guerra aos países do Eixo, durante a
Segunda Guerra Mundial. Mostra a violência
com que a Polícia Política tratava as populações
originárias da Itália e da Alemanha, países então
considerados “inimigos da pátria brasileira”
durante a vigência do estado de guerra. Fala das
apreensões de objetos que remetiam à cultura
daqueles países e de materiais que
evidenciavam a presença de partidários do
nazismo e do fascismo no estado de Santa
Catarina. Trata também da montagem de uma
exposição cujo objetivo era enaltecer o trabalho
da Polícia Política e propagar a repulsa do outro
e o medo na população.
Palavras-chave: Violência política; Segunda
Guerra Mundial; Exposição de Material
Nazista.
Abstract: This article explores the Exhibition
of Nazi Material organized by the Department
of Political and Social Order of Santa Catarina
during the years 1942 and 1943, when Brazil
declared war against Axis countries during
World War II. It shows how violent the political
police was to populations originally from Italy
and Germany, then considered "Brazilian
homeland's enemy" during the period of the
state of war. It brings apprehensions of objects
which referred to the culture of those countries
and materials evidencing the presence of
Nazism and Fascism's supporters in the State of
Santa Catarina; also approaches how was the set
up of an exhibition for praising the work of the
political police and spreading the repulse of
other individuals and fear into the
communities.
Keywords: Violent policies; Second World
War; Exhibition of Nazi Material.
Era o ano de 1942, dia 25 de julho, um sábado. Em uma das salas da Delegacia de Ordem
Política e Social, em Florianópolis, autoridades e outras pessoas convidadas chegavam para
visitar a Exposição de Material Nazista, organizada pela Polícia Política. O jornal Diário da
Tarde, de Florianópolis, no dia 28 de agosto de 1942, destacava, em primeira página:
“Inaugurada a Exposição de Material de Propaganda Nazista”, citando-a como:
[...] um repositório impressionante das atividades deletérias dos inimigos da Pátria, na
sua faixa criminosa de solapar os sentimentos de brasilidade que animam nosso povo,
representando, por outro lado, uma clarinada estridente alertando todos os patriotas a
manterem-se vigilantes contra as traições dos quinta-colunistas.
o jornal A Gazeta, também de Florianópolis, e na mesma data, dava detalhes dos
objetos expostos, como “bandeiras, mapas, dísticos, publicações, armas variadas”, com ênfase
na apreensão destes objetos, que:
1
Doutora em História, Professora do Departamento e Programa de pós-graduação em História da Universidade do
Estado de Santa Catarina UDESC. Projeto: Violência Política e Gênero: Revisitando a Era Vargas. PAP
Programa de Apoio à Pesquisa, 08/2017 07/2019. Universidade do Estado de Santa Catarina UDESC.
mfaveri@terra.com.br
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[...] demonstram claramente o perigo das manobras que, desde longa data, vem sendo
desenvolvidas por determinação do Reich, ao mesmo tempo que oferecem um
testemunho frisante da atuação das autoridades catarinenses na sua patriótica campanha
de destruir a infiltração nazi-racista (A Gazeta, 28 ago. 1942).
Outros órgãos da imprensa seguiam com narrativas efusivas sobre o “grande feito” da
polícia política catarinense, denunciando alemães, italianos e descendentes que residiam no
Brasil como “inimigos da pátria”, criminosos e traidores, formando representações
homogeneizantes sobre estas populações.
De que materiais falavam estes jornais? A exposição fora montada com objetos
recolhidos nos anos anteriores, numa bem planejada campanha de nacionalização, forçada pelo
Departamento de Ordem Política e Social (Dops) no estado de Santa Catarina. Esses objetos
foram trazidos de regiões do interior e também recolhidos em áreas urbanas, em clubes de tiro,
em escolas e residências, por fazerem alusões ao nazismo, ao fascismo, ao integralismo, à
Alemanha, à Itália, a Hitler, à língua e a outros itens que remetessem à cultura da pátria de
origem. Organizado e exposto ao público, esse material tinha o objetivo de mostrar à população
o trabalho da força policial na repressão aos simpatizantes do nazismo; reforçar a eficácia da
repressão, bem como provocar o medo de uma possível invasão da Alemanha, produzindo,
assim, imaginários de guerra iminente.
Durante o século XIX, principalmente após a segunda metade, o Brasil recebeu uma
quantidade considerável de imigrantes alemães e italianos que se instalaram em São Paulo,
Santa Catarina, Rio Grande do Sul, entre outros estados: “Por volta de 1880, cerca de 455 mil
desses europeus haviam se instalado no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, representando
uma parcela significativa dos 3,7 milhões de brancos registrados em 1872” (KLEIN, 1999, p.
22), o que representava em torno de 6% da população brasileira. Em Santa Catarina, uma
pequena parcela desses imigrantes ficou no litoral; a maioria instalou-se em colônias, no
interior, preservando costumes e tradições. O sentimento de germanidade, por exemplo,
expressava-se na manutenção da língua, no sentido de pertencimento a uma etnia e pátria, das
manifestações culturais, como os clubes de tiro e as associações religiosas.
Na cada de 1930, com a ascensão do nazismo e as pretensões expansionistas de
Hitler, o perigo de uma invasão alemã na América do Sul passou a ser considerado possível.
Rene Gertz afirma que o temor do “perigo alemão” era justificado e efetivamente existia;
porém, com o grau de abrasileiramento dos jovens, tanto nas cidades, quanto também nas
colônias, o germanismo Deutschtum estava decaindo nos anos 1920. Conforme o historiador
René Gertz, “o principal local de cultivo do germanismo estava nas elites urbanas e seus aliados
intelectuais” (GERTZ, 1987, p. 17). No Brasil, vigorava o Estado Novo, e o governante Getúlio
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Vargas exercia poderes supremos, com postura nacionalista e autoritária. Em Santa Catarina,
o interventor Nereu Ramos alinhava-se com as políticas de nacionalização impostas no país.
No contexto da campanha de nacionalização forçada em Santa Catarina, com mais
ênfase a partir de 1938, decretos-lei aplicavam reformas e fiscalização em torno do ensino. Em
1939, foram mais incisivos nas exigências, inclusive cerceando os direitos civis dos pais que
não matriculassem os filhos em escolas brasileiras, provocando resistências e estratégias, como
o funcionamento de escolas clandestinas em casas particulares (COELHO, 1993, p. 185).
Conforme argumenta Neide Fiori, havia uma guerra de denúncias e vigilância num momento
em que o “não uso do idioma português era considerado um ato de traição à pátria brasileira,
ao mesmo tempo em que falar o idioma estrangeiro qualificava o falante se a língua era o
italiano, tratava-se de um fascista; se era o alemão, estava-se diante de um nazista” (FIORI,
2001, p. 54-55). Decretos governamentais impunham proibições, como a do uso de nomes
estrangeiros em ruas, escolas, clubes, núcleos populacionais ou cidades e sugeriam mudança de
nomes estrangeiros por nomes brasileiros.
Nos anos finais da década de 1930 e início da década seguinte, foram feitas, pela Polícia
Política, expropriações, desapropriações, apreensões de todo material que fizesse qualquer
alusão a países ligados ao Eixo Itália-Alemanha-Japão. Nesse contexto de nacionalização do
ensino e de obrigatoriedade da ngua portuguesa, ocorriam, concomitantemente, ações
repressivas, que se marcavam pelo rompimento das relações diplomáticas com a Alemanha, o
que ocorreu em janeiro de 1942. A perseguição e a repressão a imigrantes italianos e alemães
se fortalecia à medida que se aproximava a declaração de guerra do Brasil ao Eixo, o que se
deu no mesmo ano, precisamente em 22 de agosto de 1942.
Em meio às apreensões de objetos e materiais, o governo Vargas rearticulou o Tribunal
de Segurança Nacional. Foi instituído através da lei n. 244, em 11 de setembro de 1936, como
um Tribunal de exceção e como instrumento de defesa do Estado, a pretexto de punir os
“rebeldes” da Intentona Comunista (novembro de 1935), durando até 1945. Com o golpe do
Estado Novo e o Decreto-lei n. 431, de 18 de maio de 1938, o presidente da República e o
ministro da Guerra estabeleceram artigos com providências penais, definindo novas figuras
criminais. O Tribunal de Segurança Nacional julgava os crimes contra a integridade do Estado,
contra as instituições e os crimes contra a economia popular (ALVES, 1993)
1
. Ana Maria
Dietrich, na obra Caça às suásticas: o Partido Nazista em São Paulo sob a mira da Polícia
Política (2007), mostra como a da época de Vargas criou mecanismos repressivos, produzindo
uma série de documentos com critérios próprios sobre o Partido Nazista.
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No Brasil, a Seção Brasileira desse partido ligava-se à Alemanha por meio da
Organização do Partido Nazista para o Exterior, um órgão do Ministério das Relações
Exteriores do III Reich. Em 1937, essa organização mantinha círculos em 17 estados da
Federação, com a aspiração principal de “levar a doutrina nacional-socialista aos alemães
residentes fora da pátria-mãe e, onde fosse possível, encabeçar organizações de caráter
germânico no Brasil, como clubes e consulados” (ATHAIDES, 2018).
Em Santa Catarina, um quadro demonstrativo com nomes e atividades de alemães
ligados ao Partido Nazista, no campo de concentração da Trindade, Florianópolis, constam 69
nomes de internos (PERAZZO, 1999, p. 239-244). Nos fichários do Tribunal de Segurança
Nacional, constam 6.036 fichas de pessoas incriminadas em Santa Catarina entre 1937 e 1945
(FAVERI, 2004, p. 509), acusadas de professar o nazismo, o integralismo, ou de se manifestar
a favor dos países do Eixo, de praticar atos contra a economia popular em tempo de guerra
(DALCASTAGNE, 2016) ou, mesmo que inadvertidamente, de falar na língua de origem em
público. Tais pessoas eram incriminadas por denúncias de vizinhos, policiais, agentes da Polícia
Política.
No contexto da guerra, estratégias de repressão do Estado eram criadas através de leis e
decretos, legitimando a perseguição a todo e qualquer estrangeiro, brasileiro naturalizado ou
nascido no país que não concordasse com a política ideológica de um Estado que geria a
população nos mínimos detalhes, na tentativa de homogeneizar condutas e sentidos. Homens e
mulheres foram violentados em seus direitos mais elementares: o direito de ir e vir, o de falar
e se expressar; o de se comunicar com os familiares através de correspondências; o de guardar
fotografias e objetos da memória familiar; o de enterrar seus mortos e praticar suas crenças
religiosas e/ou políticas na língua de origem; o de fazer mudança ou viajar sem autorização,
dentre outros, como festejar aniversários ou rezar em língua materna (FAVERI, 2004). Getúlio
Vargas aproximara-se dos aliados norte-americanos na bem arquitetada política da “boa
vizinhança”, levando a uma acirrada “caça” aos imigrantes e seus descendentes que residiam
no país.
As apreensões eram feitas regularmente pelas forças policiais, e os objetos eram trazidos
para a sede da Delegacia de Ordem Política e Social, em Florianópolis. A Exposição de Material
Nazista foi montada com o material recolhido das casas das pessoas, de clubes, de igrejas, de
escolas, e de sedes do Partido Nazista em Santa Catarina. Para a ocasião da inauguração da
exposição, em Florianópolis, foi confeccionado um convite, enviado a autoridades e a
instituições para a abertura, conforme imagem a seguir (Fig. 1).
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Figura 1: Colagem no Álbum Comemorativo da Exposição.
Fonte: Acervo: Marlene de Fáveri.
No conjunto, este convite é muito significativo. Trata-se de um artefato memorialístico
produzido a partir de uma imagem do evento ao qual se destinava o convite. Objetos como
armas, dísticos, livros didáticos, organograma do Departamento Estadual de Ordem Política e
Social (DEOPS) estão cuidadosamente expostos, com destaque para a suástica. No verso, -se
a frase: Procurando solapar os alicerces da nossa terra imortal, cuja história é um feixe de
glórias imorredoiras, os déspotas e os tiranos nazis foram esmagados pelo acendrado
patriotismo do nosso povo, amante da liberdade”. Não consta autoria; o texto, provavelmente,
terá sido redigido para esta finalidade, como podemos ler:
Em nome da Interventoria e da Segurança Pública do Estado de Santa Catarina, tenho a
honra de convidar V.S. para a visita á (sic) exposição de material nazista apreendido em
nosso Estado, a qual funcionará diariamente das...ás (sic) e das... ás (sic)...horas, na séde
da... á (sic)... sendo encerrada a...
Grato antecipadamente pela honra da visita, cumprimenta atenciosamente,
João Kuhene, Com. de Pol.,
Chefe do S.O.P.S. da Ord. Pol.
e Social de Santa Catarina. (Grafia mantida)
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Era, como expressa o convite, um acontecimento para mostrar o trabalho de repressão
da polícia no estado catarinense. Depreende-se que a intenção era reutilizá-lo em mais ocasiões,
com espaços em branco para serem preenchidos.
A Exposição de Material Nazista foi inaugurada em Florianópolis dia 25 de julho de
1942, permanecendo aberta para visitação por duas semanas, até dia 8 de agosto. É relevante
destacar que, em janeiro de 1942, o Brasil rompeu relações diplomáticas com os países do Eixo.
Nos meses que antecederam a declaração de guerra a estes países, em 22 de agosto de 1942, a
população ouvia diariamente notícias da guerra através de programas de rádio, lia nos jornais
notícias de ataques a navios mercantes brasileiros, era informada da infiltração nazista no Brasil
e na América do Sul. Essas notícias formavam imaginários de pavor, de uma invasão alemã, de
traições à pátria brasileira, de apreensões, de fechamento de escolas e clubes alemães, de
prisões, e muito medo do que poderia acontecer no cotidiano.
Entre janeiro de 1942 e maio de 1945, todas as ações do governo e da Polícia Política
estavam centradas nos esforços de guerra para conter o avanço do nazismo e do fascismo,
representados na imagem do estrangeiro ou de pessoas de descendência dos países ligados ao
Eixo. A exposição, portanto, acontecia no calor destes acontecimentos, e a ideia de conspiração
passava a ter lugar assegurado e legitimado nas representações que se faziam dos “inimigos da
pátria”. Por exemplo, no dia 19 de agosto de 1942, após notícia do torpedeamento de navios
brasileiros, a imprensa fez com que se ouvisse pelas estações de rádio, ou lesse o comunicado
do Interventor Federal em Santa Catarina, Nereu Ramos:
O governo brasileiro, tendo à frente a impoluta pessoa do presidente Getúlio Vargas,
vai castigar, como o merecem, os desumanos torpedeadores de navios mercantes
indefesos e os sabotadores da ordem nacional, que não se conformam com o gesto de
coragem que nos libertou definitivamente da nefasta influência de seu imperialismo.
2
Era um discurso enfático do governante aos patriotas brasileiros, chamando-os à
disciplina, à união e à fé, numa unidade nacional contra os “sabotadores da ordem nacional”;
três dias depois, o Brasil declarava guerra ao Eixo.
No final do mês de julho e início de agosto, o clima estava tenso e as provocações de
um e de outro lado impulsionavam o clima de guerra interna. O imaginário do “perigo alemão”
havia sido produzido nas articulações dos governantes com a Polícia Política, com apoio da
imprensa, que publicava normatizações, editais, leis, decretos e as ações policiais. Portanto, as
condições de produção do medo de uma invasão e da desconfiança entre vizinhos estremeceu
relações e propiciou delações, apropriadas pela política institucional do momento. Na exposição
estavam os símbolos desse medo que, dependendo do lugar social e das relações, o narravam
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de diferentes formas. Os rumores e boatos que iam de boca em boca eram captados pela
imprensa e se transformavam em verdades. As denúncias de que os alemães e italianos eram a
“quinta-coluna” ou traidores da pátria reverberava em todas as relações envolvidas.
A imprensa noticiou a exposição, publicou imagens e discursos sobre o evento que
repercutiram em todo o país. Além das autoridades e pessoas que a visitavam, havia grupos,
como, por exemplo, escolares, ao que se pode depreender de uma função didática na formação
de significados e apreensões do olhar. No dia 28 de julho de 1942, o professor Sálvio Oliveira,
diretor do Grupo Escolar “Lauro Muller”, acompanhou os alunos e professores numa visita à
Exposição de Material Nazista. Como tarefa, foi solicitada uma redação sobre as impressões da
visita. Uma delas foi publicada no jornal A Criança Brasileira, um jornal dirigido aos alunos e
à comunidade, produzido pelo próprio grupo escolar. No jornal, o aluno do primeiro ano, José
Hamilton Duarte Silva, assim expressou seus sentidos e impressões:
No dia 28 de julho, à tarde, o nosso diretor, sr. Sálvio Oliveira, levou-nos à Secretária
da Ordem Política e Social para vermos a exposição de utensílios de propaganda nazista.
Existiam ai: bandeiras de seda, de um lado alemã e de outro lado brasileira; o busto do
Hitler feito a canivete; um depósito para selos, em forma de tanque de guerra, tendo em
cima a bandeira alemã; alguns quadros feitos com azas de borboleta. Havia, ainda,
retratos de Hitler; condecorações com o distintivo alemão; livros, jornais, dicionários,
revistas e álbuns; livros escolares ensinando o alemão; aparelhos radiotransmissor e
máquinas de cinema. Encontravam-se também muitas armas alemãs; um canhão de
fogo, espingardas, revólveres, pistolas. Visitamos também o presídio onde se
encontravam muitos alemães presos.
3
Numa leitura atenta, nota-se que o aluno estava bem informado sobre “os utensílios de
propaganda nazista”, e os enumerava, numa narrativa que nos pistas para as representações
que as crianças fizeram. É provável que sentissem medo, e que também tenham contado a seus
pais e familiares o evento da visita, formulando imagens de inimigos. No final da redação, o
aluno narra terem visitado “também o presídio onde se encontravam muitos alemães presos”,
referindo-se ao campo de concentração para presos políticos na Trindade.
O presídio do qual fala o aluno era a Penitenciária Agrícola da Trindade, Florianópolis,
criada em 1941, que, dentre outros, recebia presos políticos de guerra,
4
e a partir de agosto de
1942 foi transformada em campo de concentração para prisioneiros considerados perigosos à
segurança nacional. Em Santa Catarina, além deste, foi criado, na mesma época, o presídio
político Oscar Schneider, em Joinville, com a mesma finalidade. Muitos detidos nas comarcas
do interior do estado eram enviados para Florianópolis e internados na Penitenciária Agrícola
como suspeitos de crimes contra a segurança nacional. O Ministério da Justiça considerava que
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o internamento de “súditos de potência inimiga” era admitido pelo direito internacional, sem
formalidades, mesmo que não houvesse indícios de “atividade criminosa” (PERAZZO, 1999,
p. 200). Outra forma de isolar pessoas consideradas perigosas foi encaminhá-las ao interior do
estado, pelo menos a cem quilômetros da costa do mar, com o objetivo de impedir que se
comunicassem ou mantivesses relações com seus compatriotas. Foram montados vários campos
de “afastamento”, sendo os mais conhecidos o de Bom Retiro e o de Timbé do Sul (FAVERI,
2004).
É possível conjeturar sobre os sentidos que cada aluno, e visitante, levou para a vida
como experiência, ou aquilo que os tocou nessas visitas. A experiência é o resultado do que
“nos toca”, como diz o educador Jorge Larrosa Buendía (2002), e as crianças, por certo, foram
tocadas em suas subjetividades e a levaram na memória, cada qual com seus sentidos. A
montagem da exposição foi pensada e elaborada de forma que os materiais ficassem dispostos
e visíveis à apreensão do olhar; formariam opiniões e seriam divulgados na imprensa local,
regional e nacional. As imagens devem ser lidas como reveladoras da ideologia, ou uma
exposição montada de modo a permitir interferências nos sentidos das pessoas. Emiliana Silva
contou que, quando jovem, visitou a exposição “por curiosidade”. Levei um susto! Eu nunca
tinha visto tanta arma junta!!! Um perigo, um perigo essa gente!”
5
A ênfase no termo ‘perigo’
tem relação com as estratégias de controle e amedrontamento da população. Por se tratar de
Florianópolis, cidade litorânea, havia algum tempo que as autoridades faziam acontecer
simulações de ataques aéreos, obrigando, com o mesmo intuito, que as casas se mantivessem
no escuro à noite.
A Exposição de Material Nazista em Florianópolis obteve ampla divulgação e cobertura
através da imprensa local, estadual e nacional. O jornal A Noite, do Rio de Janeiro, no dia 14
de agosto de 1942, intitulou, em primeira página, “Material de Propaganda Nazista”, a que
denominou de “A sensacional exposição organizada pelas autoridades policiais de Santa
Catarina”, exibindo três imagens fotográficas com “bustos e livros de propaganda nazista,
armas apreendidas e publicações infantis de propaganda hitlerista”. O enunciado cita que
“Milhares de pessoas, não deste Estado, como centenas de outras em trânsito, visitam
diariamente a impressionante exposição de material nazista, franqueada ao público” na capital
de Santa Catarina. Dizia tratar-se do “mais completo repositório do Ministério das Relações
Exteriores do Reich, no sentido de criar no Brasil quistos raciais, tendentes a solapar os alicerces
de nossa integridade”. Segundo a matéria, “A exposição, consta de um exemplar apenas de cada
documento, símbolo, bandeira, dística, etc., apreendidos pela Polícia Política desde 1937, sendo
que cerca de 18 caminhões desse material, em duplicata, foi destruído por ordem superior”.
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Enfatizava, na mesma matéria do jornal A Noite as ações do Partido Nazista no estado,
e no Brasil, tratando a exposição como um “manancial precioso para alertar os brasileiros sobre
o perigo das atividades dos inimigos da Pátria”, enunciando o “trabalho afanoso e prudente mas
enérgico que tem sido desenvolvido pelas autoridades catarinenses no sentido de destruir os
perigoso focos que vinham procurando subverter a ordem e apunhalar traiçoeiramente o coração
do Brasil”.
Do evento, fizeram-se notícias que tiveram longo alcance e, com certeza, foi comentado
em rodas de conversas de pessoas comuns, entre os poderes da esfera pública e política e em
todas as conversas que envolviam as três armas Exército, Marinha e Aeronáutica. “A imprensa
periódica seleciona, ordena, estrutura e narra, de uma determinada forma, aquilo que elegeu
como digno de chegar até o público” (LUCA, 2008, p. 139). É correto afirmar que o que foi
noticiado passou por seleção conforme o crivo da censura, de forma que as palavras, os
discursos, as imagens, o tom laudatório às autoridades policiais e governamentais evidenciam
uma ideologia, a do Estado Novo.
A Exposição em São Paulo e no Rio de Janeiro
A imprensa, em geral, havia acompanhado o feito do Dops e noticiado a Exposição de
Material Nazista em Santa Catarina. Publicava regularmente notícias sobre a guerra na Europa,
mas a guerra interna estava em todas as edições, e nos esforços de eliminar tudo o que se
considerasse “quistos étnicos” como empreitada da interventoria, na figura de Nereu Ramos.
Numa dessas notícias, o jornal A Manhã, do Rio Janeiro, na data de 30 de maio de 1943, com
os preparativos para a transferência da exposição para São Paulo, em extensa reportagem, assim
narrou:
A Delegacia de Ordem Política e Social organizou o material apreendido de acordo com
sua natureza, facilitando ao visitante compreender os métodos de que os alemães lançam
mão para a difusão de seus princípios ideológicos, acumulam-se, neste museu, muitas
fotografias de manifestações nazistas...[...] Não faltam braçadeiras às dúzias com a cruz
suástica que hoje significa sangue e terror brinquedos de crianças representando
canhões e tanques, discos, material de cinema, etc. Chama a atenção a espantosa
quantidade de livros, opúsculos, revistas, impressos todos exclusivamente em língua
alemã, que foram (sic) arrecadados em quase todos os municípios do estado; a literatura
infantil é fortíssima. Hitler é, porém, o material que mais gasolina consumiu para ser
transportado do interior para a Capital: Hitler de todos os tamanhos, de todos os
modos (sic) - quadros a óleo, bustos, medalhões, desenhos, postais distintivos,
fotografias (Hitler aborrecido, alegre, marcial, talvez amoroso, elegante, sentado,
deitado, em pé...). [...] 1.654 armas diversas apreendidas de colonos alemães e há,
até, um canhão, de fabricação norueguesa, calibre 37, marca Vaabenfabric, apreendido
do alemão Richard Herman Henning, na Armação da Lagoa do Peri, distrito de Ribeirão,
Florianópolis...”.
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É evidente que estas notícias incitavam o imaginário de quem lia ou ouvia as notícias;
formavam-se opiniões e se provocavam sentidos de curiosidade nos leitores. Por conta da
conhecida campanha de nacionalização junto à população devido à repercussão na imprensa, o
assunto dos materiais recolhidos e expostos foi exaustivamente explorado pelos meios de
comunicação, do que se depreende o interesse das autoridades em levar a exposição para outros
estados. A convite da “Liga de Defesa Nacional” e da “Sociedade Amigos da América”
6
, sob a
orientação de João Kuehne, comissário de polícia do estado de Santa Catarina, a exposição foi
inaugurada em São Paulo na data de 6 de agosto de 1943, numa das salas da Bandeira
Paulistana de Alfabetização”, no 21
o
andar do Edifício Martinelli.
A imprensa deu ampla cobertura, sendo matéria de capa em todos os jornais da capital
paulista, e também de outros estados. O jornal Correio Paulistano, no dia 6 de agosto, destacava
“As criminosas atividades nazistas no sul do país”, anunciando-a como “exposição de material
subversivo apreendido pela polícia brasileira”. Explicava que seu intuito era mostrar o “copioso
material subversivo apreendido dos nazistas do sul, na qual se revelava, com eloquência, a obra
nefasta que o nazismo, em criminoso conluio com o integralismo, vinha realizando naquele
estado, a fim de minar a segurança nacional”.
Na imagem fotográfica publicada no jornal paulista (Fig. 2), os materiais são os mesmos
que haviam sido expostos em Santa Catarina, como várias suásticas, quadros de Hitler,
fotografias, livros didáticos, bandeiras, etc. Nota-se, na imagem, a bandeira do Brasil ao lado
dos símbolos nazistas, mas com adulteração da original, descrito como afronta à bandeira
nacional, provavelmente gerando sentimentos de indignação junto aos patriotas que viam o
símbolo máximo do país, construído desde a tenra idade, sendo adulterado e profanado.
Figura 2 As criminosas atividades nazistas no sul do país.
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Fonte: Jornal Correio Paulistano, 6.8.1943.
O imaginário de pertencimento à nação brasileira e o respeito à bandeira eram conteúdo
obrigatório na escolarização durante o Estado Novo; formava para o patriotismo e o sentido de
nação. Lemos no jornal Diário de São Paulo, de 7 de agosto de 1943, a crônica de um professor
que expunha suas impressões após a visita à exposição:
A campanha contra os métodos inescrupulosos dos ‘eixistas’, no seu trabalho de
penetração no meio social brasileiro através da educação perniciosa da infância e da
juventude, foi iniciada logo após o 10 de novembro de 1937. Livre dos entraves das
camarilhas políticas, pôde o governo determinar prontas medidas para o ataque
sistemático às escolas alemãs e japonesas que infestavam no interior.
O professor avaliava a campanha de nacionalização como “prontas medidas” do Estado
Novo, instaurado no Brasil por Getúlio Vargas em 10 de novembro de 1937, como aquele que
livrou o Brasil de uma educação “perniciosa da infância e da juventude” e “dos entraves da
camarilha política”, à medida em que comandava o ataque sistemático às escolas alemãs e
japonesas que infestavam o interior”.
Observa-se, neste curto texto, a reprodução do ideário estadonovista de educação da
infância e juventude para a brasilidade, bem como a política de fechamento das escolas alemãs
colocada em prática nesse regime político.
A imprensa deu enorme destaque, como fez a Folha da Noite, de São Paulo, dia 6 de
agosto de 1943, sob o título “A GESTAPO ORIENTAVA OS ALEMÃES DO BRASIL”,
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detalhando os objetos expostos, com alusão ao material infantil apreendido, referindo-se às
centenas de livros que formavam “a literatura nazista distribuída entre os colegiais”. Fazia
menção a Hans Valter Taggessel, em cuja residência haviam sido encontradas cartas, e
reproduzia o que se dizia numa delas: “Não me casarei com brasileira porque não quero que
meus filhos nasçam sifilíticos”, insultando os brasileiros como um “verdadeiro teatro de
macacos”. A imprensa reproduzia a mesma frase e a traduzia como “um insulto à dignidade da
mulher brasileira”. Hans, engenheiro alemão residente em Lages, Santa Catarina, foi
denunciado e processado o pelo TSN em agosto de 1942
7
. No processo constam dos autos
aproximadamente 100 páginas de cartas em alemão, traduzidas para o português, enviadas por
Hans ao pai na Alemanha e a outras pessoas de suas relações, nas quais se leem preconceitos e
racismo em relação aos brasileiros, além de muitas fotografias de Hitler encontradas em sua
residência.
A Exposição de Material Nazista permaneceu em São Paulo até dia 19 de agosto de
1943, sendo vista, segundo a imprensa, por “milhares de pessoas”, por autoridades, membros
da polícia, do Dops, por comissões dos Estados Unidos, estudantes e curiosos. Enfáticos
discursos eram ali proferidos, como o de João Kuhene, publicado no jornal A Noite, em 11 de
agosto de 1943:
A campanha que culminou com o desbaratamento da infiltração nazista em nosso
Estado, foi iniciada logo após o advento do Estado Nacional, 10 de Novembro de 1937,
pelo então secretário de Segurança, sr. Ivens de Araújo, seguida por seu sucessor,
Francisco Gotardi, e depois pelo atual secretário, sr. Antônio Carlos de Mourão Raton,
auxiliado pelo delegado de Ordem política e Social, capitão Lara Ribas. A sede do
movimento nazista, que pretendia implantar em nossa terra os conhecidos métodos de
brutalidade que vitimaram o povo alemão, estava localizada em Blumenau, com
ramificações em todos o Estado de Sta Catarina, onde havia elementos alemães, filhos
de alemães. Utilizavam-se, para atingir os seus fins, de organizações culturais e
escolares, clubes esportivos, recreativos, etc., onde energicamente, as autoridades
policiais foram obrigadas a intervir para fazer cessar sua ação perniciosa. À frente de
algumas foram colocados oficiais do nosso exército, e outras foram definitivamente
extintas, principalmente as de caráter tradicionalmente racistas.
O comissário de Ordem Política e Social destaca, ainda, os métodos de propaganda nazista,
como sendo “de tal maneira audaciosa e dissolvente que o lema dos teuto-brasileiros era UM
POVO, UMA VONTADE, UM ‘FUEHRER”, que atingia, segundo ele, “o espírito de todos os
descendentes de alemães por meio da cartazes e brochuras, projeções luminosas nos cinemas,
em panfletos, bandeiras e outros múltiplos recursos”, o que “havia de culminar com a
germanização do sul do Brasil”.
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“CONSPIRAÇÃO NAZISTA CONTRA TODO O CONTINENTE”: em letras muito
destacadas, a frase abria o jornal Diário da Noite, no dia 3 de junho de 1943 e anunciava “Em
breve, no Rio, uma grande exposição do material de propaganda nazista, no Brasil” (Fig. 3).
A imagem fotográfica utilizada nesta reportagem de capa destaque a livros,
especialmente livros didáticos, utilizados nas escolas alemãs e recolhidos na campanha de
nacionalização. Ao subintitular como Falsos sacerdotes para envenenar a juventude”, denuncia
que a escolarização dos filhos dos imigrantes havia, por largo tempo, sido feita por professores
de origem e língua materna, e professavam o ideário de suas pátrias. Desde 1938, com o Estado
Novo, mulheres professoras de Santa Catarina foram chamadas para a ‘missão patriótica’ de
abrasileirar as crianças e ensinar a língua nacional. As professoras se deslocavam do litoral do
estado para lecionar nas colônias, e enfrentaram tensões nas relações étnicas, principalmente
nas lides com a língua, já que nem os alunos sabiam o português, nem as professoras sabiam o
alemão ou italiano.
Figura 3 Conspiração contra todo o continente.
Fonte: Jornal Diário da Noite, 3.6.1943.
No Rio de Janeiro, a Exposição de Material Nazista foi inaugurada dia 27 de agosto de
1943, no edifício do Silogeo Brasileiro, a convite da “Sociedade Amigos de Alberto Torres”,
com apoio da “Liga de Defesa Nacional” e da “Sociedade Amigos da América”. No dia 28 de
agosto, o jornal O Radical, do Rio de Janeiro, informou, em matéria de capa, que “Doze mil
pessoas visitam diariamente a exposição anti-nazista”, e que exibirá “filmes anti-fascistas,
educativos e sobre o esforço de guerra da Nações Unidas”, um “serviço cinematográfico
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patrocinado pela Coordenação dos Negócios Inter-Americanos”. Em 1943, as relações entre
Brasil e Estados Unidos haviam estabelecido uma forte política da “boa vizinhança”, e de
claro alinhamento, inclusive com vantagens para o Brasil. No cenário latino-americano, o Brasil
obteve empréstimos e financiamentos para a construção da Companhia Siderúrgica Nacional
de Volta Redonda e para reforçar as Forças Armadas Brasileiras, o que lhe deu certa
superioridade entre as nações do Cone Sul (PRADO, 1995). Ainda, organizou e enviou tropas
para a Itália, através da Força Expedicionária Brasileira, para lutar contra o Eixo, o que
evidencia os esforços da Coordenação dos Negócios Inter-Americanos para as relações
econômicas internacionais e a economia do Brasil, evidentemente com benefícios imensos para
os estadunidenses.
Conforme o Censo de 1940, a população do município do Rio de Janeiro era de
1.764.141, e, sendo a capital do país, é possível que muitas pessoas realmente visitassem a
exposição. Segundo a matéria, “A exposição tem sido visitada por grande massa popular,
calculando-se uma média de 12 mil visitantes por dia. Na tarde de ontem, além de inúmeros
estabelecimentos de ensino, realizou-se a visita de uma grande delegação do Esquadrão de
Vigilantes do Ar”.
Como ocorreu em Florianópolis, também em São Paulo e no Rio de Janeiro escolas
levavam seus alunos a estas visitas, do que se depreende um esforço em incitar as crianças e os
jovens ao patriotismo. O jornal informava que a exposição “fica aberta diariamente, inclusive,
aos domingos e feriados, desde as 10 horas, encerrado o expediente às 22 horas, até o dia 22 de
setembro”. Nos dias em que a exposição foi exibida no Rio de Janeiro, a Liga da Defesa
Nacional organizou serviços de alto-falante que, no intervalo de cada trinta minutos, irradiava
frases como estas:
BRASILEIROS. O material exposto pela Polícia Catarinense, mostra que a quinta
coluna tinha um punhal traiçoeiro, erguido contra o coração de nossa Pátria.
O material exposto pela Polícia de Santa Catarina, é uma clarinada estridente aos
ouvidos dos brasileiros, alertando-os a manterem-se unidos em defesa da PÁTRIA.
Procurando solapar os alicerces da nossa Pátria imortal, os déspotas e tiranos nazi-
fascistas criaram aqui a quinta coluna. Em Santa Catarina o Povo, auxiliado pela sua
brava Polícia, mostrou o seu amor pela liberdade, esmagando-a.
BRASILEIROS. Que a obra nefasta dos inimigos da Pátria que esta exposição revela,
vos sirva de aviso para que estejais cada vez mais vigilantes.
8
(Grifos no original).
As frases são contundentes, sendo possível afirmar terem sido elaboradas para tocar os
corações dos visitantes e, à medida em que denunciam os perigos de uma invasão, implícitos
nas seguintes palavras: “[...] sirva de aviso para que estejais cada vez mais vigilantes”. Um dos
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mais importantes jornais do país na época, O Globo, na edição de 23 de agosto de 1943, em
matéria sobre a exposição, divulgou uma fotografia que intitula de “A BANDEIRA NAZISTA
COMO TAPETE”, como podemos observar na imagem acima (Fig. 4).
A imagem é emblemática, e destaca:
Estes homens oficiais e sargentos do Exército do Tio Sam, populares e jornalistas
dirigem-se ao recinto da Exposição Anti-Nazista, instalada no Edifício do Silogeu. Logo
à entrada, um tapete para limpar os sapatos enlameados nestes dias de chuva: uma
bandeira nazista aberta, de um a outro lado da porta (O GLOBO, 23.8.1943).
Figura 4 A bandeira nazista como tapete.
Fonte: Jornal O Globo, 23/8/1943.
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São oficiais do exército estadunidense que, numa clara demonstração de poder;
humilham partidários do Eixo, pisoteando a suástica com lama do solo brasileiro. Muitos
sentidos podem ser imaginados para esta imagem.
A exposição, com os objetos recolhidos durante a campanha de nacionalização forçada,
somente foi possível com as apreensões realizadas pelo aparato policial organizado pela
Secretaria de Segurança Pública e da Delegacia de Ordem Política e Social/Secção da Ordem
Política e Social (Dops), em posições de hierarquia e ramificações. A interventoria, através do
interventor federal Nereu Ramos, era respaldada pelos ministérios da Justiça, Exército, Marinha
e Aeronáutica, tendo, portanto, recebido reforços tanto em homens quanto em armamento. Com
isso, fortaleceu a Secretaria de Segurança Pública e seus departamentos. No que tange ao
interventor Nereu Ramos, seu engajamento no processo de nacionalização e sua pouca simpatia
pelos teuto-brasileiros tornavam-no imprescindível à repressão estatal, positivamente
reconhecido na política nacional, e pela imprensa que apoiava as medidas governamentais.
Nereu Ramos era descrito pelo jornal Nova Era, de Rio do Sul, Santa Catarina, em 15
de agosto de 1943, como “um vanguardeiro da repressão anti-nazista no cenário brasileiro”,
como alguém que, “propugnando pela liberdade de ação, nunca deu trégua ao nazismo em terras
catarinenses, procurando debelar esse mal que tantos dissabores futuros nos iriam acarretar” e
que sua “luta contra o nazismo em Santa Catarina’, e contra “o fascismo internacional”, lhe
rendeu as láureas mais proeminentes da campanha efetivada no Brasil.
João Kuhene era chefe do Serviço de Ordem Política e Social em Santa Catarina (Dops)
e foi um dos principais responsáveis pelo recolhimento dos materiais, montagem da exposição,
bem como pela guarda de uma série de fotografias quando de sua edição em Florianópolis. Com
este material, foram confeccionados: um álbum com colagens de recortes de jornais locais,
regionais e de outros estados; o convite para a exposição; informes do Departamento de
Imprensa e Propaganda (DIP)
9
. Em posse da família Kuehne, era provável que tivesse sido
produzido pelo próprio João Kuehne.
Figura 5 - Fotografia do Álbum, sem a capa.
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Fonte: Acervo: Marlene de Fáveri.
Os recortes e imagens estão colados em folhas brancas, dispostos de maneira irregular,
num conjunto de 63 folhas em formato retangular, nas dimensões de 50x35 cm. As folhas foram
encadernadas a partir de uma borda em que estavam afixadas, através de dois orifícios, a uma
capa de madeira, destruída por cupins
10
. Não elementos que revelem alguma lógica temporal;
nas primeiras ginas estão dispostas fotografias da exposição feita em Florianópolis; nas
seguintes, aparecem coladas muitas matérias e reportagens de jornais, e documentos do
Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP).
Percebe-se que foi montado depois da exposição feita no Rio de Janeiro em agosto de
1943, a considerar pelas datas das notícias que nele aparecem. O álbum, sem a capa, está em
condições precárias, como se pode notar na imagem acima (Fig. 5).
Todo documento tem um tempo e um local de produção, intencionalidade. Enquanto
memória, ou foi feito para ser guardado ou para transmitir. Relativamente a este caso em
particular, pode-se perguntar: por que aquelas imagens e recortes foram selecionados, e não
outros? Jacques Le Goff mostra que todo documento é resultado de uma “montagem, consciente
ou inconsciente, da história, da época, da sociedade que o produziram, mas também das épocas
sucessivas durante as quais continuou a viver, talvez esquecido, durante as quais continuou a
ser manipulado, ainda que pelo silêncio” (1992, p. 536). Para o historiador:
O documento não é qualquer coisa que fica por conta do passado; é um produto da
sociedade que o fabricou segundo as relações de forças que detinham o poder” [...]
“só a análise do documento enquanto monumento permite à memória coletiva recuperá-
lo e ao historiador usá-lo cientificamente, isto é, com pleno conhecimento de causa (LE
GOFF, 1992, p. 545).
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Este álbum tem materialidade; foi produzindo com intenções de perpetuar uma
determinada memória dos acontecimentos. Não nenhuma matéria sobre como a população
tenha vivenciado a repressão na ótica de pessoas que a sofreram, o que é compreensível, dado
o objetivo laudatório de documentar a exposição e os relatos sobre ela.
As fotografias, num total de 12 e dispostas nas quatro primeiras páginas, foram
impressas em papel especial, que possibilita uma maior durabilidade. Pelo que podemos
constatar, tecnologia avançada de produção de imagens para a época. Sabemos que, se o
instante da produção da fotografia não capta a realidade tal como é, a montagem e os objetivos
das imagens da exposição conseguem passar a ideia do sentido da realidade que se pretendia
informar à população. Elas mostram, de diversos ângulos, a exposição em Florianópolis, como
se pode ver na foto a seguir (Fig. 6).
Figura 6: Fotografia da Exposição de Material Nazista em Florianópolis.
Fonte: Acervo: Marlene de Fáveri.
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Figura 7: Fotografia da Exposição de Material Nazista em Florianópolis.
Fonte: Acervo: Marlene de Fáveri.
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Figura 8: Fotografias coladas no álbum da Exposição de Material Nazista em Florianópolis.
Fonte: Acervo: Marlene de Fáveri.
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Figura 9: Fotografias coladas no álbum da Exposição de Material Nazista em Florianópolis.
Fonte: Acervo: Marlene de Fáveri.
É perceptível a organização da exposição, com espaços para os visitantes circularem
entre os objetos, o que sugere um cuidado com a intenção de oferecer um panorama amplo dos
materiais recolhidos, evidentemente para tocar o sentido dos visitantes e formar imaginários de
temor por aqueles que naquele momento eram considerados inimigos da pátria brasileira.
Abrindo o álbum, o primeiro impacto que se sofre é o das fotografias, que abarcam o maior
número possível de objetos, notadamente materiais didáticos, suásticas, armas, panfletos, com
bandeiras de suásticas em destaque, flâmulas, fotografias de líderes nazistas, fotografias de
Hitler, dentre outros. Pensada para guardar uma determinada memória da nacionalização e da
campanha promovida pelo Polícia Política, os símbolos retratados tinham a intenção de evocar
significados em quem os viesse a folhear, naquele momento ou no futuro, por se tratar de um
documento/monumento que não deixaria o observador passivo. Nas análises de Ana Maria
Mauad:
Nunca ficamos passivos diante de uma fotografia: ela incita nossa imaginação, nos faz
pensar sobre o passado, a partir do dado de materialidade que persiste na imagem. Um
indício, um fantasma, talvez uma ilusão que, em certo momento da história, deixou sua
marca registrada, numa superfície sensível [...] (MAUAD, 1996, p. 15).
A Exposição de Material Nazista, produzida em Santa Catarina e depois montada nas
cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, está ligada à história política do Brasil, no contexto da
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campanha de nacionalização, num momento histórico de tensões que acabaram levando o Brasil
a entrar na guerra. A exposição foi possível como resultado dos esforços dos governantes
em reprimir as populações ítalo-germânicas em Santa Catarina, conectada aos acontecimentos
internos, bem como às relações internacionais de uma guerra mundial que colocava em lados
opostos partidários do Eixo e dos Aliados. Adquiriu caráter simbólico, devidamente captado
pela imprensa, tornando-se símbolo da luta patriótica contra o perigo nazista, ao mesmo tempo
em que exaltava as ações da Polícia Política, o que se comprova por seu teor em tom laudatório.
A guerra, ou o palco das batalhas, aconteceu no além-mar, mas respingou forte nas áreas
de colonização por imigrantes ligados aos países do Eixo. Essas famílias foram desestruturadas
por prisões, desemprego, extorsões, desapropriações, perda de objetos de valor afetivo,
recolhidos, não raro, com violência, pelos batalhões de infantaria e soldados preparados para
exterminar quaisquer artefatos que lembrassem os países de origem. Se a maioria da população
alvo das políticas repressivas não se encaixava nos conceitos de traidores da pátria, ou “quintas-
colunas”, havia quem espionasse os que professassem ideias nazifascistas, racistas, xenófobas.
A exposição documentou uma face das estratégias da guerra interna, mas que refletia as
decisões da política externa e as relações internacionais.
Hoje, 74 anos após o final da Segunda Guerra Mundial, os esforços para eliminar as
práticas fascistas na quase totalidade das as nações cujas populações sofreram os impactos da
guerra, são visíveis. Entretanto, aquelas ideias não foram de todo extirpadas. Manifestam-se na
intolerância para com as populações negras, indígenas, homossexuais, mulheres, em
movimentos neonazistas que proliferam. Apareceram, inclusive, em manifestações durante as
eleições do governante do Brasil, quando adeptos das ideias de eugenia se apresentaram com
suásticas tatuadas. Em 1997, com a Lei 9.459, passaram a ser crime, no Brasil, manifestações
de cunho nazista, conforme consta em seu parágrafo primeiro: “§ - Fabricar, comercializar,
distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem
a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo”. Mesmo assim, ainda são
recorrentes manifestações dessa natureza. Nos tempos atuais, a intolerância e o ódio estão
visíveis na sociedade.
A Exposição de Material Nazista foi um acontecimento em seu tempo e espaço, nas teias
das relações internacionais que promoveram uma guerra mundial. Fez promover as forças da
Polícia Política e a imagem dos governantes. Os acontecimentos registrados durante a
campanha de nacionalização - recolhimento de objetos, montagem da Exposição, seleção de
matérias da imprensa, a montagem do álbum fazem parte da memória histórica, das
representações de mundo, e dos acontecimentos de sua época.
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No contexto da Segunda Guerra Mundial, como nos tempos atuais, evidenciam-se
disputas de narrativas com os movimentos democráticos pelo controle estratégico do mundo, e
que têm revelado a persistência de uma cultura política de intolerância. A existência de um
protofascismo na realidade brasileira, que se manifesta de forma especial nas manifestações de
rua, bem como entre integrantes da esfera do poder político, pedindo o retorno de um
regime autoritário e o fim das instituições democráticas, revela que o fantasma do fascismo
continua rondando no cotidiano. Um tempo mais que presente no qual a violência alçada nas
ideias fascistas reverbera, incontingente, reforçando autoritarismos, protofascismos; numa
sociedade de exclusões inerentes ao capitalismo em sua fase de esgarçamento. Mia Couto
resume o que vivemos: “Em tempos de horror, escolhemos monstros para nos proteger”.
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Recebido em 27/04/2020.
Aceito em 28/05/2020.
1
Diário Oficial da União, em 12 de setembro de 1936. Ver ALVES, Paulo, 1993, p. 253-271.
2
Nota anexa ao álbum memorialístico da Exposição.
3
Jornal A Criança Brasileira, 4 e 5, a. 1, 1942. Florianópolis.
4
Ofício Gab./969, de Etelvito Campelo D’Araújo, diretor da Penitenciária do Estado, a Ivo D’Aquino,secretário
do Interior e da Justiça, em 24 de julho de 1941, sobre a criação da Penitenciária Agrícola da Trindade, “visando
a reeducação profissional dos sentenciados e ao cultivo em larga escala de legumes e hortaliças para o consumo
do estabelecimento [...].” Ofícios Recebidos da Penitenciária do Estado 1942. Palácio do Governo. APESC. Ver
FAVERI, 2004, p. 219.
5
SILVA, Emiliana B., 74 anos. Depoimento concedido em 29 de julho de 2000. Estreito, Florianópolis. In:
FÁVERI, 2004.
6
A Sociedade Amigos da América foi fundada no dia 7 de janeiro de 1943 como entidade de caráter nacional,
voltada para o entrelaçamento dos países americanos e a luta contra o nazi-fascismo; à frente, militares,
intelectuais, estudantes, comunistas, etc. (FALCÃO, 1999, p. 165-166).
7
Processo-crime n. 3.307 Hans Walter Taggesell (Apelação n. 1.640). Fichário: Santa Catarina. Tribunal de
Segurança Nacional. Arquivo Nacional, Rio de Janeiro. Da página 5 à 107 do processo, estão as cartas em alemão;
da página 108 à 124, as traduções para o português (FAVERI, 2004).
8
Documento colado no Álbum Comemorativo da Exposição.
9
Órgão criado em 1939, durante o governo de Getúlio Vargas e o Estado Novo, tinha como principais atribuições
cuidar da censura e da propaganda. Foi extinto em 1945, com o fim do Estado Novo. Ver PANDOLFI, 1999, p.
167-178.
10
Este álbum me foi ofertado juntamente com uma primeira edição do livro Um punhal Nazista no coração do
Brasil, de 2000, por Mário Kuhene, filho de João Kuhene, então aluno do curso de História da Udesc. Será
destinado ao acervo do Instituto de Documentação e Investigação em Ciências Humanas IDCH/UDESC.